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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Mito: você pode tornar-se Warren Buffett

Sem sombra alguma de dúvidas, Warren Buffett é considerado o Pelé dos investimentos. Ele chegou ao topo do mundo, o 1º lugar da Forbes, partindo de uma vida de classe média. E fez isso através do mercado financeiro. Seus ensinamentos foram propagados em suas famosas cartas anuais e o investidor é modelo e ícone para muitos investidores. E é inevitável notar que a grande estratégia utilizada por ele é o Buy & Hold. O problema é que o pequeno investidor acha que é só aplicar o Buy & Hold e poderá almejar resultados próximos aos de Buffett ou bons o suficientes para atingir a independência financeira. Inclusive, eu já pensei assim. Infelizmente, a realidade é bem diferente. O texto a seguir é uma tradução livre do texto original neste link. Vamos ver as diferenças entre o pequeno investidor e Buffett que, já adianto, não é só a questão da interferência direta na gestão...
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Mito#1 – Você também pode tornar-se Warren Buffett
Poucos mitos no mundo das finanças são mais perigosos do que os muitos em torno da carreira de Warren Buffett. Warren Buffett é o investidor mais respeitado e exaltado de todos os tempos.
Afinal de contas, é largamente acreditado que ele tornou-se o homem mais rico do mundo essencialmente por escolher ações (stock picking). Mas Warren Buffett é também, claramente, mal entendido pelo público geral. Pessoalmente, acredito que o mito de Warren Buffett é um dos maiores equívocos no mundo das finanças.
Para a maioria das pessoas, Warren Buffet é um velhinho, caseiro, frugal e boa praça que apenas tem um jeitinho de escolher ações. Ele trabalha duro para achar “ações de valor” e então as compra e mantém para sempre, certo? É o velho mito que se você pode comprar o que você conhece (digamos, Coca-cola, pois você gosta de Cherry Coke ou American Express, pois você gosta de cartões de crédito), vá até o Relatório Anual, “use parte da sua poupança em ações e assista seu dinheiro crescer até os céus.”
Bem, nada poderia estar mais longe da realidade, e aqui nós estamos, com uma geração inteira que acredita que as abordagens simplistas de investimento em valor (value investing) ou Buy & Hold são as únicas e melhores maneiras de acumular riqueza no mercado. Contrariando o mito popular, Warren Buffett é um empresário extremamente sofisticado. Buscando entender o quão perigoso é este mito, nós precisamos mergulhar fundo na história de Buffett.
De maneira ampla, o mito de Warren Buffett tem alimentado um boom no mercado de ações para uma geração de americanos que aspiram ficar ricos neste mercado. E quem melhor para vender esta ideia do que as empresas do mercado financeiro (leia-se fundos, corretoras, bancos, etc, todas aquelas que ganham com taxas)? Afinal de contas, uma rápida alocação simplista em valor irá levar você próximo a uma quase-réplica da abordagem de investimento em valor de Warren Buffett, certo? Ou talvez ainda melhor, lendo seis meses do Wall Street Journal (ou Valor Econômico, por aqui no Brasil) e analisando os indicadores P/L das suas empresas locais favoritas irão levar você para o caminho do sucesso da aposentadoria.
Através de uma supersimplificação deste glorioso investidor chamado Buffett, o público geral tem a falsa impressão de que a gestão de carteira é tão fácil que até um homem das cavernas pode fazê-la. E assim nós vemos comerciais de bebês negociando ações de seus berços e homens de meia-idade comprando e vendendo ações no seu tempo livre.
E um exército de americanos jorra seu dinheiro em taxas para corretoras, tentando replicar algo que não pode ser replicado. As corretoras/bancos/fundos querem que você acredite no mito Warren Buffett. Na verdade, muitos dos modelos de negócio se baseiam na nossa crença sobre o mito Warren Buffett.
Deixe-me começar dizendo que não tenho nada contra, mas sim o maior respeito pelo Sr. Buffett. Quando eu era um jovem participante do mercado, eu imprimia cada uma de suas cartas anuais e as lia do início ao fim. Isto foi, e permanece, a maior e mais simples educação financeira que eu poderia ter recebido.
Eu recomendo altamente que qualquer um que não tenha feita isso, o faça. Só que indo a fundo, eu percebi que Warren Buffet é muito mais do que um “investidor de valor caseiro” (folksy stock picker) retratado pela mídia. O que ele construiu é muito, muito mais complexo do que isso.
Na verdade, Sr. Buffett criou um dos fundos hedge originais em 1956 (The Buffett Partnership Ltd.) e ele cobrava taxas similares às que ele agora condena dos hedge fund modernos. Mais importante, porém, é que Buffett era mais um empresário do que um “investidor de valor” (stock picker).
