Investidores de sucesso no mercado brasileiro

E ae, galera, tudo na paz? Hoje venho falar sobre 4 investidores brasileiros que tiveram sucesso na Bolsa de Valores brasileira.

Estava eu procurando sobre alguma coisa interessante na Expomoney que teria aqui no RJ quando me deparei com a seguinte palestra: Casos de Sucesso no Mercado de Ações.

Como o nome cita, imaginei que falariam sobre investidores que conseguiram vencer no mercado acionário, mas fui com um pé meio atrás achando que iriam citar Lírio Parisotto e etc, mas para a minha boa expectativa, não! Foram caras que eu não conhecia e não é de se ver muito o nome deles pela mídia “padrão” sobre o Mercado Financeiro. Só sei que o nome da palestra era o nome do livro e foi só eu sair que comprei o mesmo. O autor é Geraldo Soares, e recomendo a compra para qualquer investidor, seja iniciante, seja mais experiente.

O livro conta a trajetória deles no mercado e como conseguiram ter sucesso. Os 4 possuem estratégias bem diferentes, mas todos possuem alguns pontos em comum. Conversei pouco mais de uma hora com 2 deles e fiquei muito satisfeito em saber que minhas estratégias e papéis se aproximam bastante das estratégias dos mesmos.

Irei citar um resumo das estratégias de cada um. Ao final do livro, o autor também fez uma tabela resumindo suas principais estratégias e apresento alguma coisa aqui:

Ari Hilgert – entrou no mercado em 1973

Seu perfil seria um misto de investidor em valor e especulador. Totalmente agressivo. Ficou milionário com um All-in em Eletrobrás. Odeia renda fixa (no livro explica o porquê). Fica alocado 100% em ações e alguma reserva em terras. Também não é chegado em FII. Conversando com ele, disse que gosta muito de empresas que dão lucro. Gosta também de deixar em carteiras alguns papéis que já deram muito retorno, inclusive com dividendos, mas acabou vendendo buscando outras oportunidades. Mas ainda assim, deixa um pouco dos papéis lá, para não esquecer como foi positivo. É de origem humilde, vindo do interior do RS. Formado em Administração de Empresas. Livros que recomenda: “O Tao de Warren Buffet” e “O Monge e o Executivo”. Algumas diretrizes que gosta de seguir:

- Ações com P/L entre 5 e 10;
- Bons fundamentos, com potencial de crescimento;
- Quando vende uma ação, já tem outra para comprar;
- Aplica em ações, eventualmente, em opções para o curtíssimo prazo;
- Usa terras como reserva de lucro;

Samuel Emery – entrou no mercado em 1979

Podemos afirmar que possui um perfil estilo Warren Buffett. Estuda exaustivamente as ações, balanços e etc. Hoje administra carteiras na Finacap. O Fundo Finacap, entre maio de 1997 e junho de 2010 (próximo ao lançamento do livro), conseguiu obter rentabilidade de 24,65%, já deduzidos os custos administrativos e de performance! Investe 100% em ações e odeia renda fixa e imóveis. De fala mansa, super inteligente, conhece cada empresinha do Ibovespa. Eu ia citando meus papéis e ele comentando. O cara é craque! Sua origem é de classe média. Formado em Medicina. Os livros que recomenda são vários, praticamente todos sobre análise fundamentalista. Seguem seus dez mandamentos:

1 – Não girar demais a carteira;
2 – A maneira correta de acumular capital e manter o fluxo por meio de dividendos;
3 – Procurar ações baratas em relação ao patrimônio, ao lucro e ao crescimento futuro;
4 – Investir em empresas boas pagadores de dividendos para alavancar o patrimônio e renda;
5 – Focar em papéis de segunda linha, com boas perspectivas de crescimento;
6 – Não investir em IPOs. Só comprar quando as ações chegarem ao mercado;
7 – Analisar o fluxo de caixa das empresas;
8 – Verificar a governança corporativa;
9 – Ler atentamente aos balanços trimestrais;
10 – Ter disciplina, estudar sempre e trabalhar muito.

José Otávio – entrou no mercado em 1968

Este investidor é um verdadeiro gestor de risco. Ele só entra “na boa”. Não acredita em longo prazo, sua estratégia é de comprar e vender. No entanto, se baseia na análise fundamentalista para garimpar bons ativos e vender sempre com bom lucro. Diferente dos outros, aplica em qualquer tipo de mercado. E é a prova viva da ineficiência do mercado, pois gosta de oportunidades, seja onde forem. Em um momento, ele comprava papéis ao portador por 0,60, ia aos escritórios e convertia para poder vender no mercado, que era negociado a 0,85. Em 2008, entrou 100% alocado em renda fixa e todos diziam para ele comprar ações. Quando veio o crash, comprou tudo na promoção. Ele criou sua própria base de dados e critérios para investir. Utiliza em torno de 25-30 critérios na seleção das compras. Quando vai selecionar ativos por algum critério, faz o filtro de maneira diferente da maioria: ao invés de selecionar, por exemplo, os 5 melhores ativos, ele elimina de sua lista os 5 piores e parte para o próximo filtro. Gosta de seguir os conceitos de Oferta x Demanda de Paul Samuleson. Formado em Engenharia Civil, vindo de uma família de posses. Recomenda o livro “Introdução à Análise Econômica” de Paul Samuelson. Algumas de suas diretrizes:

- Ações ON, com no mínimo 5 anos de exercícios, com controlador e privadas.
- Gerenciamento de risco é forte (nota minha: gerencimento de RISCO e não apenas de volatilidade!)
- A economia é cíclica, em razão da lei de oferta e procura: por isso realiza lucros;
- Aplica em: ações, imóveis, renda fixa, qualquer negócio que ache lucrativo

Renato Rossetti – entrou no mercado em 1967

Esse é o fanfarrão pra mim. Sua tática foi montar uma rede de relacionamentos e ir pegando as dicas de bons investidores pelas beiradas. Além disso, também investe no mercado de obras de arte. Mas já veio de classe alta e desde o início ganhou muito dinheiro num esquema de cotas de reflorestamento. Achei a parte mais chata do livro, pois é muito blá blá sobre a vida do cara e pouco sobre investimentos. Recomenda livros de autoria de George Soros. Algumas de suas diretrizes:

- Compra principalmente devido ao preço baixo em relação ao valor patrimonial, sempre examinando os mercados, aliando preços convidativos a avaliações fáceis de elaborar;
- Troca de informações com analistas experientes e atualizados, e, quando possível, com estrategistas de bom nível;
- Aplica em ações, em renda fixa e em arte.

Conclusões:

A ideia do livro é mostrar que não existe apenas uma estratégia correta, mas sim várias. No entanto, retirei um texto do livro, que mostra um pouco das estratégias em comum:

“Todos utilizam principalmente a análise fundamentalista, lendo balanços, obtendo dados juntos aos departamentos de RI, participando de reuniões da Apimec e pesquisando informações sobre as empresas. Mas também recorrem à análise técnica (grafista) para definirem bons pontos de entrada e saída nos papéis.”

Particularmente conversando com o Ari e o Samuel, que foram bastante receptivos, notei que as estratégias de AF (Análise Fundamentalista) são realmente vencedoras e pretendo me manter nelas por um bom tempo. Eles também adoram empresas boas pagadoras de dividendos. E ambos foram categóricos em afirmar que caso a empresa que esteja sendo investida não apresente as expectativas, eles vendem, seja no lucro ou prejuízo e passam pra próxima.

É isso aí galera! Hoje todos são milionários, administram carteiras e vivem muito bem.

Disciplina e estudo é a chave do sucesso.

Abraços a todos!