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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

B&H e Venda Coberta – estratégias incoerentes

Fala, galera, tudo certo? O tema que hoje quero abordar já comentei outras vezes por aqui, mas senti que a ideia não ficou muito bem solidificada, então resolvi fazer um texto mais longo e detalhado. O título está propositalmente colocado de forma para realmente chamar a atenção e acabarmos de uma vez por todas com esta confusão.
Tentarei, através deste texto, mostrar para vocês como é incoerente realizar a estratégia de Venda Coberta em conjunto com a estratégia de Buy & Hold (ou seja, usando o mesmo ativo do B&H para realizar a VC).

Adianto que o texto está bem longo, mas é porque percebi pelas discussões que vi pela blogosfera que o não entendimento da coisa se dá devido a uma confusão entre certos conceitos importantes.
Antes de tudo, para que não haja confusão com o texto, precisamos definir algumas coisas. E as definições importantes para este texto são: Investimento, Buy & Hold, Venda Coberta.
O que é Investimento?
Para os Economistas em geral, investimento é quando você utiliza seu dinheiro em bens de capital (ou seja, máquinas, equipamentos, etc) que irão trazer algum tipo de produção e irá trazer um retorno financeiro no dinheiro que foi utilizado para a compra dos ativos. Ou seja, apesar de ser corrente utilizar a palavra “investir” no mundo financeiro, ela não se aplica. Investir é utilizar o dinheiro em bens de capital. Quando falamos de compras de títulos, ações e etc, o correto é falar em aplicações financeiras. Ou seja, quando você compra um forno novo para a sua padaria, está investindo. Quando compra ações da padaria, está aplicando (financeiramente). Mas para não ficar confuso, irei usar ao longo do texto a notação mais usual mesmo, ou seja, investidor (apenas não esqueça que ele apenas faz aplicações financeiras).
Ambas as modalidades de “investimentos” possuem um único objetivo: trazer retorno financeiro (lucros, juros, dividendos) sobre o capital inicial. Isto é muito, mas muito importante de estar fixado. Pode parecer um conceito simples, mas, aparentemente, não é. A confusão sobre ele é tremenda e, por isso, comecei com ele.
Ou seja, qual o OBJETIVO do investidor? Receber seu dinheiro de volta, corrigido por com juros, dividendos, etc. Ou seja, ele precisa ter de volta o dinheiro inicial (chamado de principal) e mais alguma coisa. Entendido isto, sigamos.
O Mercado Financeiro é apenas uma estrutura gigante que faz a ponte entre pessoas que estão precisando de dinheiro (agentes deficitários) com pessoas que estão com dinheiro sobrando (agentes superavitários). Ele engloba tudo que é considerado ativo financeiro (títulos do governo, ações, debêntures, swaps, derivativos, etc).
Quem somos nós, pequenos investidores? Somos os agentes superavitários. Se você está deste lado, parabéns, pois está melhor financeiramente do que muita gente. De qualquer maneira, não percamos nosso foco. Se somos os agentes superavitários, então seremos aqueles que iremos fazer aplicações financeiras. E qual o nosso objetivo mesmo? Receber nosso dinheiro inicial de volta mais algum junto (juros, dividendos, por exemplo).
O Mercado de Ações é apenas um dentre os vários mercados de títulos financeiros. Ao buscar este mercado para fazer aplicações o investidor se depara com um verdadeiro mundo de opções e possibilidades. São incontáveis estratégias de investimentos, algumas estudadas à exaustão, outras nem tanto. Dentre uma das estratégias de investimento, uma é muito famosa (e, entendo, a menos compreendida). É o Buy & Hold (comprar e segurar). E precisamos definir o que ele é.
Mas antes disso, algo que causa EXTREMA confusão também precisa ser explicitado. Não podemos confundir, em hipótese alguma, Objetivo com Estratégia. Objetivo é a meta. Estratégia é o caminho escolhido para atingir a meta. Apesar de serem coisas completamente diferentes, vejo muita confusão entre ambas.
Exemplo: Você está no Rio de Janeiro e tem como objetivo chegar a Curitiba.
Sua meta: ir para Curitiba.
Estratégia? Várias. Você pode ir andando. Pode ir de bicicleta. Pode ir pedindo carona. Pode comprar uma passagem de ônibus. Pode comprar um carro e ir dirigindo sozinho. Pode alugar um carro e ir dirigindo. Pode contratar um serviço de mudança e ir junto (pode? rs). Pode comprar uma passagem de avião comercial. Helicóptero talvez? Ou carona com a FAB? Ou ainda um táxi aéreo?
Todas as estratégias acima apresentam vantagens e desvantagens umas às outras. O que o nosso amigo precisa definir o que se adéqua à realidade dele e o que ele julga ter para si o melhor custo benefício. Mas uma coisa é imutável: ele chegar a Curitiba.
Voltando ao Mercado de Ações. Ao definir uma estratégia, como o B&H, neste mercado seu objetivo é qual mesmo? Receber o capital inicial (principal) e mais alguma coisa. Acho que já tinha dito isso, né? :-p
Já escrevi bastante e nem comecei o assunto do título, mas é porque tudo que escrevi acima é um dos grandes problema da estratégia da “Venda Coberta com B&H”, como vocês verão à frente.
O que é Buy and Hold (B&H) ?
Não encontrei uma definição acadêmica, por assim dizer, da estratégia B&H. Mas achei a definição abaixo, a qual julgo ótima e acho difícil alguém discordar:
Definition: Buy and hold is an investment strategy that is applied by buying investment securities and holding them for long periods of time because the investor believes that long-term returns can be reasonable despite the volatility characteristic of short-term periods. (...)