Assim como a maioria das outras pessoas da lista da “Forbes 400” (mais ricos dos EUA), Buffett criou sua riqueza criando sua própria empresa. A maneira que ele acumulou sua riqueza não se assemelha em nada com o que a maioria de nós faz, ou seja, abrindo contas em corretoras e alocando nossos aportes em vários ativos. Não se engane: Buffett é um empreendedor, gestor de um fundo hedge e um empresário altamente sofisticado.
O fundo original Buffett Partners é particularmente interessante devido às recentes críticas de Buffett sobre a taxas administrativas e taxas de performance de fundos hedge. Ironicamente, Buffett Partnership cobrava 25% dos lucros que excediam 6% da rentabilidade do fundo (aqui no Brasil, conhecida como Taxa de Performance). Esta foi uma grande parcela de como Buffett fez sua riqueza crescer tão rapidamente. Ele estava gerindo um fundo hedge de maneira análoga aos fundos de hoje em dia.
E este não era apenas um “fundo de valor” (fundo que investiria em “ações de valor”, value fund). Buffett frequentemente usava alavancagem e, de tempos em tempos, seu fundo inteiro ficava alocado em apenas algumas ações. Uma posição famosa foi sua compra da Dempester Mill, na qual Buffett na verdade fez um dos primeiros movimentos conhecidos de “fundo hedge ativo” (activist hedge fund), implementando sua própria gestão na empresa. Buffett, um gestor de fundo hedge ativo? Exato. Ele foi um dos primeiros. Seu empreendimento na compra da Berkshire Hathaway foi parecido.
Berkshire Hathaway não é apenas um congloremado qualquer. A genialidade por trás de Buffett na construção da Berkshire é surpreendente. Ele efetivamente usou (e usa) a Berkshire como a maior empresa de emissão de opções do mundo. Os prêmios e o fluxo de caixa a partir de suas empresas de seguros criaram dividendos que ele podia investir em outros negócios.
Berkshire tornou-se, essencialmente, uma Holding onde ele conseguia gerir um negócio de emissão de seguros, através do qual usava o fluxo de caixa gerado para construir um conglomerado. Porém Buffet não estava apenas comprando Coca-Cola e Geico. Buffett estava empenhado em, muitos casos, investimentos reais, injetando capital e atuando de forma muito mais ativa no papel de empreendedor dentro do processo de produção.
Ele também fazia algumas apostas complexas (curto prazo e longo prazo) no mercado de derivativos, mercado de opções e mercado de títulos. A impressão de que Buffett é um “investidor de valor” puro, assim como muitos vêm a acreditar, é um mito.
Também é interessante notar que o portfólio de ações que veio a tornar-se famoso era equivalente a apenas 28% do valor da Berkshire em 2013. Suas mais famosas holdings (Coca-Cola, American Express & Moody’s Corporations) contabilizam apenas 8% da capitalização total de mercado.
Também interessante notar, duas das mais famosas compras feitas por Buffett não foram escolhidas através de técnicas de “investimento em valor” tradicionais, mas sim por empresas em dificuldades financeiras. Suas compras originais da American Express e Geico ocorreram quando ambas as empresas cambaleavam no limite da insolvência. Estes negócios são mais parecidos ao que muitos fundos hedges (distressed debt hedge funds) da atualidade fazem, e não o que a maioria de nós pensa como um investimento tradicional em valor.
Não se engane – Buffett tem o instinto animal de destaque na liderança de muitos negócios bem sucedidos. Dê uma olhada no negócio que ele cravou com a Goldman Sachs e a GE em 2008. Ele praticamente os extorquiu (stepped on their throats) quando eles precisavam levantar capital durante o fundo da crise financeira, exigindo um acordo com warrants de cinco anos, no qual ele lucrou elegantemente.
É claro que Buffett descreveu o negócio como um acordo de investimento de valor a longo prazo. Se um distressed-debt hedge fund (um papel que a Berkshire frequentemente atua) tivesse feito a mesma jogada, repórteres poderiam ter descrito o gestor do fundo como um ladrão que estava atacando duas grandes corporações americanas enquanto elas estavam em baixa.
Warren Buffett é um grande americano e um grande líder empresarial, mas faça seu dever de casa antes de comprar o mito de que um dia você irá se sentar no topo do trono da “pessoa mais rica do mundo” apenas por utilizar uma estratégia que é, na verdade, nada nem de perto próxima ao que a Berkshire e o Sr. Buffett realmente fazem.
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Trazendo pra muito do que eu vejo aqui na blogosfera e ao que eu também utilizava. Pensando que “é só comprar empresas boas sem parar e ficar com elas. Se ficar ruim, vende. Se continuar boa, mantém.” Caso você acredite que esta abordagem se assemelha ao que Buffett fez e fazia e que a mesma ainda poderá trazer resultados próximos ao de Buffett, talvez, assim como eu, você não sabia da história completa.

