Imagine um concurso de beleza, onde são
apresentadas 100 belas mulheres. Imagine também que temos 1.000 jurados e que
todos têm que eleger as 5 mais belas. Cada jurado vai fazer suas escolhas. Ao
terminar os votos, teremos as 5 mais belas, segundo os critérios de cada
jurado. Até aqui nenhum mistério. Mas o que isso tem a ver com o Mercado de
Ações? Keynes explica.
Imagine agora o mesmo concurso, os
mesmos jurados, mas com uma “pequena” diferença: você não tem mais que escolher
as 5 mais belas. Você agora precisa escolher as 5 mais belas que você acha que
os outros candidatos irão escolher. Por exemplo, digamos que a “mais bela” seja
uma loira, mas seu gosto pessoal é por morenas. Talvez na primeira hipótese
você tenha escolhido a morena como a mais bela. Mas agora, você a escolheria
novamente? Veja: você precisa tentar adivinhar quais serão as mais belas
escolhida pelos outros candidatos (incluindo seu voto, obviamente).
Bom, esta “pequena” diferença na regra
muda completamente a dinâmica do concurso! De fato, já foi mostrado que esta
diferença é na verdade gigante!
Este conceito foi introduzido por John
Maynard Keynes no livro “General Theory
of Employment Interest and Money”, em 1936.
O que isso tem a ver com o Mercado de
Ações? Vamos lembrar o básico primeiro.
O que faz o preço das ações oscilarem
na bolsa? Um único e exclusivo movimento: oferta x demanda pelos papeis. De
fato, apenas a demanda, visto que normalmente a oferta de papeis é fixa. Então,
se aumenta a demanda (ou seja, os compradores), então aumenta o preço. Se
diminuírem os compradores, o preço cai.
Assim sendo, se o mercado é muito
grande e movimentando por uma quantidade massiva de dinheiro, o meu “voto” pode
ser insignificante. De fato, seria mais interessante tentar “votar” no papel
que as pessoas acham mais interessante e não no que eu acho!
Isto pode parecer meio louco a
princípio, mas a Teoria dos Jogos mostra justamente ao contrário: as chances de
você obter melhores resultados é tentando adivinhar qual ação será selecionada
pela maioria do grupo. E faz absolutamente todo sentido, dada a premissa de que
o preço se movimenta por oferta x demanda.
Um experimento feito em 2011 mostra
claramente isso. Foram mostradas 3 fotos de animais “fofinhos”. A um primeiro grupo
foi perguntado “Qual animal você acha o mais fofinho?”. A um segundo grupo foi
feita a pergunta “Qual animal você acha que os outros participantes irão achar
o mais fofinho?". O campeão foi o mesmo em ambas as situações. No entanto, no
primeiro grupo, ele recebeu 50% dos votos. Já no segundo grupo, ele recebeu
76%. Estes e vários outros experimentos já foram feitos e mostram como, na
prática, Keynes estava certo. Você pode conferir o link deste experimento aqui.
Indo para o Mercado de Ações, por
exemplo, você pode encontrar um papel com ótimos fundamentos, ótimos
indicadores fundamentalistas, mas com baixa liquidez. Digamos que você o
compre, fazendo preço dar uma subidinha ao comprar. Se NINGUÉM mais comprar
aquele papel, é impossível que ele
suba. O provável é que os vendedores da outra ponta comecem a diminuir os
preços até que apareça algum comprador, pagando um preço menor ao que estava
anteriormente, levando à compra inicial a um prejuízo temporário.
O interessante da explicação de Keynes
é que ela também explica um comportamento comum: o efeito manada. No curto
prazo, muitos traders ficam de olho bem grande no movimento do volume de alguns
papeis, principalmente aqueles que não possuem muita liquidez. Eles sabem que
ao entrar um volume grande de dinheiro nestes papeis, haverá forte movimento
(seja pra cima, seja pra baixo).
Mas e a Análise Fundamentalista, onde
entra nisso? A princípio, em lugar nenhum. Mas olhando bem, se os analistas
como um todo utilizam um número de técnicas e análises para concluir se uma
empresa pode ou não ser uma compra e se a conclusão de compra for de uma
grande maioria, então, a demanda por papeis aumenta, fazendo o seu preço
aumentar.
