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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Calculando o Valor de uma Ação – Parte 3 – Taxa de Desconto, Custo de Oportunidade e Taxa Interna de Retorno.


Fala, galera! Hoje vou continuar com a série sobre Valuation. Ainda não é hoje que vou entrar pra valer nos cálculos com ações, mas veremos dois conceitos importantíssimos: a Taxa de Desconto e o Custo de Oportunidade.
Como mostrado na última parte da série, a taxa de desconto é aquela utilizada para trazer os fluxos de caixa futuro a valor presente.
E o custo de oportunidade? Bom, custo de oportunidade seria a taxa que você conseguiria aplicar "sem problemas".
Podemos dizer que todos os brasileiros que possuem conta em algum banco têm como Custo de Oportunidade mínimo o rendimento da Caderneta de Poupança.
Quando alguém pergunta: “Qual o custo de oportunidade do seu negócio?” o que você responde? Na verdade, ele quer saber qual a Taxa Interna de Retorno do seu negócio.
Uma aplicação que tenha rentabilidade de 10% possui Taxa Interna de Retorno de 10% ao ano. Às vezes é bem fácil calcular a rentabilidade. Às vezes não. Para calcular, podemos utilizar o Excel.
Assim sendo, cada negócio possui um custo de oportunidade. Na verdade, cada pessoa possui um custo de oportunidade. Por exemplo, um brasileiro que só conhece a Caderneta de Poupança, teria como custo de oportunidade 70% da SELIC. Já um investidor que conheça a renda fixa, já conseguiria aplicar seu dinheiro na SELIC.
Essas diferenças de custo de oportunidade fazem com que surjam os negócios de compra e venda. O preço de um apartamento, por exemplo, vai variar muito para cada pessoa que esteja comprando e seus objetivos. Com ações, é a mesma coisa.
Está meio confuso? Exemplos sempre ajudam, não é verdade? Vejamos três investidores interessados em comprar um apartamento:
1) O investidor “A” mora com os pais e pretende comprar para morar. Pensa em vender, mas só daqui a uns 15 anos, apenas para comprar outro.
2) O investidor “B” quer comprar para alugar e viver da renda dos aluguéis. Não pensa em vender este apartamento tão cedo. Talvez para comprar outro que, junto com uma grana que ele possa ter a mais, comprar um novo para melhores aluguéis. Ele irá fazer contratos que irão ajustando os aluguéis pela inflação. Pretende receber 0,6%am com o aluguel.
3) O investidor “C” quer fazer um dinheiro rápido, e acredita que virá um boom no mercado imobiliário, onde os preços irão subir rapidamente. Pensa em comprar agora para vender daqui a uns 2-3 anos.
Tomando como premissa que no longo prazo a inflação do mercado imobiliário será de 6%, mas que nos próximos 3 anos o valor dos imóveis crescerá a uma taxa de 20%, partindo do princípio que realmente haverá um boom, quanto cada investidor estaria disposto a pagar por cada apartamento?
Vamos considerar que todos estes investidores tenham como Custo de Oportunidade a Renda Fixa, que no momento está em torno de 7,5%.
Como saber então por quanto um está disposto a pagar? Simples: só realizar o método do fluxo de caixa descontado para cada uma das situações acima!
Cliquei na imagem para aumentar
Vejamos os resultados:
Investidor A: VPL negativo! Isto significa que a atitude dele comprar o apartamento ao invés de aplicar o dinheiro na renda fixa, irá perder dinheiro. Ou seja, ele deveria comprar o imóvel por R$ 38.000 a menos para poder valer à pena. Note que a TIR também foi negativa, indicando que o rendimento foi abaixo da taxa de desconto. Isto é um pouco óbvio, pois como a taxa de desconto é maior do que a valorização do imóvel (inflação) é de se esperar que o VPL seja negativo mesmo.
Investidor B: VPL positivo, indicando bom negócio. TIR e VPL positivos indicam que é um bom negócio. A diferença para o investidor A, é que ele recebeu aluguéis no meio do caminho. Foram eles que “salvaram” o investimento. Ele poderia pagar até R$ 166mil a mais pelo apartamento que ainda estaria valendo à pena.
Investidor C: acertou em cheio o timing do boom e teve uma rentabilidade muito superior a que conseguiria obter na renda fixa. Veja que ele ainda poderia pagar por mais R$ 78mil no apartamento que ainda estaria valendo à pena.
E se aplicação do investidor tivesse se valorizado a exatamente ao seu custo de oportunidade? Neste caso, o VPL seria zero. E a TIR também seria zero.
Para não perder o foco, fiz uma tabela resumindo o que quis apresentar aqui:
Investidor
A
B
C
Taxa de Desconto
7,5%
7,5%
7,5%
TIR
-1,40%
6,19%
11,63%
Custo de Oportunidade
6,0%
14,2%
20,0%
Máx. a pagar pelo Apto
R$ 162mil
R$ 366mil
R$ 278mil
Notem que quando o Custo de Oportunidade do negócio foi inferior à Taxa de Desconto, o negócio apresentou VPL negativo e, consequentemente, rentabilidade negativa, indicando prejuízo.
Vejam ainda quanto cada investidor estaria disposto a pagar por um apartamento de R$ 200mil. Poderíamos imaginar um leilão, por exemplo, com lance inicial em R$ 200mil. É mais provável que o investidor “B” fosse o comprador, visto que o vendedor aceitaria a maior proposta.
Apesar de tudo, estas taxas de desconto estão erradas! Mas por que usei errado? Porque mais pra frente falarei especificamente sobre ela. Como já comentei anteriormente, esta taxa de desconto também deve embutir um risco associado ao negócio. E é fato que o investidor “C” possuía o maior risco, visto uma atividade especulativa. Assim, sua taxa de desconto deveria ter sido superior. Da mesma maneira, não foram considerados períodos em que o apartamento do investidor “B” pudesse ficar vazio, problemas com manutenção, etc. Na mesma linha, sua taxa de desconto também deveria ser um pouco maior, mas não tanto quanto a do investidor “C”...
Creio que aqui terminamos com os conceitos básicos. No próximo artigo, entrarei nos modelos de precificação em si.