Em termos práticos, é a estratégia onde você compra o ativo e fica com ele durante muito tempo. O que está realmente por trás desta estratégia é que as ações, assim como toda aplicação financeira, possuem um lastro real. Neste caso, são as empresas as quais representam. Se a empresa der bons resultados, irá dar mais lucro. Dando mais lucro, é de se esperar que distribua mais dividendos. Distribuindo mais dividendos, tendem a tornar suas ações mais valiosas. Há o caso de empresas que não distribuem dividendos, mas não é o caso de explicar aqui. O que importa é que o raciocínio não muda muito e, sem perda de generalidade, não afeta o raciocínio aqui discutido, que é sobre a "Venda Coberta com B&H".
Ou seja, o B&H é uma estratégia que visa, através do Mercado de Ações, atingir o objetivo: a valorização do principal e mais algum (juros, dividendos).
Vocês talvez tenham ouvido coisas como "o objetivo é acumular o maior número de ações" ou coisas do gênero. Admito: já devo ter falado isso por aí. Mas é uma besteira. Isto foi antes que eu pudesse compreender melhor o mercado financeiro, principalmente o mercado de ações. O acúmulo de ações é um meio para aumentar o patrimônio e não o fim. Por favor, não confundam isso! Essa diferença faz toda diferença!
Definidos estes conceitos, vamos à Venda Coberta. Novamente, preciso colocar importantes definições à frente.
Se o Mercado de Ações é complicado, o de Opções então é muito mais. Opções são derivativos financeiros, onde o ativo-objeto são normalmente ações (que é o nosso caso em específico). Derivativos são contratos que se movimentam de acordo com alguma regra, que está sempre atrelada ao valor de um ativo real. No caso, estamos falando de opções sobre ações. Existem opções sobre câmbio, opções sobre swaps (swaptions), etc.
Primeiro vamos diferenciar aqui o que chamo de “Venda Coberta” e “Venda Coberta com B&H”.
Já falei sobre a estratégia da Venda Coberta neste link, onde você pode conferir. Aqui irei trabalhar alguns outros conceitos. Esta estratégia nas gringas é chamada de covered call.
As opções utilizadas para realizar a estratégia da venda coberta são chamadas Opções de Compra. As Opções de Compra (também chamadas de calls) permitem ao seu comprador que ele tenha o direito de comprar as ações do ativo-objeto por um determinado preço em/até uma determinada data. Após tal data elas perdem o valor e expiram. Bem mais complicado que as ações, né? Pois é.
Uma coisa importante sobre as opções, sejam as de compra (calls) ou as de venda (puts), é a seguinte: o comprador adquire um direito e o vendedor assume uma obrigação. Qual direito/obrigação é esta? Vender/comprar o ativo-objeto pelo preço estabelecido pela opção (chamado de strike). Não vou aqui entrar aqui nos meandros das opções, mas elas são instrumentos financeiros que permitem operações muito mais seguras, pois funcionam como seguros, transferindo o risco para outra parte.
Como assim? Por exemplo, quando você faz um seguro de carro, você paga um pequeno valor (em relação ao valor total do carro) e transfere o risco de perder o carro (que possui um valor financeiro considerável) para a outra parte. Ou seja, você paga um pouco a mais para, caso algo dê errado, a outra parte pague o carro para você. Lembrando que os seguros possuem prazo para vencimento. O fato é que o risco de perder o dinheiro que está “no carro” passa para a seguradora.
Com opções é a mesmíssima coisa. Só que mais complicadas, as quais não valem a pena citar aqui. Mas uma parte importante eu já mencionei e irei repetir: vendedor assume a obrigação de vender o seu ativo-objeto por um preço pré-acordado anteriormente até a data do vencimento.
O que é Venda Coberta?
A Venda Coberta é uma operação que consiste na utilização de dois instrumentos financeiros: as ações e as opções. A operação consiste em comprar ações de um ativo e vender opções de compra deste mesmo ativo.
Na prática, o que o investidor está fazendo ao realizar esta operação? Ele está comprando ativos e, imediatamente, está assumindo a obrigação de vender o ativo por determinado preço (strike) para o comprador das opções.
Você pode estar se perguntando: “Ué, mas por que diabos o investidor faria isso?”. Respondo com uma pergunta: qual é mesmo o objetivo do investidor? Receber o capital inicial (principal) e mais alguma coisa. A Venda Coberta nada mais é do que uma estratégia do mercado financeiro com esta finalidade. Qual a principal diferença entre fazer a Venda Coberta ou simplesmente comprar as ações? Abaixo o gráfico de lucro da operação na data do vencimento das opções:
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Ou seja, a na Venda Coberta o lucro do investidor fica limitado a um valor máximo, enquanto o prejuízo é parcialmente mitigado no caso de quedas. A famosa relação de Risco x Retorno. A Venda Coberta é uma operação de menor risco e, consequentemente, com probabilidade de menor retorno em comparação à compra do ativo apenas.
Bom, isto encerra as definições formais das quais vocês podem utilizar sempre e a qualquer momento no mercado financeiro.
Mas ainda falta uma definição. Falei que tinha que diferenciar as vendas cobertas. Vejamos agora o que é a “Venda Coberta com B&H”.
No site do Bastter esta operação é apresentada como Venda Coberta de Remuneração.
Abaixo um print retirado de seu site:
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Destaco logo de cara o objetivo:
“Venda Coberta de Remuneração, o objetivo é apenas comprar mais ações com a venda de opções sobre a carteira de ações.”
Por ser uma operação antiga e a este tipo de confusão ocorrer sempre aos leigos, não duvido que seja fácil encontrar vários sites gringos com esta mesma técnica. Quem souber, favor divulgar aqui.