Assim, desta maneira simples, Keynes
conseguiu encontrar uma ótima analogia deste concurso com o mercado financeiro.
De fato, como dito anteriormente, isto está intimamente ligado com a Teoria dos
Jogos. No concurso normal, o critério utilizado pelo jurado é único
exclusivamente o dele. Mas a partir do momento que ele pensa como os outros
podem pensar, cria-se uma dinâmica completamente diferente e isso faz mudar o
resultado.
A lição mais importante aqui é que as
suas decisões estão influenciando e sendo influenciadas por todo o mercado.
Assim, se só você achar que um papel é bom, cuidado: pode ser uma bela
armadilha.
Abraços a todos!
Bom post, Márcio. Sem ironia!
ResponderExcluirSó transmiti o conceito introduzido por Keynes! Se alguém não gostar, tem que reclamar com ele! :P
ExcluirLevantou um tema importante, que não havia visto ainda na blogsfera e de forma brilhante. Parabéns!
ResponderExcluirvlw, data160!
ExcluirMesmo sendo baseado no que keynes disse, vc falou sobre a analise fundamentalista. só para deixar claro, essa ideia serve para qualquer tipo de analise, certo? senti falta disso no texto. parece perseguição a analise fundamentalista...
ResponderExcluirEu falei de traders de curto prazo tb... (que em sua esmagadora maioria, utilizam análise técnica...)
ExcluirLevar as ideias de Keynes como certas é um grande erro, de modo geral essa ideia de "se preocupe com o que os outros vão fazer e não com o que gostaria/deveria de fazer" é ignorar a realidade, o mercado nem sempre está certo. Além disso, seguir esta visão ignora as escolhas individuais de cada participantes na economia para aceitar o "senso comum". De maneira geral, isto é ignorar o indivíduo para se preocupar com o coletivismo, ou seja, a maior furada e desgraça da humanidade. Infelizmente não seguirei mais este blog, pois a tempos ele vem fazendo análises um tanto imprecisas e com pouca profundidade.
ResponderExcluirLeonardo,
Excluira visão NÃO é esta q vc colocou: "se preocupe com o que os outros vão fazer e não com o que gostaria/deveria de fazer"
E, desculpe, mas onde está o grande erro se a teoria dei já provada matematicamente (Teoria dos Jogos, procure por Equilíbrio de Nash) e ainda existem dezenas de experimentos sociais comprovando?
O que Keynes colocou é que você não pode ignorar a opinião dos outros. Ele não falou para ignorar a própria. Ele disse que só a sua não adianta nada, pois os outros também afetarão a sua decisão!
Vc pode continuar não me seguindo, mas deveria entender melhor o conceito antes de criticar.
Ótimo post. Já tinha pensado nisso antes e o exemplos deixam a ideia central mais simples de ser compreendida.
ResponderExcluirFoi realmente um insight muito interessante que ele teve e as explicacoes sao melhores ainda!
ExcluirRecentemente, o Bastter postou uma crítica à blogosfera de finanças. Particularmente, concordo com ele. Mas a meu ver, o mal maior da blogsfera pessoal de finanças, é o blog do pobreta. Um dos comentários postados no site do Blastter resume a minha maneira de ver a questão:
ResponderExcluir"Se ficar lendo essas coisas, o cérebro vira meleca.
Viu que um site não presta, para de ler.
Não adianta dizer: "Vou olhar com espírito crítico".
Aquilo começa a entrar no cérebro...
De digo e de coração, minha vida melhorou muito depois que me descadastrei de vários mailing de manada que eu recebia."
E não é contradição achar isso ao mesmo tempo que se posta aqui. Já decidi nunca mais ler blogs do gênero do Pobretão e cia. Acredito piamente que tudo o que é postado nesses blogs só atrasa a vida do sujeito. O Pobretão, por exemplo, é o mais inútil de todos. E VOCÊ TAMBÉM CONCORDA, Dimarcinho, já que é um dos maiores haters dele. Por exemplo, eu NUNCA o vi discutindo sobre os assuntos inúteis daquele blog tais como: feminismo, vida de pobre fracassado, ó céus, ó vida, nunca serei milionário e blá blá blá.