Abraços a todos!

33 comentários:

  1. Excelente texto DF.

    Eu não tiro o mérito de que o B&H consegue se manter no longo prazo, pois, a partir do momento que o investidor estuda bastante, se especializa, sabe o que tá fazendo e compra empresas decentes através de filtros rigorosos, existe uma boa possibilidade dessas empresas sobreviverem no futuro.

    Entretanto, o que eu gostaria de chamar a atenção sobre o seu texto e que eu também concordo bastante é que o Buffet faz muito mais do que comprar e sentar em cima. Ele consegue ir além do BH. O timming, o conjunto completo de informações que toda a equipe dele consegue gerar, as informações que ele tem direto do meio empresarial através de seus contatos, o oportunismo de comprar empresas que são boas e estão passando por apuros momentâneos, enfim.. Eu concordo que é bastante difícil para um mero investidor pessoa física conseguir competir. Naturalmente que ele consegue potencializar a sua rentabilidade.

    Outro grupo que eu acho muito interessante e fica de sugestão para um próximo texto é estudar como o 3G atua. Basicamente pelo que eu entendo eles fazem assim: Se alavancam, compram uma empresa que eles acreditam boa que está em uma fase mais ou menos e que eles acreditam que tem potencial para ser melhorada. Fazem uma revisão rigorosa das despesas da empresa. Transformam a cultura organizacional para algo bastante focado em meritocracia e resultados ambiciosos. Conseguem ganhos com sinergia. Enfim, eles melhoram bastante as margens e o lucro da empresa. Com isso, a empresa que eles compraram dispara no mercado. Depois eles ainda podem vender ações e pagar aquela dívida que eles contraíram ficando com o restante do negócio.

    Exemplo: Vc compra 1 padaria por 200 mil. Melhora ela pra caramba, o negócio fica top.
    Depois de 1 ano, com muito trabalho, ela já está avaliada em 600 mil.
    Vc vende uma % dela para outro sócio por 200 mil, paga aquela dívida, e fica com uma participação de 400 mil.

    É um modelo que vc pode usar recursos próprios e não ter dívida, ou que pode se alavancar.
    Vc depois pode vender uma % da nova empresa no mercado ou pode ficar 100% com ela.

    Entenda que no exemplo que eu dei, vc teria ficado com 66% de uma padaria bastante lucrativa sem ter colocado 1 real do seu bolso.

    A competência do 3G é tão grande, que só de anunciar que eles compraram uma empresa (mesmo antes de implantar melhorias) o mercado já começa a valorizar expressivamente a cotação das ações.
    Além disso, a credibilidade deles faz com que consigam se alavancar com juros atrativos.

    Enfim, como vc vai conseguir a rentabilidade desses caras só fazendo BH ? Não tem nem o que falar.

    O risco e o trabalho que eles assumem é muito maior tb do que apenas comprar ações passivamente.

    Concluindo, eu acredito que BH funciona (da forma como eu descrevi acima, sendo bem criterioso e monitorando constantemente). Até pq nem teríamos condições e tamanho de escala para fazer o que o 3G e o Buffet fazem, somos meras formiguinhas.

