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terça-feira, 9 de abril de 2013

Hipótese dos Mercados (in)Eficientes – parte 1/2


Fala, galera! Tudo na paz? Ando meio sem criatividade e tempo para postar, mas resolvi voltar com um assunto tido como polêmico no meio acadêmico: os mercados eficientes.
A HME (Hipótese dos Mercados Eficientes) é largamente discutida em todas as áreas, mas a validade ou não dela é o que realmente importa, pois isso irá decidir qual rumo tomar nos investimentos.
Gostaria de discutir um pouco sobre ela. Vamos lá!

A ideia é de que os preços dos ativos já refletem toda e qualquer informação disponível. Assim sendo, o ativo vale o preço que está sendo negociado, o que impossibilitaria a qualquer investidor ter algum ganho acima da média. Esta teoria foi introduzida por Fama & French em 1970.
Entenda da seguinte maneira: um título de renda fixa com valor de face 1.000 e que valorize a 10%aa durante cinco anos, deveria valer no mercado 1000/(1,1^5), o que dá 620,92.
Veja bem: não é porque o ativo está corretamente precificado que você não possa ganhar dinheiro com ele!
Na hipótese dos mercados eficientes, este título estaria valendo SEMPRE o teórico. E isso realmente ocorre no mercado de renda fixa. Mais ou menos (e já veremos).
Com ativos de renda variável, é mais complicado, mas a ideia é a mesma. Se um ativo irá dar um retorno de X para um investidor qualquer, então ele deveria ter o preço de X.
Vamos seguir. Fama postou que existiriam três formas de eficiência, a saber:
- Eficiência Fraca: os preços refletem toda informação contida nos preços e registros passados.
- Eficiência Semi-forte: os preços refletem toda informação passada e também o restante da informação publicada, como editais, novos contratos, dividendos e etc.
- Eficiência Forte: os preços refletem tudo, as informações públicas e inclusive as informações tidas como sigilosas.
Também foram feitas algumas considerações, que seriam suficientes, mas não necessárias, para qualquer uma das formas:
1) Inexistência de custos de transação
2) Toda informação está disponível a custo zero a todos os participantes do mercado
3) Todos concordam quanto aos efeitos das informações nos preços atuais dos ativos, assim como em suas distribuições futuras
Em sua tese, foram utilizados modelos matemáticas e números reais, para tentar validar esse modelo nas décadas de 70 e 80. Houve uma época em que a teoria era largamente aceita, mas hoje em dia está totalmente em xeque.
O calcanhar de Aquiles dela é justamente a 3ª condição acima. É a ideia de considerar o investidor como racional e que ele toma sempre a melhor decisão.
E isso, já é sabido que é totalmente falso. O investidor racional existe, mas não está presente 100% do tempo no mercado. E, em momentos de crise/euforia ele parece desaparecer por completo. Não à toa, a área crescente é a de Finanças Comportamentais, que procura estudar o "investidor homem", aquele que está longe de ser o investidor racional.
Além disso, esta 3ª hipótese vai contra algo simples: como a informação é processada pelo investidor.
Os seres humanos são diferentes, possuem culturas diferentes, criações diferentes, vivências diferentes. E isso afeta suas decisões no dia-a-dia, inclusive as de investimentos. Então, considerar que uma mesma informação será processada de maneira exatamente igual por todos os investidores é, no mínimo, inocência.
A assimetria da informação está presente o tempo inteiro e, ela por si só, já é mais do que suficiente para derrubar toda a Hipótese dos Mercados Eficientes, afinal de contas, se as informações são processadas de maneira diferente, então, é praticamente impossível que se chegue a mesma conclusão do preço do ativo. E se existem vários preços diferentes, então a teoria vai por água abaixo.
“Tá, Márcio, mas e na prática?”
Bom, se você acredita na HME, deve investir nos fundos de índices (ETF’s). Se eles refletem a média do mercado e na média ninguém irá vencer o mercado, então é desnecessário investir em fundos que não o seguem ou investir individualmente.
Porém, se você acredita que a HME é inválida, há uma chance de você bater o mercado.
E não me venha com o a argumento de que “Na média os investidores bem sucedidos irão anular os mal sucedidos e tudo vai ficar na média.”
Primeiramente, falar isso assim é, no mínimo, incauto. Você não sabe quantos são os realmente bem sucedidos nem os mal sucedidos e muito menos os retornos obtidos por eles, então não pode ser feita esta afirmação. Em segundo lugar, quem disse que a média dos investidores pessoa física será igual à média dos ETF’s? Além disso, não está levando em consideração as diferentes estratégias utilizadas por cada um...
Não vou me alongar aqui, mas na próxima parte irei falar sobre risco e assimetria da informação.
E você, o que acha? Possui mais informações sobre o assunto? Utilize os comentários!
Abraços a todos!

4 comentários:

  1. Acho esse assunto extremamente interessante, mas duvido da eficiência dos mercados, justamente pelo fator humano. Em qualquer fórum da pra ver o quanto há de divergência de opiniões por pessoas que utilizam-se do mesmo método de avaliação. O post ficou muito interessante e é sempre bacana estudar sobre isso!
    Abraços!

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    Respostas
    1. Fala, Thales!

      Tb não concordo, mas tem gente que jura de pé junto! rsrsrs

      []s!

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  2. Muito bom esse assunto! Eu fico com o posicionamento do Oráculo de Omaha, que cunhou a genial frase que ilustra o título de seu blog.

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    Respostas
    1. Pois é, já entreguei minha opinião no título, mas é sempre válido discorrer sobre o assunto!

      []s!

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