Bom, se você entendeu bem a ideia do texto até aqui, então eu simplesmente poderia parar por aqui. Ele deixa bem explícito que o objetivo é comprar mais ações. E já mostrei acima que isto não é objetivo de investidor nenhum. Isso por si só já seria suficiente. Mas existem muitos outros furos na “estratégia”.
Mas sejamos justos: esta “estratégia” realmente poderá deixar o investidor com mais ações. O problema é que isso só ocorrerá, se e somente se, ele ficar mais pobre. Você quer ter uma montanha de nada ou um punhado de algo? Já mostrei isso neste post.
Se você, por algum motivo estranho, ainda acha que seu objetivo deva ser acumular mais ações ao invés de aumentar seu patrimônio, então "OK".
Mas se o o seu objetivo é como o da maioria, que é preservar e eventualmente aumentar o seu patrimônio, então sugiro que continue lendo para perceber os vários erros que estão embutidos nesta estratégia.
Sendo um pouco mais prático, a estratégia consiste em vender calls com strikes altos.
Por quê? Lembrando: o comprador tem direito de comprar a opção pelo valor do strike. Assim, para que o vendedor seja obrigado a entregar as ações, isto, normalmente, só ocorrerá se o ativo-objetivo estiver acima do strike. Não é difícil de ver: por que o comprador vai comprar o ativo-objeto do vendedor da opção por, por exemplo, 30/ação, se no mercado está sendo negociado a 25/ação? Lembre-se: o comprador possui direito, não obrigação. Quem possui obrigação é o vendedor! (no caso, quem está montando a operação da venda coberta).
Neste caso, o comprador ficou com o prejuízo (sua opção expirou, dizemos que “virou pó”). Como ela expirou, o vendedor da opção fica com todo o prêmio (o preço pelo qual a opção foi vendida). Esta estratégia da “Venda Coberta do Bastter” é TODA baseada nisso: de que o ativo-objetivo não subirá até atingir o strike até o vencimento da call.
Olhando aqui agora no site do próprio Bastter e usando os próprios critérios criados por ele, temos como opções a serem vendidas para esta operação, por exemplo, a L7 (0,30/opção) ou a L8 (0,16/opção). Em ambos os casos, o investidor que estaria montando a venda coberta só precisaria entregar o ativo ao comprador se o ativo-objeto (no caso, as ações da PETR4) subisse 10,62% ou 17,46%, respectivamente, até o vencimento, que no caso é dia 15/12/2014. (peguei estes dados no dia 09/11).
São tantas inconsistências a partir daqui, que fica até complicado agora colocar. Mas vou tentar por tópicos e vários argumentos falaciosos que encontrei por aí.
- Com o passar do tempo, a opção perde valor;
A estratégia se baseia na questão de que a opção irá expirar até o vencimento. Normalmente, uma desculpa utilizada é utilização do valor extrínseco que o preço da mesma embute. Não vou nem explicar o que é isso para não confundir.
O que importa é o seguinte: o preço de uma opção é função de SEIS variáveis. São elas:
- preço do ativo-objeto;
- strike;
- volatilidade do ativo-objeto;
- taxa de juros do ativo livre de risco (cdi);
- data de vencimento;
- dividendos do ativo-objeto.
Ou seja, o preço da opção é afetado de várias maneiras. Trabalhar só com o que é proposto (preço do ativo/strike e data do vencimento) por si só já é um erro.
- A Venda Coberta é um cenário que se ganha na queda, de lado e na alta moderada;
Outro ponto “justificando” a defesa desta modalidade é de que a estratégia funciona para quedas, mercado de lado e alta moderada. Por quê? Porque nestes cenários a opção vira pó e o vendedor fica com todo o prêmio ou parte dele.
Se olharmos para o gráfico da opção apenas, realmente, isto é verdade:
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Só que isso é falacioso, pois está se esquecendo do ativo-objeto, o qual está encarteirado! Note o gráfico da venda coberta que coloquei anteriormente: a venda coberta dá uma proteção ao patrimônio apenas até uma determinada faixa. A partir dali pra baixo é prejuízo. E os cenários onde a opção vira pó serão, justamente, os cenários onde o ativo ou valorizou "pouco" ou tomou prejuízo! Lembrando, novamente, e mais uma vez de novo: o objetivo é aumentar o capital inicial!
Na verdade, como é possível ver no gráfico da Venda Coberta, o lucro máximo da operação é atingido com ativo ficando acima do strike. Ou seja, ao montar esta operação você deveria estar torcendo justamente ao contrário do que é pregado na “Venda Coberta de Remuneração”.
- Mas quando o mercado cai, posso aproveitar o dinheiro das opções para comprar as ações baratinhas. A queda é boa!
Outra falácia desta operação é que, numa queda, você fica com todo o prêmio. Assim, você está num momento de queda das ações e possui dinheiro em caixa, ou seja, o melhor dos mundos: você tem dinheiro e compra ações na baixa! Raciocínio bonito, mas sempre se esquecendo da outra ponta, a de quando dá errado. Primeiro que não é tão bonito assim, pois como mostrado no gráfico acima, se cair muito é prejuízo. Você com certeza terá mais ações, mas estará mais pobre.
Você prefere ter um pouco de ouro de verdade ou uma montanha de ouro dos tolos?
- Mas o ativo é do B&H, vai apenas ficar quieto lá na carteira;
Sugiro reler o texto. Ao vender a call, você acabou de assumir a obrigação de vender este mesmo ativo que está “quieto na carteira” para uma outra parte. Ou seja, você não possui mais o controle sobre ele. Na alta você será obrigado a entregar as ações e se quiser recomprar o ativo, terá uma quantidade inferior àquela que tinha quando montou a operação.
- No caso de alta, é só dar stop na opção, recomprando;
Não queria lhe desanimar, mas isso PIORA o resultado da operação. Abaixo são mostrados dois gráficos de lucro/prejuízo de uma operação montada faltando 40 dias para o vencimento e como o lucro desta mesma operação se daria ao longo do tempo. O segundo gráfico dá um zoom na zona mais próxima do lucro. Note que o melhor resultado será dado sempre no vencimento.

