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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Títulos Pré-fixados e suas variações


E ae, galera, tudo na paz? Hoje venho com um assunto relativamente simples, mas desconhecidos por muitos. Falarei sobre a variação dos títulos de renda fixa pré-fixados.
Muita gente não consegue entender porque que estes títulos variam e tudo mais. Para entender isso, você precisa conhecer primeiramente a SELIC.

A SELIC é conhecida como a “taxa de mercado”. O governo emite títulos que irão pagar uma taxa de juros equivalente à SELIC. Normalmente seus títulos pré-fixados ficam em torno disso também.
Pois bem, imaginemos o seguinte exemplo: você tem R$ 10.000 para aplicar e a taxa de mercado está em 10%, por exemplo.
Mas aí chega um “amigo” seu falando: “Ih rapaz, num compra esse título não, pega o meu aqui que tá pagando 7%”.
Se o mercado está ofertando um título que paga 10%, porque diabos você compraria o mesmo tipo de título, mas que paga apenas 7%?
É aí que entra todo o conceito de VPL, custo de oportunidade e TIR, que tanto bato a tecla aqui neste blog. Quem tem conhecimento destes conceitos, tenho certeza absoluta, não vê a mínima dificuldade em enxergar a variação dos títulos.
Mas voltemos ao exemplo acima.
Digamos que faltem 20 anos para o vencimento. Se fosse um título de renda fixa com taxa de 10% pré-fixada, ele estaria saindo por R$ 148,64 (para um valor final de R$ 1.000).
Já o título de 7% seria mais caro, afinal de contas ele rentabilizará a uma taxa menor. Assim sendo, este mesmo título estaria custando R$ 258,42 (o valor final sempre será R$ 1.000).
Se ele pode investir por 10%, então o que ele faz? Ele “pede um desconto” para comprar os de 7%!
Na verdade, cada título destes tem uma curva, como mostrado abaixo:
Clique para aumentar
Quando o governo altera a SELIC, o título pré-fixado “automaticamente” muda de curva. Reparem que em qualquer ano que seja, quanto maior a taxa, menor o valor do título. Assim, quando o governo aumenta a SELIC, o título desce para o próximo gráfico.
Vamos dar um exemplo (que pode ser acompanhado no gráfico à frente):
Ano 0: A taxa está em 10%. O investidor compra o título.
Ano 4: O governo repentinamente muda a taxa para 7%. Desta maneira, o título ganha valor, como é possível ver no gráfico.
Ano 6: Com inflação acelerada, o governo volta atrás e sobe a taxa para 10%.
Ano 9: a inflação não para de crescer e o governo resolve apertar o cerco monetário, aumentando a taxa agora para 13%. Veja que o valor dos títulos cai.
Ano 15: após muito tempo, governo resolve relaxar novamente.
Ano 16: governo relaxa novamente. Daí pra frente a taxa se mantém em 7%.
Clique para aumentar
Abaixo uma tabela com o valor dos títulos, a variação no ano e a rentabilidade anual que eles estavam obtendo: 
Ano
Valor
Rent.
Rent. Acum
0
148,64


1
163,51
10%
10%
2
179,86
10%
10%
3
197,84
10%
10%
4
338,73
71%
23%
5
362,45
7%
20%
6
263,33
-27%
10%
7
289,66
10%
10%
8
318,63
10%
10%
9
260,70
-18%
6%
10
294,59
13%
7%
11
332,88
13%
8%
12
376,16
13%
8%
13
425,06
13%
8%
14
480,32
13%
9%
15
620,92
29%
10%
16
762,90
23%
11%
17
816,30
7%
11%
18
873,44
7%
10%
19
934,58
7%
10%
20
1000,00
7%
10%
Os saltos não costumam ser tão grandes como coloquei, mas foi por um questão didática, pois fica mais fácil entender.
 Repare: ao final do 4º ano, o título deu um incrível salto de 71%! E, de fato, a rentabilidade acumulada até então pelo mesmo foi de 23%.
Vejam que, obviamente, no último ano a rentabilidade foi exatamente a contratada.
Mas o mais interessante a notar é o seguinte: em caso de ganhos muito altos como o obtido no 4º ano, talvez seja interessante se desfazer do título e buscar novas oportunidades, principalmente se não houver horizonte de novas quedas. E por quê? Porque você acabou de obter uma rentabilidade espetacular! Se continuar com o título você vai “destruir” ela ao longo do tempo. Pior: se o horizonte for de alta de juros, pode ser que a alta corroa todo o rendimento.
Notem que a alta do 6º ano fez o título voltar para um valor entre o 3º e o 4º ano. Retrocesso de 3 anos.
Bom, espero que o gráfico tenha ajudado a entender a dinâmica. Às vezes é mais fácil olhar os desenhos do que os números!
Grande abraço a todos!

