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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fluxo de Caixa, patrimônio, ativos...


Após muitas discussões pela blogosfera, volto novamente com o assunto de Rentabilidade x Fluxo de Caixa na independência financeira. Qual a importância do Patrimônio neste caminho? E os rendimentos advindos deste patrimônio? Será que buscar uma aposentadoria ao estilo “dilapidando” o patrimônio (ou seja, se desfazendo dele aos poucos) daria no mesmo do que ter um patrimônio gerando fluxo de caixa? Vamos ver estes casos.
Afinal de contas, o que é independência financeira? Podemos afirmar que quem atingiu a independência financeira não precisa mais trabalhar para se sustentar. Este indivíduo possui um fluxo de caixa anual que lhe permite pagar todas as suas obrigações e seu estilo de vida.
Vejam: mencionei no parágrafo acima alguma coisa relacionada a patrimônio? NÃO!
Já escrevi sobre o assunto há muito tempo. Hoje vou comparar investimentos que geram fluxo de caixa com outros que não o fazem. Dando um exemplo: pensão militar. A viúva pode não ter R$ 1,00 de patrimônio, no entanto, ela possui um fluxo de caixa garantido mensalmente. Podemos afirmar, com certeza, que ela já atingiu sua aposentadoria (a depender do valor da pensão, é claro).
Na outra ponta: ter vários e vários terrenos numa cidade com certeza irá garantir um patrimônio respeitável ao nosso indivíduo. Mas o fluxo de caixa gerado por eles é zero, rosca! Não há como se aposentar com eles, se não que vendendo aos poucos os mesmos.
E se eles não se valorizarem à mesma taxa na qual você está gastando? “Houston, we have a problem”.
Acho que só com esse texto acima já possível perceber os gigantes problemas de viver apenas se desfazendo de um patrimônio, mas farei contas para comprovar isso.
Feita essa introdução, irei comparar três tipos de ativos: título pré-fixado sem pagamento de cupom, título pré-fixado com pagamento de cupom e um negócio (pode ser loja/franquia) que gera uma determinada renda, em excelente ponto comercial.
Para não ficar muito covarde a comparação com franquia, vou considerar que ela renda tão pouco quanto os títulos de renda fixa.
Não vamos levar a inflação em consideração para facilitar (ou inflação=0), então considerarei um rendimento real de 4%, que é o que os títulos pré-fixados pagam hoje.
O que será que iria ocorrer no pior caso para os títulos, ou seja, uma alta constante nos juros? Vamos ver!
A ideia é de que o nosso investidor pretende ter uma renda mensal de R$ 10mil, o que dá R$ 120mil anuais. Assim sendo, ele precisaria de R$ 3milhões aplicados. Vou fazer a simulação das três situações acima para estes mesmos valores.
Notem que matematicamente a situação inicial deles é idêntica. Mas como sempre digo: matemática pura e simples pode ser muito perigosa. Há sempre que avaliar.
Simulei uma alta constante de 1%aa nos primeiros 8 anos; depois, o governo dá um refresco e eles recuam 1%aa durante os 3 anos seguintes, onde se estabilizam.
Vejam os resultados nos fluxos de caixa abaixo (clique nas figuras para aumentar):
Fluxo de Caixa utilizando o Pré-fixado apenas com Principal

