Fala, galera! Hoje darei continuação à
série sobre Valuation, entrando nos
modelos em si.
Primeiramente, introduzirei a fórmula
geral do Modelo de Fluxo de Caixa Descontado do cálculo da ação e depois irei falar
sobre o Modelo de Gordon.
Pegando todos os conceitos vistos anteriormente,
no Modelo de Fluxo de Caixa Descontado, o cálculo da ação nada mais é do que um
VPL dos lucros da ação no longo prazo.
E a fórmula é dada a seguir:
Onde,
FCi = Fluxo de Caixa no período i
tx = Taxa de desconto;
Pra quem não manja muito de
matemática, aquele símbolo ali é um somatório, que vai do período “1” até o
período “n”; ou seja, ficaria assim:
É possível, aqui, trabalharmos com
duas vertentes:
1) Cálculo para Empresa: o Fluxo de
Caixa será dado pelo Lucro da empresa;
2) Cálculo para o Acionista: o Fluxo
de Caixa será dado pelos dividendos recebidos pelo acionista.
Aqui nesta série falarei apenas do
lucro da empresa, para facilitar, pois minha ideia não é aprofundar no assunto.
Para isso, recomendo livros do Damodaran e McKinsey.
Olhando bem, aquela ali é a fórmula
exata do VPL; trazemos a valores presentes (Valor) todos os fluxos de caixa nos
períodos “i”, descontados por uma taxa naquele mesmo período. E somamos isso
tudo!
Esta é a equação geral para o cálculo
em qualquer situação, mas vamos começar pelos exemplos mais básicos (todos
derivados desta equação).
1) Modelo sem crescimento (ou
crescimento zero)
Neste modelo, considera-se que teremos
um fluxo de caixa constante. Ou seja, todo ano ele terá o mesmo preço.
Isso significa dizer que a empresa irá ter o mesmo lucro todo santo ano. Vamos
supor uma empresa que trará um lucro de 3 milhões todo ano. O negócio apresenta
taxa de desconto é de 12%. Quanto deveria custar essa empresa?
Meu objetivo aqui não é matemática,
então, vamos direto à fórmula para este caso:
Assim sendo, o valor justo desta
empresa deveria ser Valor = 3/0,12, ou seja:
Valor = 25 milhões
Este modelo quase sempre irá dar o
menor valor possível, se mantidas as mesmas premissas para os modelos com mais
variáveis.
2) Modelo de Crescimento Perpétuo
Também chamado de Modelo de Gordon ou
Modelo de Crescimento Estável, para este caso, temos que o lucro da empresa
irá crescer a uma taxa constante, pelo resto de sua existência. Esta taxa
deve ser menor que a taxa de desconto. Tomando agora o mesmo exemplo acima, só
que ao invés de um crescimento nulo, consideramos que a empresa irá crescer 2%
ao ano. Como ficaria?
Neste caso, a fórmula é:
Assim, teríamos Valor = 3/(0,12-0,02)
= 3/0,1 = 30
Valor = 30 milhões
Notem que o valor agora ficou superior
ao anterior, o que faz muito sentido, pois no segundo caso a empresa lucrou
mais.
E então, o que acharam? Não parece tão
difícil, não é verdade? Mas não se engane, não é nada tão simples quanto
parece...
Para fechar o artigo, peguemos um exemplo
real. Vejamos o gráfico de lucro da CPLE6:
Fonte: www.guiainvest.com.br
Há seis anos que o lucro da empresa
está estacionado na casa do R$ 1 bilhão. Tomando como premissa que ela irá
continuar assim (apenas em termos didáticos, pois sabemos da revisão tarifária...), o modelo a ser utilizado aqui é o
Modelo sem Crescimento. Assumindo uma taxa de desconto de 10% (só depois
entrarei em detalhes no cálculo da taxa de desconto), então teríamos que a
empresa deve ter como preço justo:
Valor = 1/0,10 = 10 bilhões
Como existem 273,66 milhões de ações
em circulação, as cotações deveriam valer 10/0,27366 = R$ 36,54 / ação.
O valor da cotação hoje fechou em R$
32,71. Próximo ao valor calculado, mas ainda assim inferior, mostrando que o
mercado está subvalorizando o ativo ou, como muitos sabem, devido a revisão
tarifária o mercado já está antecipando uma futura queda nos lucros. Não que
este cálculo esteja correto, mas é o tipo de raciocínio a ser feito quando
temos o resultado. Não é assunto para agora.
Apenas para resumir:
Modelo de Crescimento Zero – lucros constantes
Modelo de Crescimento Estável – lucros
crescem a uma taxa constante
Hoje vimos o modelo geral e os dois
modelos mais simples derivados dele. Espero que tenham gostado.
Ficou com dúvidas? Use os comentários
ou entre em contato diretamente comigo.
Abraços a todos!
dimarcinho:
ResponderExcluirSó tenho uma palavra: assustador!
Abraço!
Corey
O que é assustador ?? rsrsrsrsrs
ExcluirSou ignorante em Finanças, por isto leio teu blog.Explica-me a taxa de desconto é arbitrado, de onde que ela vem.
ExcluirVan
Rapaz,
Excluira taxa de desconto, na minha opinião, é de longe a coisa mais complicada de calcular.
Mas num resumo bem grosseiro, está relacionada a quanto os investidores desejam ganhar, quanto os credores irão ganhar e ao risco do negócio. Quanto maior o endividamento, maior a taxa de desconto. Quanto mais os acionistas quiserem receber, maior a taxa de desconto. Quanto maior o risco do negócio, maior a taxa de desconto.
E quanto maior a taxa de desconto, menor é o valor da ação.
Sugiro que você leia as outras partes, caso já tenha lido, com mais calma, pois fiz alguns comentários.
Além disso, não é um cálculo exato. É algo um pouco subjetivo também.
Mais pra frente, dedicarei um ou dois posts apenas para o cálculo dela, bem simplificado. No livro Avaliação de Emepresas, do Damodaran, ele dedica um capítulo inteiro apenas para calcular a taxa de desconto.
Por enquanto, vamos ficar com a SELIC, ou perto dela.
Grande abraço!
Obrigado, pela Atenção
ExcluirAssustador pq a cada dia me dou conta que tenho MUITO o que aprender pra ter certeza do que fazer na bolsa...
ExcluirNáo entendi: se o valor da empresa é o somatorio dos fluxos de caixa entao por que no exemplo 1 vc fez o calculo com apenas 1 fluxo de caixa (3milhoes)??
ResponderExcluirMiguel, como comentei logo antes de inserir a fórmula, a matemática não era o importante.
ExcluirA fórmula que está lá dá o SOMATÓRIO da PG.... ficaria algo mais ou menos assim:
3,00 + 2,68 + 2,39 + 2,14 + 1,91 + ....
Essa soma dá exatamente 25,00
[]s!