    Mas, não dá p/ querer ter o mesmo retorno que eles. São coisas totalmente diferentes.

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    1. Fala, anônimo,

      Isto que vc explicou sobre a 3G, pelo que entendi, é bem próximo (se não for a mesma coisa) que os distressed debt fund hedge realizam. Inclusive, estes dias uma sugestão foi feita para tal tipo de gestão para a Petrobras. É aquela: vou entrar pra arrumar a casa. Se der certo eu ganho e muito. E se der errado, eu afundo junto. Ou seja, é de interesse que faça funcionar.
      E termos de venda de ações precisam ser mais longos. No caso da Petrobras, a sugestão, por exemplo, seria da venda de ações apenas após 5 anos e apenas 20% delas. E a cada ano subsequente poderia vender mais 20%. Ou seja, o gestor só poderia se livrar das ações completamente após 10 anos, sendo obrigado a permanecer com elas por pelo menos 5 anos.

      A questão do BH envolve não só a empresa, mas também o mercado na qual ela está inserido.

      []s!

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  2. Olá Di Marcinho,
    Esse é o mesmo problema que eu apontei no seu último post. O "cabra" pega um exemplo de um indivíduo com inteligência fora da média, que aplica os seu métodos em um mercado totalmente diferente do brasileiro, não conhece todos os detalhes da estratégia (conforme diz seu post) e acha que seguindo-o a ferro e fogo irá ter o mesmo sucesso.

    www.nzofinancas.com.br

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    1. Fala, NZO,

      pois é, misturando bananas com maçãs. E depois não sabem pq não não estão tendo o mesmo resultado..... rs

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  3. Ótimo texto !!!

    Buffett virou uma marca como "outra qualquer". Basta usar seu nome para alavancar as vendas dos mais diversos produtos. Quer ver o número de livros que citam o investidor ...

    Tem um mesmo, que chega a dar pena: Meu vizinho Warren Buffett (http://www.clubedopairico.com.br/livros-meu-vizinho-warren-buffett/9488) ... Usa o nome de Buffett na capa, mas dentro dele praticamente não tem ligação com ele. :(

    Mas é aquela coisa ... todo nicho precisa de um super-herói para servir de exemplo ... ;)

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    1. Fala, Zé!

      A indústria financeira agradece às taxas e corretagens ao tio Buffett! rs

      []s!

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  4. Já que você gosta de mitos, deixa eu te cutucar. rs

    O que você acha daquela conversa de que o preço não importa, pois no longo prazo o preço tende a zero devido aos dividendos, JCP e outros?

    Acredito que essa abordagem altera o resultado (rentabilidade) de forma perigoso. O que você acha?

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    1. Acho que o pessoal que fala isso nunca ouviu falar em VPL....

      []s!

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  5. Eu ainda me espanto como pessoas bem instruídas financeiramente, compram essa ideia de que ele construiu sua fortuna com B&H, no mercado acionário americano.
    É só fazer as contas, pra ver que não fecha...
    Ele fez o que todo bilionário fez, ele criou/comprou uma empresa e alavancou de todas as formas possíveis, fazendo excelentes negócios, e atuando em vários mercados. Um desses mercados foi o mercado acionário.
    Esse post, só relatou o que qualquer um, que tenha colocado na ponta do lápis, já tinha percebido.
    É impossível chegar no patrimônio de 50 bi aplicando na bolsa de valores, com a estratégia de comprar valor.

    grande abraço

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    1. Fala, PC,

      o problema é COMO a informação chega. E ela normalmente chega mais ou menos assim: "Warren Buffett ficou bilionário investindo em ações, usando o B&H! E ele era de classe média!"

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  6. É claro que eu vou ser o próximo Buffet.
    Para de ser hater!

    Abraço.

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  7. Dimarcinho,

    Ok, já entendemos que você não acredita no investimento em ações e muito menos no B&H. Sendo assim, estamos esperando você liquidar a sua carteira de ações e fechar o blog.

    Vai fazer isso quando?

    Abraços.

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    1. Livre, pelo seu comentário você não entendeu coisa alguma do texto.

      Resumo: Buffet ficou muito rico porque administrou fundos e utilizou estratégias de empreendimento de grande complexidade, não porque fez B&H por mais de 30 anos. Em nenhum momento o texto diz que o B&H não dá certo.