Fluxo de Caixa utilizando o Pré-fixado com pagamento de cupons

Fluxo de Caixa para a Franquia

Para baixar a planilha utilizada, clique aqui.
O que aconteceu em cada situação?
Título Pré-fixado sem cupom: com a alta dos juros, os títulos foram perdendo valor. No 8º ano a situação era crítica, com o patrimônio valendo 1/3 do inicial. Mas a queda nos juros acaba salvando o investidor. Ao término do período possui em torno de R$ 950mil, ou seja, menos do que 1/3 do patrimônio inicial.
Título Pré-fixado com cupom: nosso investidor passou o tempo inteiro totalmente despreocupado. Apesar de seu título em valor de mercado estar valendo cada vez menos, nota-se que isso não fez diferença alguma, pois os cupons pagos são fixos e contratados anteriormente. Assim, ele manteria os mesmos títulos até o final do período, resgatando o valor acordado, mantendo 100% do patrimônio inicial.
Franquia: não sofre alteração em suas atividades e continua lucrando tranquilamente. Por não haver inflação, ao final do período ela estaria custando aproximadamente a mesma coisa, levando-se em consideração uma boa manutenção dos equipamentos e bom funcionamento do negócio. Assim, teria ainda 100% do patrimônio inicial.
É certo que o movimento dos juros está atrelado a toda uma situação geral na economia, mas este simples exemplo mostra o quão mais perigoso é utilizar a estratégia de se desfazer do patrimônio aos poucos confrontada com a estratégia de viver do fluxo de caixa gerado pelos ativos.
Concluindo, para a independência financeira é muito mais seguro ter ativos que geram renda do que ativos que não o fazem, onde só é possível manter o fluxo de caixa se desfazendo dos mesmos. Nesta fase, o Fluxo de Caixa é infinitamente mais importante que o Patrimônio e assegurar este fluxo é muito mais interessante do que assegurar o patrimônio.
OBS.: antes que você ache uma alta dessas não pode ocorrer, nos EUA os juros pularam de 1% para 5% em apenas 3 anos (2004 a 2007). Ou seja, o crédito ficou CINCO VEZES MAIS CARO. Achar que os juros aqui não podem voltar aos 2 dígitos... bom, nunca se sabe...

16 comentários:

  1. Esse é o assunto da vez.

    Dimarcinho....e no caso de ter um fluxo de caixa através dos dividendos? Ou seja, ter seu patrimônio em ações!!!

    No caso das ações, apesar de dar mais trabalho para acompanhar, não seria vantajoso? Pois além do investidor receber bons dividendos seu patrimônio tende a crescer ao invés de diminuir.

    Abs

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    1. Oi, Kspov!

      Fiz apenas com ativos fixos pois é direta a comparação. Para ativos da renda variável, vc pode ver o link de Aposentadoria com Dividendos.

      De fato, caso as empresas apresentem bom desempenho, é de se esperar dividendos crescentes, o que de tabela empurra o patrimônio para cima e tende a ser muito mais vantajoso.

      Raciocínio parecido para os FIIs.

      []s!

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  2. Olá dimarcinho!

    Acredito que mais mastigado que isso é impossível! Quando o boom da valorização imobiliária começou, vi muita gente batendo no peito pra dizer que o imóvel onde mora duplicou de valor em 1 ano. Bela merda! O que o cara ganha com isso?

    Não sou contra a taxa de retirada segura, mas acredito que a aplicabilidade dela é limitada e só pode ser delineada perto do fim da vida do investidor. Há tanta coisa que pode acontecer em 20, 30, 50 anos que não vejo maneira de defini-la longe da morte, rsrs! Até lá o mais seguro é buscar ativos que gerem caixa.

    Parabéns pelo post!

    Corey

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  3. Já falei 10 vezes que essa coisa de retirada do patrimônio é balela e um risco enorme além de ser psicologicamente estafante.

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    1. Fala, Pobreta!

      A questão que quis demonstrar é que não dá no mesmo desfazer do patrimônio ou viver da renda gerada pelo mesmo.

      Inclusive, na minha humilde opinião, desfazer do patrimônio não é nada interessante.

      Afinal de contas, a riqueza não está em ter um alto patrimônio líquido? Ou seja, muito mais ativos do que passivos?

      Enfim...

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  4. Concordo que o fluxo de caixa é o melhor entre todos...

    No entanto, eu acredito que este cenário que você colocou a análise é meio tendencioso..

    No caso, verificamos que a taxa de juros aumentos constantemente, mas e se ficasse no patamar normal ? E se o juros não aumentasse, e a loja diminuísse gradativamente a receita ? Ou ainda, fosse contado o dinheiro necessário para comprar novos maquinários ? E se contássemos a inflação nas três análises ?

