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sábado, 23 de novembro de 2013

O Cisne Negro de Nassim Taleb

Aleatoriedade. Estatística. Previsibilidade. Tudo isso se encontra dentro do mesmo tema dentro do Mercado Financeiro. São usadas diversas fórmulas, estudos e etc para tentar projetar o que virá a ocorrer no futuro e, baseado nisso, tomar as melhores decisões hoje.
O ser humano projeta o futuro a todo instante. Estamos sempre pensando à frente, nos planejando, nem que sejam para as coisas mais simples. Desde uma olhadinha no céu para ver se vai ter chuva ou não e levar o guarda-chuva ou não, para até investimentos e planos de aposentadoria daqui a décadas.

No Mercado Financeiro não é muito diferente. Os analistas e gurus da vida a todo instante tentam prever para onde vai a economia, para onde os mercados estão se movimentando e, baseado nisso, tomar as melhores decisões de investimentos.
O problema nestas projeções é que normalmente elas são feitas baseadas em dados passados e sobre determinadas circunstâncias. A verdade é que absolutamente nada garantirá que elas se mantenham.
Num primeiro momento pode parecer desesperador, mas a verdade é a seguinte: não temos a mínima noção do que irá ocorrer nos próximos anos. Quanto mais longo é o prazo, mais difícil fica acertar qualquer tipo de previsão.
Nesta linha, entram os Cisnes Negros do filósofo e investidor Nassim Taleb. Ele os define como:
- Eventos totalmente imprevisíveis e inesperados (estatisticamente falando: outliers)
- Suas consequências para o sistema são drásticas (sejam positivas ou negativas)
- O ser humano tende depois a achar alguma explicação dizendo que era possível prever;
E como o pequeno investidor pode se aproveitar desta filosofia?
Basicamente de duas maneiras:
- Se preparar para diminuir suas perdas ao máximo em caso de um Cisne Negro de consequências negativas (ex.: quebra generalizada do sistema financeiro)
- Estar preparado para aproveitar Cisnes Negros com consequências extremamente positivas;
Só há pouco tempo que consegui fazer certas ligações entre essa filosofia e a demais investidores. Muitos deles falam: “Não perca dinheiro no mercado financeiro”.
Acredite: eles estão falando de um tombo. Se você tomar um tombo, bye-bye, não recupera. Para queda de 60% no capital é necessário uma alta 150% apenas para empatar. Principalmente se for um capital grande. Perder R$ 50mil é muito, mas é algo recuperável trabalhando. Perder R$ 500mil pode levar uma vida inteira para recuperar. Perder R$ 1milhão é totalmente inaceitável.
Mercado Financeiro é uma questão de sobrevivência. Se você conseguir sobreviver no mesmo por muito tempo em algum momento será beneficiado pelos bons ventos que, muito provavelmente, em algum instante irão soprar. Os mercados são cíclicos e, em geral, tendem a seguir movimentos “alta – baixa – lateralização”.
Gente, o que eu escrevi acima é muito importante e de extrema importância para reflexão do investidor. Podem parecer conceitos simples, mas não são.
E isso para a vida.
Aliado ao conceito que introduzi na semana passada, quero aqui dar o exemplo do Show do Milhão. Creio aqui que todos conhecem o jogo, não é verdade?
Vou aqui direto para pergunta do milhão. Ao atingir o valor de R$ 500mil reais, é dada a escolha do participante a continuar a tentar para a pergunta do R$ 1 milhão ou então parar e ficar com os R$ 500mil reais. Mas na Pergunta do Milhão ele não pode utilizar nenhuma ajuda e caso o mesmo erre ele irá perder TUDO.
Eu não tenho dúvida alguma que qualquer investidor sério como Warren Buffett, Soros ou Taleb, iriam parar nos R$ 500mil.
E por quê? Gestão sobre risco! Melhor ainda: gestão sobre o desconhecido. A pergunta que virá você não tem a mínima ideia do que seja e, caso não saiba a resposta, não terá mais ajuda (que teve ao longo do jogo) e terá apenas 25% de chance de acertar em um chute.
Um investidor que controla o risco jamais responderia a Pergunta do Milhão.
A filosofia que Taleb tenta nos passar é de que apesar de não podermos prever o futuro, podemos nos preparar para diminuir os impactos negativos ou potencializar os impactos positivos.
Por exemplo, por que a diversificação é importante? Cisnes Negros! Imagine que você esteja all-in em Petrobras. E um belo dia um meteoro cai na Bacia de Campos, gerando um maremoto que acaba com todas as plataformas de lá, hoje responsáveis por aproximadamente 80% da produção. Filhão, acabou seu all-in, ok? É tudo pó.
“-Mas, dimarcinho, meteoro? Forçou a barra, hein?”
Não forcei não. Este evento se encaixaria perfeitamente na definição de Cisne Negro.
Para aqueles que gostam de trades, analisar tendências, aqui uma foto do Peru de Ação de Graças que tem no livro:
 Clique para aumentar
A imagem e legenda são autoexplicativas e refletem tudo que ele passa ao longo do livro.
Imagine que você esteja fazendo um trade num gráfico tipo o acima? Mesmo que haja um stop posicionado, com certeza um gap gigante irá engolir ele e você ficará a ver navios.
Como se proteger disso? Com as opções! Pois é, utilizando as mesmas como realmente devem ser utilizadas: como hedge. No caso, imagine que o ativo seja o PERX3. Se você comprou ele junto com put’s, então nada a se temer, seu prejuízo já estará fixado. A questão aqui é que, como vocês já sabem, não existe almoço grátis. A compra da put torna o lucro mais distante (o ativo precisa subir pelo menos o prêmio para entrar na zona de lucro). Mas fazendo tudo calculado, é possível operar sem problemas.
Enfim, são infinitas as aplicações da filosofia de Taleb, além de suma importância. Irei mais à frente fazer uma discussão sobre o B&H e esta filosofia que, a princípio, parecem ser conflitantes.