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Além disso, este gráfico mostra outro ponto interessante. Note que se o ativo ficar parado ao longo do tempo, o lucro da operação cresce (aquela ideia de deixar a opção expirar...). Mas note como a diferença é mínima próxima ao preço de onde foi montada a operação ou ainda no caso das quedas. O movimento do ativo é muito mais forte do que o fator tempo. E toda a operação é baseada neste fator de decaimento de valor no tempo. E o ativo, José? Esqueceu dele?!
Além disso, numa alta forte, o investidor é obrigado a recomprar as opções com prejuízo (ou então é obrigado a entregar as ações e, como já dito, esta é incoerência principal de fazer venda coberta com B&H).
Este prejuízo tem que ser contabilizado no custo de oportunidade! Este prejuízo que você está tomando está deixando de comprar mais ações. As assunções que valem para um lado devem valer para o outro também! E, neste ponto, como dizem alguns, realizar esta operação é “comer como uma formiguinha, cagar como um elefante”. As opções que sugere-se vender são, justamente, as que sobem, percentualmente falando, com uma força incrível quando o ativo vai para o alto (opções de alto gamma). Meses comendo migalhas com as vendas se vão em segundos com apenas uma operação.
E, pra fechar, é melhor simplesmente vender uma put a descoberto, do que comprar a ação e vender a call. O resultado financeiro bruto é idêntico e os custos são muito menores (apesar de haver diferenças tributárias).
- Na verdade, o objetivo deve ser sim acumular mais ativos, pois eles irão gerar mais dividendos no futuro;
Essa é a última desculpa, aquela do desespero. É também muito usada como defesa para estratégias B&H. Aqui é uma simples questão de análise de VPL. Ou até de maneira mais simplista: se você recebe de dividendos, por exemplo, em torno de 5%, o seu capital inicial daria pra lhe retornar este mesmo valor durante 20 anos. E antes que venham com coisas como correção de inflação, crescimento e etc, novamente: cálculo do VPL. Objetivo: retorno do principal + juros. Não importa se parcelado ou não, mas financeiramente deve ser isso. E os dividendos seriam apenas pequenas parcelas nisso tudo.
Enfim, este final ficou meio confuso, mas a culpa não é minha. A culpa é dessa grande salada vendida por aí e das suas várias incoerências. Vou tentar resumir os pontos:
- O investidor deve buscar aumentar seu capital inicial (principal).
- B&H exige acúmulo de ações, enquanto Venda Coberta prevê a entrega das ações;
- Venda Coberta é uma operação onde o lucro máximo é atingido na alta, enquanto o Bastter vende uma estratégia de que a operação ganha na queda e na alta moderada;
- Na Venda Coberta, quando o lucro máximo é atingindo, o investidor, caso queira recomprar seus ativos, ficará com menos ativos do que teria inicialmente, mas estará mais rico (patrimônio maior).
- Na Venda Coberta, quando há prejuízo, o investidor, caso compre ações com o dinheiro do prêmio ficará com mais ativos do que teria inicialmente, mas estará mais pobre (patrimônio menor).
Inclusive, eu já havia feito a simulação de várias vendas cobertas com vários ativos, que você pode conferir neste link. O exemplo de OGX é o mais emblemático: investidor atolado de ações e completamente quebrado.
O texto ficou gigante, mas acho que consegui colocar todos os pontos principais. De fato, a própria questão da entrega das ações é suficiente para caracterizar a total incoerência de utilizar a Venda Coberta com os ativos do B&H.
Abraços a todos!