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    2. Land,

      Isso eu entendi e, por sinal, eu já sabia. Ninguém pode investir como Buffett e tentar "alcançar" ele é nada menos do que ilusão. Em todo o caso, continuo aguardando uma resposta para a minha pergunta...

      Abraços.

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    3. Eu só não sei ainda a relação entre "B&H não é que o Buffett faz" com "encerrar sua carteira e fechar o blog".

      Fica difícil responder assim, rs

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  8. Acredito que um exemplo interessante para se estudar seria o Barsi pois pelo que sabemos ele não tem empresa como o Buffet e tem toda grana investida em ações, diferente do Buffet que atua como um gestor e influencia diretamente as empresas na qual tem participação.

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    1. Fala, Fábio,

      já andei procurando saber mais a fundo sobre a história dele, mas acabei não encontrando muita coisa e, confesso, também não me esforcei muito para procurar. Mas também quero esclarecer isso.

      []s!

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    2. Pelo que li , ele era operador...provavelmente não ficou só no B&H...

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    3. Acho que o comentário do Land, acima, resume perfeitamente a situação:

      "Resumo: Buffet ficou muito rico porque administrou fundos e utilizou estratégias de empreendimento de grande complexidade, não porque fez B&H por mais de 30 anos. Em nenhum momento o texto diz que o B&H não dá certo."

      []s!

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  9. Gostei do texto Di Marcinho.. É verdade, o mito Buffett é um nicho.
    Li o livro, A bola de neve, e ali ele conta trechos, de como era na época, claro que sempre tem aquela valorizada, como em qualquer biografia.

    Ele chegou a ter mais de 10 fundos, onde ele não entrava com quase nada de capital, e ganhava na performance. Eram fundos de 15, 30, 50, 60 e até 100 mil dólares cada.

    Ele fala sobre algumas estratégias para captar recursos, como por exemplo, pedir para um médico que já investia com ele, para que este médico, trouxesse outros médicos para investir nos fundos que ele queria criar, pois naquela época, assim como hoje, a profissão de médico já era sinônimo de pro$peridade.

    Além de ser um investidor fora de série, morar num país de economia dinâmica, e ter começado numa época que os EUA voltavam a crescer, ele ainda tinha habilidades para lidar com pessoas e captar recursos. (A família sempre teve boas amizades)

    A Berkshire na verdade, não passa de um fundo de investimentos, em forma de empresa de capital aberto.

    Ela possui algo entre U$300 BI, aplicados em várias empresas, e Buffett é dono de 26% dela.

    Ele foi muito esperto, começou a ganhar dinheiro, e comprou uma seguradora, e à partir desta seguradora, começou a comprar outras empresas.

    Ele ganhou muito dinheiro com IPOs também, da própria Berkshire, e de outras empresas que não me recordo o nome agora.

    Isso seria algo inviável no Brasil, pois aqui para ser dono de seguradora não basta só ter dinheiro, é preciso "ser alguém".

    Como você citou, no livro também fala, o 1º grande pulo do gato de Buffett, foi comprar a seguradora, fato que, permitiu a ele, começar a se alavancar ainda mais.

    Seguradora é o melhor negócio do mundo, melhor até do que banco. É como um jogo do bicho legalizado. Você recebe os pagamentos, e paga prêmios aos jogadores de vez em quando. Mas no fim, a casa sempre vence.


    Vamos lá:

    1º - Buffett sempre foi um cara econômico. (comparando o padrão de vida, com o patrimônio)

    2º - É um investidor fora de série. (ROE anual 22%)

    3º - Alavancou seus investimentos, captando recursos quando jovem, e depois com as seguradoras e IPOs.

    4º - Comprou uma seguradora, e na sequência, se alavancou ainda mais, e comprou mais empresas (inclusive outras seguradoras)

    5º - Abriu capital de algumas empresas, entre elas a Berkshire, e sempre reinvestiu os lucros.

    6º - Nunca pagou dividendos.

    7º - Junte tudo isso, ao fato de ser nos EUA.

    8º - Juros Compostos!