Abraços a todos!

11 comentários:

  1. Professor

    Alguma vez se interessou por leitura dinâmica?

    Explico, rs

    A leitura dinâmica objetiva conciliar ler com rapidez associado a absorção do conteúdo do livro. Mas é bem comum aos não iniciados que leitura dinâmica é apenas abrir um livro de prima e "vrum": tá lido. Só que não é bem assim.... rs

    Antes do processo de leitura dinâmica ser iniciado é necessário dar uma longa e lenta "analisada" no livro como um todo.

    Primeiro acomodar a visão ao tamanho e tipo das fontes; tb ao espaçamento das linhas; folhear dando uma geral no troço... Depois com muuuita calma ler as orelhas; concentrar-se vagarosamente no índice e todos os tópicos; assim como no prefacio; aos agradecimentos; notas explicativas da edição; anexos; bibliografia... E até mesmo dar atenção a "dedicatória".

    Ou seja: a maior lição embutida na leitura dinâmica não é exatamente ler "dirrapidinho"...kkk

    Mas sim - antes de tudo - entrar e explorar a atmosfera completa do livro e no universo do autor independente se vc vai ler na velocidade mediana de 150 / 200 palavras por minuto ou muito mais. Resumindo: pra ler e entender de verdade, primeiro precisamos mergulhar com muita calma em todos os detalhes ao redor do conteúdo do livro. E aí sim, começa-se a ler.

    Por isso, pergunto: Vc sabe pra quem Taleb fez a dedicatória do livro?

    Pois é... O cara da dedicatória é que é a fonte inspiradora do turco e de todos os seus livros. Cisne Negro é bom, concordo. Mas o mestre do cabra vai mais longe. Por isso sugiro a leitura "mercados financeiros fora de controle" escrito pelo cara da dedicatória. Ele vai mais longe, sem dúvidas.

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    1. Já me interessei sim, mas acabei nunca levando para frente.

      Realmente não lembrava. Mas peguei a cola aqui no livro! Já estudei alguma coisa de fractais, mas muito superficialmente e apenas pelo lado matemático.

      E Iludido pelo Acaso tá na lista. To lendo Supermoney ainda.

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    2. Sobre os fractais é interessante, mas não é isso que necessariamente seja o principal ponto do livro. O que importa é a leitura conceitual dele sobre os mercados e tals... Aliás o próprio criador explica que a teoria dos fractais aplicada a padrões de finanças é só um primeiro passo e que ainda tem o que evoluir. E que o seu uso teria como finalidade tentar compreender melhor os ciclos economicos e assim de alguma forma ajudar a prevenir as grandes crises... E ele - o criador - inclusive alerta que muitos oportunistas tem se utilizado "somente" do nome fractais pra vender fundos de investimento ou até mesmo tradesystems sem nenhuma ligação comprovada com a sua teoria no melhor estilo espertalhão como assistimos nessas versões web de "mestres de internet" .... kkk

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  2. "Mercado Financeiro é uma questão de sobrevivência." >...< ME GUSTA!!!

    Abraço!

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  3. Então Dimarcinho, dose vir alguém com uma conta pretensamente complicada que vai prever o preço de uma ação daqui 2 anos... Não passam de videntes! E ganham Nobel por isso!
    Cara, então a bolsa é sim um cassino, mas isso não tem problema nenhum!
    vlw!

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    Respostas
    1. Fala, anônimo,

      acho que você não entendeu a ideia da coisa. Uma coisa é projetar. Outra coisa é achar que pode prever o futuro. São coisas muito distintas.

      A bolsa está longe de ser uma cassino. Mas isso não impede do ambiente ser altamente especulativo.

      []s!

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    2. Entendi sim dimarcinho, mas me expressei mal. Não pensei cassino como jogo de roleta ou caça-níqueis, mas carteado. No carteado tem a estratégia, a projeção e a sorte em doses iguais.
      Talvez vc poderia comentar sobre o conceito de "antifragile" do Taleb.
      Vlw cara, gosto do seu blog

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    3. Fala, anônimo. Neste caso, vc tem razão sim. Está mais para um jogo de poker, onde além de sorte é necessário estratégias corretas do que uma roleta, que só precisa de sorte.

      Não lembro/conheço este conceito do Taleb, vou dar uma estudada e comento depois.

      []s!

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