24 comentários:

  1. Bondia, prófis.....

    Sumido, hem? kkk

    Ficou muito bom esse post e as críticas ao cão não extrapolam a discussão técnica.
    Rendo-me a essa sua demonstração inesperada de que vc também sabe bater sem tirar sangue.... kkkkkk

    Começar pelos pontos fortes:

    Só pelo discurso sobre objetivo versus estratégia já seria um post por si. Parece simples quando mastigadinho assim, rs. Mas se corrermos os olhos pelos blogs o que mais vemos é que na prática a maioria se confunde e muito com isso.

    Uma frase sua que demonstra um degrau acima da média quando o assunto é RV: "sempre se esquecendo da outra ponta: quando dá errado". Isso é interessante quando vc instiga alguém a falar sobre a possibilidade de algo dar errado, rs. Simplesmente não entendem que não se está afirmando que vai dar errado. Mas sim é uma pergunta: vc realmente conhece os pontos fracos ou são desconhecidos por vc? Quais as consequencias? E se acontecer qual é o plano B ou estrutura por trás pra suportar o pior resultado? Normalmente quando mais "brabos" ou ofendidos ficam, mais claro fica que estão na ignorância...

    A informação mais relevante de todas: quando vc vende uma call dando o seu ativo como garantia, vc não tem mais controle sobre o seu ativo. Só essa compreensão já é suficiente pra entender que buy&hold e venda coberta - usadas em conjunto - são contraditórias.

    Outras considerações.... rs

    A venda coberta é uma estratégia válida, desde que usada de forma coerente. Pra quem tem uma carteira muito grande pode ser usada como variações de financiamento. Tanto que essa operação tb e chamada de "financiamento". As variações podem ser entre itm, atm... Vc tanto pode querer capturar uma taxa melhor que a do mercado de renda fixa numa itm, como tb captar abaixo do custo de mercado pra financiar outras operações (buffett usa esse mecanismo). Mas esses 2 exemplos - na prática - só funcionam pra cachorro grande (acesso a outras fontes de derivativos). A discussão ou explicação vai longe...

    De fato comprar mais ações quando caem não é saudável, rs. Mas o contrário é válido: comprar mais quando sobem acima do teu custo. Se vc monta uma fence, vc não só lucra com o exercicio do ativo, como ainda recompra o seu ativo mais barato que o valor spot se alta for forte. Ou no minimo será uma operação com custo proximo de zero se o ativo ficar de lado (sem considerar variaçoes negativas do ativo, claro..). A montagem da fence é que mais se aproxima do tal buy&hold do cão sem ficar em contradição. Tb tem pontos negativos, mas não contraditórios.

