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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Uma abordagem diferente para o Risco


Hoje gostaria de introduzir uma ideia de risco diferente da famosa “quanto maior o retorno, maior o risco”.

Trabalhei na área de Análise de Riscos de Processos Industriais durante três anos e meio. Lá, calculávamos o risco o tempo inteiro. Se uma esfera de GLP explodisse, quais seriam as consequências? Qual a probabilidade? Como evitar o pior? Coisas desse gênero.

A definição de risco nesta área da engenharia é bem direta:
Risco = Severidade x Frequência
Severidade = dano causado pelo evento
Frequência = frequência de ocorrência do evento
Transportando para o mundo financeiro, poderíamos dizer que a severidade seria o prejuízo que um investidor poderia ter. E a frequência é sempre possível converter em probabilidade, e, assim sendo, teríamos a probabilidade do evento ocorrer. Assim, poderíamos colocar da seguinte maneira:
Risco Financeiro = Prejuízo x Probabilidade do Prejuízo ocorrer
Na verdade, este conceito é, matematicamente falando, equivalente à parte “ruim” da equação de Esperança.
O conceito de Esperança é um conceito estatístico que dá o retorno médio de várias operações, ponderadas pela probabilidades das mesmas ocorrerem.

Por exemplo, caso você tenha uma operação com probabilidade de 30% de dar certo com retorno de 8% ou 3% se der errado, a esperança seria:
E = 8%*0,3 + (-3%)*(1-0,3) = 2,4% – 2,1% = 0,3%
Ou seja, esta operação, se repetida várias e várias vezes sob as mesmas condições, traria um retorno médio de 0,3%.
Com mais atenção, a parte do prejuízo é idêntica ao conceito de risco que introduzi acima.
Mas a equação acima só se tornaria real se a operação fosse repetida muitas vezes. Para um investidor pequeno, que não pratica tantas operações assim, ela é inútil. No entanto, o conceito de risco é útil.
Você pode alocar o seu capital e utilizar a equação para um cálculo de risco. Mas interessante é poder fazer diferentes comparações.
O que seria mais arriscado? Uma operação com probabilidade de 90% de dar errado, mas com apenas 1% de perda do patrimônio ou uma operação com 1% de dar errado e perda de 90% do patrimônio?
Em termos de risco, seria idêntico, mas provavelmente ninguém se arriscaria na 2ª operação.
Será?
Um caso interessante é o da própria venda a descoberto de opções out-the-money. Temos neste caso probabilidade baixa, prejuízo grande.
Comprar opções out-the-money a seco enfrenta a seguinte situação: prejuízo baixo, probabilidade alta.
Uma operação onde você pode ganhar 300% ou perder 100%, com 50% de probabilidade para cada lado, poderia ser interessante como custo benefício, mas você só obterá o benefício estatístico se realizasse esta mesma operação dezenas, centenas, milhares de vezes.
Só que o mundo real você, muito provavelmente, só teria a chance de realizá-la uma vez. E o risco é esse: 50% de chance de você perder tudo! Será que vale? Isso é aposta, não é investimento...
Calcular o primeiro termo da equação, prejuízo, é simples demais, afinal de contas, é o capital que está sendo colocado em risco.
Mas e a probabilidade? Este parâmetro é o mais complicado e creio que não há como calcular ele com exatidão. Mas como coloquei no artigo anterior, apenas um investidor muito bem informado sobre o negócio pode fazer uma estimativa melhor. Um investidor que conhece a fundo um negócio/empresa poderia tentar estimar uma probabilidade daquilo dar certo ou errado.
Já um investidor com pouco conhecimento vai estimar errado e vai acabar dependendo apenas da “sorte” para ajudá-lo.
Hoje fiz a introdução deste conceito diferente de risco. Ele é útil para comparações, mas não esqueçamos que a matemática pura pode ser cruel. Sempre há que avaliar.
Abraços a todos!

8 comentários:

  1. Bom artigo.

    O problema é exatamente o que você disse no último parágrafo: "Mas e a probabilidade? Este parâmetro é o mais complicado e creio que não (acho que faltou um 'há' aqui) como calcular ele com exatidão."

    Como não tem jeito de calcular ele exatamente, o que se pode fazer é olhar para o passado para estimar essa probabilidade. Claro que o ideal seria saber exatamente qual é esse valor, mas como não tem jeito...

    []'s

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    1. Fala, AP2038!

      Faltou mesmo, já corrigi!

      Mas olhar para o passado pode ser perigosíssimo... como eu disse, é necessário avaliar muito bem o negócio, seja olhando o cenário passado, seja fazendo projeções para o futuro.

      O conceito, na verdade, reside em vc se cercar dos riscos que poderiam influenciar mais no negócio. E se isso? E se aquilo?

      Baseado nisso, vc traça uma estratégia para se proteger (ou diminuir) a exposição à eles. Isto se estiver valendo à pena, é claro.

      Grande abraço!

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    2. O problema de não olhar para o passado é que é impossível não fazer isso.

      Por exemplo, falando de investimentos, você disse em algum lugar que compra empresas com lucros crescentes, um dos "mandamentos" do INI. Mas comprar empresas com lucros crescentes é olhar para o passado, pois é a única forma de ver se o lucro está crescendo! Analisar um relatório trimestral é olhar para o passado.

      Além disso, em qualquer área, a melhor forma de ESTIMAR como uma coisa vai se sair no futuro é olhando para o presente e o passado.

      O que acho que é um problema é achar que só porque algo já aconteceu uma vez ela necessariamente acontecerá de novo. É usar as informações do passado para garantir que o futuro será de determinada forma, e não para estimá-lo. Toda previsão carrega consigo uma margem de erro (e se isso? e se aquilo? e se não isso?). Sabendo dosar essas coisas, não vejo muitos problemas para usar informações passadas.

      []'s

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    3. Fala, AP2038!

      Concordo em exatamente tudo q vc disse! rsrsrsrs

      Acho me expressei mal; o q estava me referindo era justamente ao q vc escreveu neste último parágrafo.

      []s!

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  2. Excelente postagem dimarcinho.

    O conceito de esperança da estatística é muito bom, ao menos eu gosto.

    O risco que você diz nas opções é um caso bastante interessante.

    Uta!

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    1. Fala, Estagiário!

      Dá pra fazer umas contas com opções, mas não fiz para não esticar muito o texto.

      []s!

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  3. dimarcinho:

    Deixe-me ver se entendi, basicamente o risco deve estar atrelado a probabilidade dele acontecer? Se for isso eu concordo. Se o meteoro cair na terra podemos todos morrer (risco alto), mas a probabilidade disso acontecer é remota, então não precisamos nos preocupar diariamente com isso.

    Abraço!

    Corey

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    Respostas
    1. Fala, Corey!

      Vc quase entendeu! rsrsrs

      O risco é a multiplicação entre o dano causado e possibilidade dele ocorrer.

      No seu exemplo, meteoro cair na terra e todos morrermos (dano estratosférico); probabilidade ocorrer (achamos que é baixíssima).

      Mas é aí que está: a probabilidade vai compensar o risco?

      Por exemplo, qdo vc sai na rua num dia de chuva corre o risco de morrer se um raio cair em vc. Mas qual a probabilidade disso ocorrer?

      Na vida, corremos risco o tempo inteiro. Risco faz parte da vida.

      []s!

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