Gostou do artigo? Ficou com dúvidas? Use os comentários!
Abraços a todos!

10 comentários:

  1. Humm...

    Ótimo post.

    Esperando o próximo hehehe

    Abraços

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    Respostas
    1. Obrigado, ganhandomuito!

      No próximo post entrarei nos modelos em si!

      []s!

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  2. Olá!

    Muito interessante o post. Você tem algum livro pra recomendar sobre o assunto?

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    Respostas
    1. Fala, AP2038!

      Autores recomendados são Damodaran e McKinsey; estou lendo agora Avaliação de Empresas, do Damodaran.

      É bem legal pra ver como que os analistas precificam.

      A precificação é algo bem subjetivo. Quando falam: "o mercado precifica" é uma grande lenda, pois cada analista precifica de um jeito, eles não precificam igual... e alguns bem diferentes dos outros....

      Não à toa normalmente vemos recomendações de compra de papel em uma corretora e venda, do mesmo papel, em outra...

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    2. Muito obrigado pelas indicações.

      Pretendo começar a estudar esse assunto, só não sei quando começarei. Terminei um curso de outro assunto recentemente e resolvi colocar em dia a minha pilha de leituras agradáveis, livros de literatura que comprei pra ler e não tive tempo. Terminei com dois nas últimas duas semanas, mas ainda faltam uns 6.

      É muito complicado a vida. Quando era criança, tinha muito tempo disponível, mas a leitura não era agradável. Já hoje, com pouco tempo, a leitura é um prazer enorme, que infelizmente nem sempre dá pra acompanhar. Apesar de ter lido um bom número de livros esse ano, não li um terço do que gostaria.

      Tantos assuntos interessantes para estudar. 24 horas é pouco para um dia, e 80 anos é pouquíssimo para uma vida.

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    3. Pois é, AP2038!

      Infelizmente, vivemos numa sociedade de escravidão moderna.

      Atingir a IF é alcançar a liberdade.

      Num mundo onde de 16 horas (8 se dormem) só restam +/- 4h/dia (1+9+1) fica complicado mesmo...

      Isso por baixo... qdo eu levava 2h pra chegar no trabalho, faltava tempo do dia...

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  3. Olá Dimarcinho,

    Ótima serie, muito boa mesmo.

    Gostaria de solicitar, se for possível, as planilhas que foram feitos os cálculos, para eu dar uma estudadinha tbm. Entendo melhor quando analiso e vejo as formulas.

    Desde já agradeço.

    lecroixlancaster@hotmail.com

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    Respostas
    1. Olá, Turma 13!

      Como ainda só coloquei os conceitos básicos, não apresentei as planilhas, mas vou disponibilizar nas próximas.

      Também estou dando uma arrumada nelas, pra ficar legal pra galera que irá ler.

      Grande abraço!

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  4. A parte 4 da série calculando o preço justo das ações, eu não achei no blog. Poderia me ajudar?

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    Respostas
    1. Olá, Aloysio,

      segue o link:
      http://di-finance.blogspot.com.br/2012/10/calculando-o-valor-de-uma-acao-parte-4.html

      []s!

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