    E claro bom lembrar: venda coberta é classificada como estratégia bull, ou seja, objetiva o exercício. Agora.... se o lance do cara (a escolha consciente dele) é comprar mais quando cai com algum desconto e ainda ganhando algum se estiver errado (subida do ativo), tuuudo bem, mas então o certo é vender put.



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    1. Até pensei em dividir os posts com os conceitos, mas preferi, neste caso em específico, deixar logo tudo junto. Talvez até fale novamente sobre estes conceitos, mas quis deixar aqui tudo encadeado certinho.

      []s!

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  2. Dimarcinho,

    Grande post! O seu conhecimento é muito acima da média, meus parabéns. Confesso que não entendi tudo, entretanto, pretendo estudar mais o assunto com calma.

    Abraços!

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    1. Fala, IL,

      é só uma questão de estudar de verdade e de fontes confiáveis (ou seja, acadêmicas). Com exceção dos conceitos do mercado de opções, que são mais complexos mesmo, entendo que o resto é mais simples, mas no entanto, causam confusão se não forem bem estabelecidos.

      []s!

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  3. Dimarcinho,

    Não há argumentos contra a realidade :D

    Uta!

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    1. Fala, estagiário,

      creio que a própria questão da Venda Coberta ser uma operação onde o objetivo é entregar as ações vai contra a questão a de usá-la em conjunto com o B&H.

      O problema é que insistem em dizer que a VC não é estratégia de alta...

      Enfim, procurei descosntruir os argumentos que sempre falam por aí... estou aguardando novos... rs

      []s!

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  4. Excelente texto, Dimarcinho. Estava pensando em fazer uma postagem do tipo (seria menos técnica que a sua), mas sua postagem foi sensacional.
    Acho que o que resumiria perfeitamente a abordagem de B&H + VC é uma frase que você colocou no texto: “comer como uma formiguinha, cagar como um elefante”.

    O mais engraçado é que a pessoa que propaga esta "estratégia" de B&H + VC condena fortemente qualquer forma de precificação, nem que seja uma olhadinha no P/L da empresa, sob o pretexto de ser "extremamente complicado", mas dedica parte de seu tempo em divulgar o mercado de opções (que é complicado). Isso é incoerente, a menos que ele ganhe algo com isso na venda de livros e cursos sobre VC.

    Abraços

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    1. Fala, AdP!

      Fiquei uns 4 dias seguidos tentando encadear as de ideais, dada a salada das mesmas! rsrsrs

      Quem propaga essa técnica ganha muito dinheiro com ela. E não ganha um real com técnicas de precificação. Fica fácil entender o discurso, hehehe

      []s!

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  5. I- Ativo sem VC
    -perde relativamente na baixa
    -perde relativamente na alta moderada
    -ganha relativamente na alta forte

    II- Ativo com VC
    -ganha o VE na baixa
    -ganha o VE na alta moderada
    -perde na alta forte ao recomprar a opção.

    Eis o meu tratado em defesa da VC. Se tiver menos alta forte que as outras hipóteses, eu ganho. É simples, cara.

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    1. Simples, realmente é. E o gráfico da operação não mente.

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  6. Sou um investidor iniciante e, há alguns meses, descobri o site do cachorrinho e fiquei maravilhado com sua filosofia. Parecia tudo tão simples, era só ver as empresas com números verdinhos crescentes e comprá-las, meu futuro estaria garantido. Diziam que isso era análise fundamentalista. Aprofundando meus estudos, resolvi perguntar lá sobre algumas coisas legais que estava descobrindo, como os múltiplos P/L e VPA. Tentaram me exorcizar.
    -Sócio não se preocupa com PREÇO.
    -Não se participa de IPO. É ilusão pega otário.
    -A pior coisa do mundo é procurar turnaround.
    -A cotação caiu 50%? Sócio não se preocupa com isso. Isso é tudo variação de curto prazo.
    Aos poucos fui vendo onde estava. Estava em meio a uma seita. Um grande culto que tinha um bom objetivo teórico e até fazia caridade, divulgando dados facilmente ao alcance de todos, e fazia boas ações. Mas tinham as verdades absolutas, sagradas. E essas frases acima eram os dogmas, além de outras:
    -. Não se fala de preço aqui.
    - Cotação é palavra proibida.
    - PREÇO É NA ABA TRADE (mas ninguém usa a aba trade....)
    - Preocupado com o P/L 30? Desse modo suas chances na bolsa = zero.
    - Dividendo sai do preço da ação por isso DY não SERVE PARA NADA!
    -SÓ SE ANALISA EMPRESA DEPOIS DE 5 ANOS DE BOLSA.
    Depois, descubro relances do passado do dono do cachorro e percebo que ele ficou conhecido inicialmente como operador de opções. Na internet wayback machine via-se que o forum tinha muita gente discutindo especulação.... houve uma 'conversão' do dono do cachorro? Será que ele recebeu uma mensagem divina? Ele diz que já perdeu muito, mais do que muita gente somada... O que será que houve nesse meio tempo? Estranho...