    Acho que a resposta possivelmente seria a mesma, mas acredito que a discrepância não seria tão grande...

    O problema de você sempre corroer seu patrimônio é que você terá no tempo X um patrimônio ZERO.

    Acho que o melhor de tudo, sempre é o meio termo. No caso, ter uma empresa, um patrimônio gerador de fluxo de caixa e um patrimônio de crescimento são os que tem a melhor rentabilidade em um risco moderado.

    Uta!

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    1. Fala, Estagiário!

      Foi tendencioso propositalmente; como disse no texto, simulei o pior caso para o investidor, o qual pode ser bem real...

      Quanto aos vários "se's" q vc colocou, pensando dessa maneira, nada pode ser feito; há sempre que analisar o risco.

      E meu texto mostra justamente isso! O risco de ir se desfazendo do patrimônio é muito maior do que não o fazendo...

      []s!

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    2. Ah! A inflação seria indiferente, pois estamos comparando tudo igual! Utilizei 0 pois facilita as contas.

      []s!

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  5. Num portfólio de retirada o investidor tem de se importar com o risco da sequência do retorno e buscar métodos que preservem o patrimônio em alta, manutencao ou baixa de juros. Títulos atrelados à SELIC/CDI são interessantes nesse sentido.

    Obviamente que utilizar títulos sem cupom com prazo de 20 anos sendo que você precisará de parte desse valor já no próximo ano é uma estratégia perdedora: deve-se equilibrar o vencimento dos títulos com a data da necessidade do capital, caso contrário você estará sujeito à grande volatilidade que esses títulos possuem.

    No entanto, caso o investidor aplicasse em títulos atrelados á SELIC ou com vencimento curto (1-2) anos, mesmo sem cupom, ele teria uma excelente rentabilidade!

    No geral, achei o exemplo bem tendencioso pois pode-se muito bem montar um excelente portfolio de retirada (mas não ideal) com fluxo de caixa 0! Basta liquidez!

    Abraços,

    VR.

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    1. Fala, VR!

      Como escrevi agora pro estagiário: foi tendencioso propositalmente.

      Mas quis demonstrar que, apesar de matematicamente ser tudo igual, os riscos de todos ele são muito diferentes.

      E, assim sendo, não se pode considerar apenas essa matemática simples de valorizar 4%aa ou pagar 4%% dá no mesmo, entende?

      O exemplo numérico foi justamente para mostrar o abismo de diferença de como se comportam os títulos.

      E devido a isso, não acho interessante uma estratégia de vender ativos, pois são eles que geram renda.

      Se o segredo da riqueza é ter muitos ativos e poucos passivos, faz então sentido, após anos de acumulação começar a se desfazer dos ativos?

      No mais, concordo com o q vc disse.

      []s!

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  6. Só não entendi uma coisa:
    Pq os títulos pré-fixados que pagam cupom retornam 100% patrimonio ao investidor e os que nao pagam fazem o investidor perder dinheiro já que as taxas são pré acordadas... ambos deveriam ter o mesmo rendimento, não??( independente de pagar cupom ou nao..)
    Fiquei confusa :/
    bjs

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    1. Oi, JI!

      Bem simples: pq os q pagam cupom o investidor não precisou vender...

      Veja na tabela que o valor final do título é exatamente o valor acordado, mas como ele precisou ir se desfazendo dele, o patrimônio final ficou muito menor...

      bjs

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  7. oi dimarcinho

    No caso de investidores sou a favor de um investidor ativo que acompanhe seu patrimônio, como falei no blog do Corey, acredito que a formula ideal para investimentos seria:
    (rendimentos + fluxo de caixa - gastos mensais) > inflação
    dessa forma não há dilapidação do patrimônio, que se mantem em constante crescimento
    bjs

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    1. Oi, Ostra!

      Tb concordo contigo; qualquer patrimônio deve ser acompanhado, sejam terrenos, ações, FII's, etc.

      Essa fórmula é legal! rsrsrs

      bjs

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