    Poucas pessoas se dão ao trabalho de estudar as pessoas mais a fundo.
    A maioria "sabe" que Buffett tem participação na Coca Cola e American Express, que ele é frugal, e que ainda mora na mesma casa desde 1960.

    Poucos sabem, que Buffett também tem muito dinheiro "investido em renda fixa", algo na faixa de US 80 BI, que ficam lá parados, esperando oportunidades, e cada vez mais os investidores estão cobrando os dividendos.

    Um breve resumo, claro que existem muitos outros detalhes que nunca iremos saber, que não estão nos livros.

    No mais, para nós, que somos pequenos investidores, é possível tirar algumas lições do Buffett, que são parecidas com o que o Bastter fala.

    Ganhar juros compostos, não girar patrimônio, manter participação em boas empresas pelo maior tempo possível.

    99,99% de nós, não poderá comprar uma seguradora, e sequer conseguirá captar uma quantia relevante de recursos, para investir. (Buffett la por 1955, 1960, captava os valores que falei acima, então, algo como 50 mil dólares, em 1955, deve ser como 1 milhão de dólares ou mais hoje, e em R$, incálculavel kkkk

    O negócio é focar no trabalho, poupar e investir, não tem jeito.

    Eu queria saber mais sobre George Soros, mas quase não consigo informações sobre ele, nem nos livros.


    Grande abraço,

    Att,

    Pretoriano

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    1. Fala, Pretoriano,

      ótimas ponderações.

      Também não conheço muito sobre Soros, mas creio que ele sempre trabalhou muito alavancado.

      []s!

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  10. dimarcinho,

    Eu concordo plenamente com o que foi exposto e não existe a menor possibilidade de alguém se aproximar de WB apenas no mercado acionário. Arrisco a dizer que é muito pouco provável que alguém fique rico devido ao investimento em ações. Existem exceções, como na loteria, mas são tão poucas, e ao custo de tantos que perdem, que é melhor não acreditar na possibilidade.

    O ponto crucial é: Para que serve então o investimento em ações?

    1) Diversificação (RF, moeda estrangeira, ações, FII, imóveis no brasil ou no exterior, etc, são todas formas de diversificação) - é o velho não colocar todos os ovos na mesma cesta, em busca, principalmente de segurança e estabilidade.

    2) Busca de uma rentabilidade superior a aquela disponível com a renda fixa.

    - Quanto superior? 1%a.a ou 2% a.a, talvez ... quem sabe mais
    - A que custo? risco de ter rentabilidade inferior a aquela disponível com a renda fixa

    E o Buy & Hold, onde entra na história?

    Alguns acreditam que o B&H seja a melhor estratégia (mais rentável ou menor risco) para alcançar esta rentabilidade superior

    Outros acreditam em gestão ativa / stock picking, outros acreditam em day-trade, ou swing trade, ou valuation ...

    A discussão pode ser qual a melhor estratégia para ter o melhor desempenho (melhor rentabilidade x risco). Vários fatores influenciam para a tomada de decisão, como mercado, prazo, aversão do investidor ao risco, fatores psicológicos, etc, mas o importante é entender que no fundo o objetivo principal é, em um determinado prazo, ter uma rentabilidade (da carteira toda) superior ao disponível através da RF.

    Abraços

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    1. Fala, EI,

      a grande questão que é vendida na mídia é algo como "Warren Buffett ficou bilionário investindo em ações. Então você também pode!"

      Como mostrado no texto do Cullen Roche, isso está bem longe da realidade... rs

      Mas o crucial reside na sua seguinte frase:
      "Para que serve então o investimento em ações?"

      E para responder esta pergunta, vc precisa ANTES responder outra:

      "Para que serve investimento?"

      Um dos meus próximos posts será por essas linhas...

      []s!

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  11. Economicamente Incorreto,

    Seu comentário foi muito sucinto e lúcido! Tenho menos de um ano de bolsa, entre operações e estudos. Quanto mais leio, mais me pergunto: “pra que serve o investimento em ações?”.

    O post do Dimarcinho também foi ótimo. Qualquer pessoa que se dá bem em qualquer área profissional batalhou muito, dedicou sua vida inteira pra tal, soube aproveitar oportunidades, cresceu em meio a um cenário favorável, etc. Isso é inerente a qualquer profissão.

    Ou seja, o retorno de uma atividade profissional depende sempre do envolvimento da vida da pessoa naquela área.