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    1. - vou me intrometer um pouco num blog alheio.O site do Bastter tem seu valor por 2 motivos:ele informa como evitar alguns erros graves de investimentos aos iniciantes (evitar o deslumbramento na bolsa, evitar micos, viver de trades, acertar a grande tacada) e também tem uma ferramenta bem útil que são os quadros (eu pessoalmente calculava tudo a mão antes de conhecer o site -mas sempre checo se estão realmente certos), mas se você quiser realmente ser bem sucedido em investimentos deve ir além do que é escrito lá e procurar crescer sozinho estudando e procurando mais recursos do que o apresentado lá (vou comparar com aprender a dirigir:ele avisa que não deve ingerir alcool antes de dirigir, usar cinto de segurança sempre e fazer manutenção do veiculo, mas isto não é tudo tampouco suficiente para você sair dirigindo mundo afora).E todos erram ao dirigir/investir durante sua vida.

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    2. Pois é, anônimo, do passado dele ele não fala...

      Boris,

      concordo contigo, o problema é que depois entra nessa seita que o anônimo falou e pronto, todo aquele trabalho inicial não serviu pra nada.... não adianta o cara lhe ensinar que fazer X é errado e depois começar a mostrar pra vc que o certo é o Y (sendo que o Y também é errado....)

      []s!

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  7. - gostei bastante do artigo DiMarcinho; muito boas as ideias e exposições apresentadas, as vezes ao investir precisamos parar um pouco, pensar e olharmos por cima de todo o processo se não estamos apresentando alguma falha/vicio(que compromete a caminhada ao objetivo final).

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    1. É isso aí, Boris!

      É bom parar pra pensar ao invés de só aceitar as ideias alheias e ponto final.

      []s!

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  8. Que post excelente DiM.
    Desde a definição de B&H até as operações com opções tudo muito claro.
    Eu não entendo praticamente nada de venda coberta e mercado de opções, opero apenas o mais conservador do mercado acionário. Mas ficou bem mais claro com esse post, e eu vou buscar me informar mais!
    Abração

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  9. Cara, você se esqueceu de dizer que o mercado é irracional a curto prazo. Na própria frase que você coloca lá em cima no título do blog o velho Buffett diz. Ele enriqueceu comprando barato ações que tinham valor, e esse "desconto" entre preço e valor só é possível devido à irracionalidade do mercado a curto prazo. Já pensou se eu te vendesse um Corolla novo a 30 mil reais? Só se eu fosse maluco!

    A venda coberta é favorecida quando o mercado anda de lado, sobe pouco ou cai. O holder, que de acordo com suas análises escolheu um ativo que tem valor, tira proveito da irracionalidade do mercado ganhando o prêmio das opções para comprar mais ações, é uma forma de juros sobre juros. Você diz que quando a venda coberta dá certo é porque o holder ficou mais pobre, devido à queda no preço da ação. Agora me diga uma coisa, o preço caindo afeta alguma coisa o balanço da empresa e a sua capacidade de gerar caixa e dar retornos aos acionistas? Não! É absolutamente o contrário a médio/longo prazo. Em cenários de queda, favoráveis à venda coberta, monetariamente falando o holder realmente receberia menos dinheiro se quisesse vender suas ações nesse exato momento. Mas como o objetivo é o longo prazo, o holder aproveita a irracionalidade do mercado (não é só a irracionalidade, ao longo dos anos crises também aparecem) para acumular patrimônio em ações, as quais estão lastreadas em uma empresa com ótimos fundamentos. No médio/longo prazo, quando os preços voltarem à máxima da "cotação segue os lucros", os ganhos são expressivos devido à maior quantidade de ações na carteira do holder, proporcionada pela venda coberta. Enfim esse é o meu ponto de vista. É a distinção entre preço e valor que é o ponto a meu ver.

    Só um adendo, é óbvio que o fundamentalista também quer auferir lucros de suas operações no final das contas. Mas como você falou, ele se utiliza de meios diferentes que o trader usa, por exemplo. Se a empresa continuar boa e fornecendo bons resultados, a cotação voltará a seguir os lucros no médio/longo prazo. O holder não se estressa porque o Soros vai desovar a ação amanhã, o papel vai desabar aí ele vende tudo em pânico. Ele faz isso porque isso não afeta os fundamentos da empresa, que de acordo com sua análise são sólidos.

    Você citou OGX no final, mas a empresa nunca se adequou nem a critérios fundamentalistas amadores. Empresas que estão realmente boas não viram pó enquanto continuarem boas.