25 comentários:

  1. ótimo post!
    Eu sempre pensei da seguinte forma:
    O valor do título era inversamente proporcional à Selic.. Se ela sobe, ele desce.. Se ela cai, ele aumenta..
    Mas não entendia bem o motivo..
    E confesso que não entendo muito sobre o que vc vive martelando aqui..VPL, TIR..custo de oportunidade..
    nós que não somos da área de exatas precisamos disso..números aliados a gráficos.. assim fica tudo mais didático.. rs
    bjao!

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    1. Oi, JI!

      O conceito de VPL é muito simples! A ideia é corrigir o valor do dinheiro no tempo.

      Digamos uma inflação de 5%aa. Se você juntar 10mil todo ano, em 5 anos terá 50mil, correto?

      Mas em termos de VPL, que traz o valor REAL do investimento, você terá menos, pois com o tempo, os 10mil irão valer menos. Se a inflação é de 5%aa, então os 10mil na verdade valeriam assim:

      Ano - Valor real
      1 - 10.000
      2 - 10.000/1,05^1 = 9523
      3 - 10.000/1,05^2 = 9070
      4 - 10.000/1,05^3 = 8638
      5 - 10.000/1,05^4 = 8227

      Se somar tudo, dará ~45.460.

      Ou seja, apesar de vc ter aplicado 50mil, o valor REAL (em valores de hoje) seriam equivalente a 45mil. A inflação levou embora 5mil!

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    2. Poxa, Di!
      Eu conhecia isso.. mas não sabia que levava este nome.. VPL..nada mais é do que o efeito corrosivo da inflação..!
      pq economês é tão complicado?! rs
      Dps se der, me fala um pouco do TIR e do custo de oportunidade..
      PS:
      comprei minhas primeiras ações ( primeira vez na vida!) me deu um frio na barriga! rs..até liguei pra operadora pro cara de lá me ajudar com o HB...estava meio cabrera de fazer m** hauah..
      dps vi que era fácil.. mas deu medinho..confesso! rss
      Valeu pela paciência da explicação!

      PS.2: Pra resolver esta equação 10.000/1,05^1 = 9523 (se é que isso recebe este nome, eu teria que nascer e morrer de novo! hauha)

      Bjao

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    3. Na verdade o VPL = Valor Presente Líquido.

      Mas qdo vc faz comparações vc usa alguam taxa de desconto. Utilizei a inflação pq é fácil de entender.

      TIR = taxa que zera o VPL! rsrsrsrsrs

      Custo de Oportunidade = a qto um investidor consegue aplicar sem problemas para ele.

      Pegando um exemplo; digamos que vc aplica 2 anos 10mil e ao final tem 25mil. Qual seria a TIR (Taxa Interna de Retorno).

      Primeiro, o cálculo do VPL; a equação ficaria
      -10.000/(1+i)^1 -10.000/(1+i)^2 + 25.000/(1+i)^3 = 0

      A TIR é o "i". Não existe solução analítica para essas equações. Mas o Excel resolve que é uma maravilha. Tem uma função no excel chamada TIR(). Utilizando ela nesse exemplo, daria 16%.

      Isto é equivalente a dizer que suas aplicações renderam 16%aa, na média!

      Custo de oportunidade é a quanto você consegue aplicar. Por exemplo, hoje, aplicando numa LFT vc consegue um retorno de 7,25% bruto, +/-.

      Talvez um dono de loja, como o Corey, já consiga aplicar taxas de 20% e por aí vai.

      Confuso?

      bj!

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    4. JI,

      dá uma olhada nestes dois artigos, talvez lhe ajudem:
      http://di-finance.blogspot.com.br/2012/09/calculando-o-valor-de-uma-acao-parte-2.html

      http://di-finance.blogspot.com.br/2012/10/calculando-o-valor-de-uma-acao-parte-3.html

      Qq dúvida, só perguntar!

      bj

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  2. O Jênio foi revelado, viu? O cara é um derrotado e invejoso. Ficou pobre e isolado e não suporta mais ver as pessoas fazendo a coisa certa.