    Por isso, gostaria de acrescentar algumas variáveis à pergunta do Economicamente Incorreto:

    Sou um pequeno (minúsculo) investidor. Tenho um trabalho principal. Poupo um pouco a cada mês. Não disponho de tempo para entrar de cabeça no estudo das finanças, acompanhar diariamente o mercado, etc. Dentro desse contexto, para que ME serve o investimento em ações?

    A resposta que tenho me dado é que no meu caso e dentro das minhas condições, o esforço e o risco de investir em renda variável não compensa, e seria melhor ficar na renda fixa.

    Isso é óbvio? Nem tanto. Quando comecei as leituras sobre mercado acionário, a imagem passada é que a bolsa é acessível para qualquer um, que é um investimento que no “longo prazo” dá retornos bem acima da RF, e que qualquer pessoa pode ter sucesso, basta seguir tal e tal estratégia.

    Isso é muito, muito distante da realidade. Mercado acionário não é nem um pouco simples (por mais que alguns autores forcem a barra para parecer assim). Exige muita dedicação (se a pessoa quiser torna-lo um investimento mais rentável que a RF), é um projeto de vida que deve ser levado tão a sério quanto uma formação profissional.

    Para quem possui interesse de realmente entrar de cabeça nessa área, o mercado acionário vai servir, e muito bem! E para esse outro tipo de público, a sardinhada leiga como eu, pra que serve o investimento em ações?

    Grande abraço!

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    1. Marcelo, pra vc pensar:

      imagina quem estava alocado com boa parte em RF entre 1998 e 2008 (10 anos) e quem ficou com boa alocação na RV neste período. Vc sabe que riqueza é relativo, não é mesmo? Pois então...

      []s!

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  12. Olá Dimarcinho!

    O retorno médio anual do IBOV no período de 1998-2008 foi de 18,7%

    De acordo com esse site (http://www.portaldefinancas.com/framecdi.htm), o retorno médio anual do CDI no mesmo período foi de 18,87%.

    Basicamente a mesma coisa.

    abraço!



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    1. Pqp... usar o IBOV para comparar com alguma coisa é de cair o queixo e mais, me fala como que vc faz pra investir no IBOV, qual o nome do ativo?
      Faça essa comparação com um mix de ações e aí sim: Vale, petr, souza cruz, bbas, eternit entre outras....
      Veja a composição do IBOV e veja se existe alguma razão para comprar determinados papéis...

      Excluir
    2. Marcelo,

      acabei me expressando mal. Eu quis colocar uma janela de tempo entre um poço e muita euforia. Em 1998 a crise da Rússia fez o IBOV fechar em torno dos 7mil e pontos e em 2008 a euforia chegou na casa dos 70mil. São 1.000% de valorização, algo em torno de 26%aa. Claro que acertar um timing desses é para poucos sortudos.

      Conheço gente que até após a recuperação de 2008 pra 2010 comprou carros fodões, apartamentos e etc.

      Se vc ficar só na renda fixa num período de forte subida do mercado, é provável que "todos" (na média) estarão ficando mais dinheiro no bolso do que você. Por exemplo, comprar imóveis no Rio virou um estorvo de 2008 para cá. Quem resolveu segurar o dinheiro, perdeu o bonde, pois os preços explodiram. Essas coisas são importantes de perceber.

      Anon, 16:02

      O ativo é BOVA11.

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    3. Dimarcinho,

      Concordo com seu raciocínio.

      Acredito que o investimento em ações pode proporcionar rentabilidade muito acima da renda fixa. Entretanto, me parece que superar a renda fixa com consistência no longo prazo é para poucos.

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  13. Eu também desconfiava que o buffett era um simples investidor de valor quando falaram que ele estava negociando a moeda brasileira e o dólar custava só 2 reais. Diziam que ele estava especulando com a moeda brasileira.

    Ou seja, o cara não trabalha so com ações, e sim vários mercados e agora sim faz sentido pra mim como ele ficou rico, ele pega empresas que estão falindo e as transforma, tipo como o cara do programa do history channel faz (O Sócio). Por isso que ele é bilionário.

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    Respostas
    1. Pois é, ele é é muito mais sofisticado que parece.
      []s!

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