    Já que você critica o B&H, qual a sua estratégia de investimentos? És trader?

    Enfim, aberto a discussões.

    Abraço,

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    1. Anônimo, não sou trader.

      Bom, eu gostaria de pedir desculpas. Não há absolutamente nada que eu possa adicionar ao texto que não refute o que foi colocado por você.

      O mercado pode ser irracional? Sim é verdade. Mas a operação de Venda Coberta em questão é uma operação que deveria ser feita sistematicamente ao longo de vários meses. Quer dizer então que o mercado é irracional na maior parte tempo?

      Ele pode ser sim, mas acredito que é pequenas janelas de tempo. E não todo mês pra fazer uma graninha de juros sobre juros...

      []s!

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    2. Olá, dimarcinho. Boa noite.

      É como eu disse no post, a irracionalidade tende a ocorrer no curto prazo. Depois de um tempo os preços voltam a refletir os fundamentos. O pessoal do Bastter realiza VC periodicamente porque eles operam com as probabilidades a favor deles, com probabilidade maior de acertar do que de errar ao longo do tempo, o que é muito parecido com o gerenciamento de risco de um trader que se preze. Mas eu pessoalmente não faria assim, um pouquinho de análise técnica já te diz se a tendência é de alta ou de baixa. Em tendência de alta, é mais provável que o VC não dê certo.

      Mas enfim, só quis salientar o ponto que B&H e VC a priori não são estratégias incoerentes, por causa da distinção muito clara na cabeça do Holder (deveria ser, pelo menos) entre preço e valor.

      Abraço.

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  10. Belo Post tenho a visão de que VC se perde na alta e na baixa....com chances de lucro no mercado de lado. Para mim VC é a pior operação em bolsa.

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    Respostas
    1. Se puder compartilhar no que se embasa sua visão, seria algo que agregaria a todos.

      Mas espero que não seja só um achismo.

      Sds

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  11. 15/08/2015 VC VALEI20 130.00 Excluir
    28/07/2015 VC CIELH58 380.00 Excluir
    28/07/2015 VC PETRI16 100.00 Excluir
    20/07/2015 VC BBASH28 333.00 Excluir
    20/07/2015 VC PETRH44 100.00 Excluir
    15/07/2015 VC CSNAG74 60.00 Excluir
    06/07/2015 VC ITUBH19 560.00 Excluir
    06/07/2015 Trava G13/G64 230.00 Excluir
    05/07/2015 VC PETRH16 210.00 Excluir
    02/07/2015 VC VALEH20 490.00 Excluir
    02/07/2015 Trava G64/G15 120.00 Excluir
    25/06/2015 VC VALEH22 250.00 Excluir
    24/06/2015 VC GGBRH11 130.00 Excluir
    24/06/2015 VC PETRH17 310.00 Excluir
    17/06/2015 VC BBDCG8 270.00 Excluir
    15/06/2015 VC VALEG22 280.00 Excluir
    15/06/2015 VC VALEG22 140.00 Excluir
    11/06/2015 VC PETRG66 170.00 Excluir
    02/06/2015 VC PETRG66 330.00 Excluir
    30/05/2015 VC BBASG29 360.00 Excluir
    29/05/2015 VC BBASG59 220.00 Excluir
    29/05/2015 VC BBASG59 220.00 Excluir
    28/05/2015 VC CSNAF84 80.00 Excluir
    27/05/2015 VC VALEF21 290.00 Excluir
    23/05/2015 VC BBASG31 210.00 Excluir
    22/05/2015 VC VALEG24 360.00 Excluir
    20/05/2015 VC PETRF57 120.00 Excluir
    20/05/2015 VC BBASG61 350.00 Excluir
    20/05/2015 VC PETRF57 130.00 Excluir
    19/05/2015 VC VALEF2 100.00 Excluir
    19/05/2015 VC PETRF18 90.00 Excluir
    15/05/2015 VC BBASF31 160.00 Excluir
    15/05/2015 VC BBASG65 180.00 Excluir
    Total 7.463.00
    Esse foi meu teste e agora começarei forte novamente

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    Respostas
    1. Poderia informar, por favor, quais os preços médios de compra dos ativos (VALE5, PETR4, BBDC4, CIEL3, BBAS3 e CSNA3), bem como sua respectiva posição (tamanho).

      Isso faz diferença, pois segundo meus cálculos, das datas colocadas por vc até hoje (B&H, certo?), os ativos tiveram as seguintes variações (considerando q vc reinvestiu 100% dos dividendos nos respectivos ativos):

      VALE5 > -32%
      CIEL3 > -19%
      PETR4 > 0%
      BBAS3 > -6%
      CSNA3 > +23%
      BBDC4 > 0%

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