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  3. Esse Post foi uma verdadeira Aula !! os gráficos ajudam mesmo !! rsrs

    Abraços !!

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  4. Dinamá,

    Vc está enganando bem muita gente. Vc me impressiona. Por sinal a poupança fechou muito mal em 2012.

    Veja : http://www.ricoporacaso.com/2013/01/poupanca-tem-o-pior-rendimento-em-45.html

    Vamos ver se em 2013 vc vence pelo menos a poupança.

    A foto com Touro ficou bem legal.

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    1. Gerente,

      comparar rentabilidades é no mesmo período de tempo, ok?

      No mesmo período que minha carteira fechou em 5,05% a Poupança fechou em 3,13%

      []s!

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    2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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    3. Gerente,

      favor explicar o que há de errado na comparação.

      []s!

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  5. Belíssimo trabalho.

    Consegui visualizar o pq dos rendimentos terminarem como o acordado.

    Abraços!
    Ganhando Muito

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    1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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    2. Belo trabalho! Eu sempre tive dúvidas em relação a esse assunto.
      Parceiro,se tiver um tempo dê uma passada no meu blog:
      http://www.paiportugapaipobre.blogspot.com.br

      Um abraço
      4P

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    3. Gerente,

      quer discutir finanças, estamos aí. Mas não vou permitir trollagem. Para isso tem os blogs do Pobretão e do Eike! rsrsrsrs

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    4. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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    5. Além de burro, tu é chato, hein?

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  6. Artigo muito bom, o gráfico está ilustrando muito bem o artigo, parabéns!!

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  7. Muito bom o artigo, parabéns. Tinha um boletim antigo do finado INI que explicava isso direitinho, de março ou maio de 2008, não lembro o mês exato. Mas ele não tinha os gráficos, o que facilita sobremaneira o entendimento do conteúdo. Se o boletim fosse desse jeito, talvez teria sido mais fácil de entender na época rs

    Enfim, apenas um comentário sobre a parte: "Mas o mais interessante a notar é o seguinte: em caso de ganhos muito altos como o obtido no 4º ano, talvez seja interessante se desfazer do título e buscar novas oportunidades, principalmente se não houver horizonte de novas quedas. "

    Apenas para complementar, se o investidor vender seus títulos e comprar outros iguais, ele comprará a mesma quantidade de títulos do que se tivesse continuado com os antigos, o que dá na mesma. Aliás, terá uma quantidade menor, pois será cobrado o IR e novo custo de transação na nova compra.

    Vale a pena fazer isso se:
    - ele vender seus títulos e, vislumbrando novas quedas nas taxas de juros, comprar títulos com vencimento mais longo;
    - ele vender seus títulos e, vislumbrando aumento nas taxas de juros, aguardar com o dinheiro na poupança e comprar novos títulos, com as novas taxas;
    - vender seus títulos para comprar outros produtos, como ações.

    Mas não gosto muito da ideia de especular com títulos. Além de ser caro* e os eventos serem muito lentos**, na minha visão os títulos devem ser o contraponto de baixo risco de uma carteira. Se for para especular, acho que tem alternativas muito melhores para isso, com mais volatividade: ações e opções.

    []'s
    Aposentando em 2038

    * - o IR na venda é uma facada e, vendendo antecipadamente toda hora, perde-se um pouco do efeito juros sobre juros;
    ** - expectativa de mudança das taxas, em regra, variam muito lentamente.

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    Respostas
    1. Olá, AP2038,

      Realmente, gráficos ajudam! Principalmente com setinhas! =P

      Qdo mencionei outras oportunidades não estava me referindo aos mesmos títulos e sim aos próprios exemplos que vc comentou. Repare que coloquei que "talvez seja interessante(...)". Tens toda razão em teu comentário.

      Só adicionaria que para uma expectativa de alta, seria interessante aplicar nos títulos pós-fixados.

      Mas a ideia do texto era mais entender o movimento dos títulos mesmo. IR é uma desgraça! rsrsrs

      []s!

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  8. A parte de "conhecer a Selic" me lembra uma amiga minha me perguntando se eu entendia de juros e tal, achei que a pergunta seria no nivel dessa sua explicação, mas ela queria apenas saber se a selic tinha casa decimal....

    Para uma pessoa assim sua explicação esta altamente complexa kkkkk
    Bjs

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