Você e os demais que denotam um interesse maior por questões que importam e que são os menos inúteis da blogsfera de finanças e que relatam seus patrimônios NUNCA comentam esses assuntos por lá.
Note a carga mental/emocional que é preciso para SUPORTAR o Pobreta e suas lamúrias. É um tempo precioso que se perde lendo as inutilidades de um sujeito reclamão, que reclama de absolutamente tudo e nunca empreende esforços para mudar o que tanto lhe incomoda, a não ser continuar na mesma situação objeto de sua crítica.
Acho que o Bastter pecou na sua crítica por ter poupado termos mais severos ou por ter sido comedido. Acho que é fato e TODO MUNDO SABE que o Pobretão é o mais INÚTIL de todos. Ele não ajuda em absolutamente nada. Ele vem com essa desculpa esfarrapada de que seu blog mistura finanças (hein? não há posts sobre finanças naquele blog) com assuntos masculinistas só para manter a audiência do blog. Porém, ele deturpou tanto as duas coisas que ambos os movimentos reais das respectivas áreas o repudiaram. Tanto a blogosfera real de finanças o rejeita quanto os blogs sobre masculinismo. Os primeiros o rejeitam por conta de seus parcos conhecimentos sobre finanças e por sua estratégia suicida e recusa em estudar um jeito de mudar.
Os segundos, porque seus argumentos destoaram tanto da natureza do movimento que os seus adeptos passaram a ser vistos como efeminados e covardes. Não sou um hater, é a pura verdade. Isso se nota analisando o teor de alguns posts do Pobreta. Algumas vezes ele já falou até mesmo que tem vontade de se castrar quimicamente só para não ter mais libido. Sem contar argumentos de revolta demasiada contra mulheres e minorias. Não sei como esse blog ainda está no ar.
ExcluirA impressão que se tem é que o Pobreta quer manter o seu blog no ar a todo custo, querendo agradar a todo mundo. Por isso não dá pra deixar de lado as acusações eternas de que ele seja apenas um fake, um marqueteiro mantendo um blog no ar para tentar alçar voos mais altos em algo futuro que lhe renda adsenses.
Enfim, dá para quase ter certeza de que o Bastter se referia mais ao Pobreta do que ao resto da blogosfera "pessoal" de finanças. Quase ninguém trata sobre esses temas COMPLETAMENTE INÚTEIS em seus blogs. Seria interessante se o Pobreta passasse a ser boicotado pelos os outros usuários e ficasse isolado com suas lamentações e assuntos que destoam tanto dos pertinentes ao tema central da blogosfera. Mas acho difícil isso acontecer visto a natureza dos participantes do seu ranking. Não há quase ninguém ali que ofereça em seus blogs um assunto independente dessa disputazinha inútil e ao mesmo tempo se relacione com finanças. Pelo menos nunca vi um que tivesse capacidade para se desprender disso e inovar. São todos acríticos e totalmente dependentes do blog do Pobreta.
John Doe
Fala, John Doe,
Excluirvai ser dificil vc me ver participando de alguma coisa por la, pois eu nem acesso. E faz tempo isso. Realmente, nao sou `hater`, mas sou completamente contra ao que ele prega lah, por isso nem perco meu tempo pra ler besteiras.
Estou de acordo com suas opinioes, mas vou pedir encarecidamente um favor: please, nunca mais mencione este blog aqui no meu espaco. O simples fato de citar ele aqui, ajuda a divulga-lo, coisa que eu nao quero.
Eu tenho apagado todos os comentarios que fazem aqui relacionando ou linkando a este blog, mas como vc fez um texto grande e ponderado, resolve manter. Mas, repetindo, peco que nao o cite mais por aqui.
[]s
ps - estou num teclado americano, sorry pelos acentos
Valeu, Dimarcinho. Seu blog é bastante interessante e há muitos assuntos relacionados à finanças para todos os níveis, bem diferente da massa que compõe a blogosfera. Foi mal pela citação indevida. Abraço.
ExcluirJonh Doe