Rico de verdade

Fala galera!

Esses dias eu estava pensando: de quanto eu precisaria para me comparar a Warren Buffett?

Não em relação ao patrimônio dele, mas em relação à segurança nos investimentos. Ele pode ver seu patrimônio derreter uns 80% sem se preocupar muito, afinal de contas, por mais longas que sejam as crises, elas sempre passam. Capitalismo é feito de ciclos, nada mais natural.

Mas o principal é que quem deve pagar as contas dele são os dividendos das empresas na qual ele é sócio e não o patrimônio. Em relação a isso, como será que devem ter se comportado? Como mostrei em uma análise outro dia, provavelmente os dividendos não devem ter mudado muito durante a crise, talvez tenham aumentado, talvez diminuído levemente.

Nesta linha de raciocínio, fiquei pensando em de quanto um investidor precisaria ter aplicado em ações para simplesmente não me preocupar com as quedas do mercado. Veja bem: não estou falando do desempenho das empresas, essas ele deve acompanhar sempre! Estou falando das oscilações de preços das ações!

Então, qual é a grande diferença desses caras para nós, pobres mortais? Bom, creio eu que, não importa quais os preços das ações que eles tenham, o fluxo de caixa gerado pelos dividendos é sempre mais do que suficiente para bancar, no mínimo, as “necessidades” dele.

Para isso, o vital é saber o custo do padrão de vida do sujeito. A maioria das pessoas faz contas para se aposentar com R$ 10.000 em valores de hoje. Partirei da seguinte premissa: vou considerar que o cara torre 80% do salário em coisas nas quais ele já está endividado e só sobre 20% para ele. Essas despesas fixas podem ser água, luz, telefone, internet, condomínio, comida, cartões de crédito, impostos, prestações de casas, carros, viagens, filhos, pensões, iPads, etc. Ou seja, é um dinheiro comprometido no qual ele não tem como cortar gastos no momento. Com os 20% que sobram ele decide se gasta mais, reaplica, enfim, faz o que quiser.

Fazendo a conta com os tais R$ 10.000, isto significa que ele precisaria ter uma renda mínima de R$ 8.000 para não ficar enrolado, recorrendo a empréstimos.

Olhando sempre o pior caso, digamos que a bolsa possa cair até 80% e, sendo extremamente pessimista, os dividendos caíssem de forma igual, ou seja, 80%.

Assim sendo, ele precisaria ter um fluxo de caixa onde 20% seriam os R$ 8.000. Isto significa, então, que 100% seriam R$ 40.000. Ou seja, pra se garantir MESMO, o cara precisaria ter um fluxo mensal de R$ 40.000.

Por essas premissas, isto significa dizer que ele gastaria R$ 8.000 em despesas e ele TORRARIA R$ 32.000/mês no que ele quisesse: mulher(es), bebidas, mais viagens, presentes, extravagâncias, etc. (não sei porque, mas lembrei do Pobretão aqui! hehehe)

Bom, para este investidor fanfarrão, adotando a premissa de dividendos médios de 10%aa, nosso amigo precisaria ter 4,8milhões aplicados em ações.

Com este dinheiro, ele teria uma renda média mensal de R$ 40.000 e numa crise terrível, seu patrimônio poderia cair para R$ 960mil, desde que os 10%aa fossem mantidos e ele receberia, neste momento, apenas o suficiente para pagar suas contas (neste exemplo, os tais R$ 8.000 mensais, ou R$ 96mil anuais).

Assim sendo, R$ 4,8milhões é o número de onde as aplicações em ações já se tornam mais do que tranquilas.

Começando do zero, isso exigiria aportes periódicos de R$ 3.000 a juros líquidos de 0,70%am durante 30 (!) anos. Complicadinho, né? Para 40 anos, o aporte já cairia para R$ 1.232, mas quem vai aproveitar vão ser seus netos!

Para chegar a esse número, em uma conta direta, a fórmula ficaria:

Onde:

P = Patrimônio necessário (em reais);
RC = renda mensal comprometida (em reais);
q = % de queda dos dividendos
div = % dos dividendos recebidos ao ano

Alguns cenários:

Situação	RC	q	div	Patrimônio	Renda Normal
A	R$ 5mil	0,8	0,1	R$ 3,00 milhões	R$ 25mil
B	R$ 5mil	0,8	0,08	R$ 3,75 milhões	R$ 25mil
C	R$ 8mil	0,8	0,1	R$ 4,80 milhões	R$ 40mil
D	R$ 8mil	0,8	0,08	R$ 6,00 milhões	R$ 40mil
E	R$ 12mil	0,8	0,1	R$ 7,20 milhões	R$ 60mil
F	R$ 3mil	0,5	0,1	R$ 720 mil	R$ 6mil

Por exemplo, se os dividendos fossem de apenas 8%aa, o necessário seria um montante de R$ 6milhões. No entanto, com esses mesmos rendimentos, mas um capital comprometido de R$ 5.000, o montante já cairia para R$ 3,75milhões.

Vocês podem utilizar a fórmula para brincar a vontade. Olhemos para situação F: caso os dividendos reduzam em “apenas” 50% e você não seja do tipo muito gastador, o montante necessário é de R$ 720mil.

O investidor estaria acostumado a esbanjar, mas em tempos de crise iria apenas segurar o cinto, visto que seu dia-a-dia “básico” estaria garantido.

Aproveitando, lembrei que há algum tempo atrás eu li na Super-interessante (se não me engano) que um cara seria considerado RICO (estilo aqueles de filme), mas rico mesmo, em qualquer lugar do mundo, se tivesse as seguintes condições:

1) Mínimo de 1milhão de dólares em aplicações.
2) Renda mensal mínima de R$ 54mil

Repetindo a mesma linha de pensamento acima, sendo que considerando que ele comprometa 90% desses R$ 54mil e com dividendos de apenas 8%aa, ele precisaria de R$ 36,45 milhões.

Em tempos normais, isso geraria R$ 243mil/mês.

Não é nenhum Warren Buffett, mas já dá pra passear junto com ele, não é verdade?

Voltando à minha motivação inicial, nota-se que com em torno R$ 5milhões já é possível levar uma vida bem tranquila no mercado de ações. Muito longe dos bilionários da Forbes, mas é aquilo: dinheiro chama dinheiro!

“Sonhar não custa nada”

Grande abraço!