E ae, pessoal, tudo na paz? Hoje venho
escrever sobre um dos conceitos mais importantes em investimentos, que é o Risco.
É comum lermos por aí na Internet que
a volatilidade é o risco do ativo. Bom, isto está errado. Não totalmente, mas
está errado. Risco é algo muuuuuuuuuuuuuito mais abrangente. Volatilidade é
apenas um pedacinho dele. Irei abordar o risco hoje da forma clássica e, num
futuro, de uma maneira um pouco diferente, que creio poucos conhecerem.
O que é Risco?
Existem várias e várias e várias (já
disse que tem várias?) definições.
Uma definição razoável para o mercado
financeiro é que o Risco está atrelado à impossibilidade de prevermos os preços
futuros.
Assim, não conseguimos prever os preços futuros devido ao risco. Ativos
com baixíssimo risco, como títulos soberanos do governo, são precificados
através do Método do Fluxo de Caixa Descontado e, normalmente, possuem
baixíssimo risco de não entregar no futuro o que está sendo prometido agora.
Assim, por consequência, costumam ter volatilidade baixíssima.
Veja bem: a volatilidade baixa é consequência do baixo risco e não o contrário!
Por favor, não comentam o erro lógico de inverter as coisas!
Reparem o caso recente da Espanha.
Como o mercado começou a achar que a mesma não iria conseguir honrar seus
títulos, os juros dos mesmos começaram a disparar, aumentando a volatilidade.
O investidor não ficou com dúvidas
porque a volatilidade aumentou. Foi exatamente ao contrário! A dúvida criou a
volatilidade. Não o contrário!
Em teoria, cito alguns tipos risco
para empresas (fonte - Gitman):
Risco cambial
|
Risco da variação da taxa de
juros
|
Risco Financeiro
|
Risco de vencimento
|
Risco de Evento
|
Risco do poder de compra
|
Risco de inadimplência
|
Risco geral de uma empresa
|
Risco de liquidez
|
Risco Moral
|
Risco de mercado
|
Risco não-diversificável
|
Risco de mercado específico
|
Risco não-sistêmico
|
Risco de moeda de longo prazo
|
Risco sistêmico
|
Risco de projeto
|
Risco de política macro
|
Risco de provisão contratual
|
Risco de política micro
|
etc, etc, etc, etc
Enfim, estes são alguns dos verdadeiros riscos pelos quais uma empresa passa em seu dia-a-dia e podem afetar seus lucros futuros. A volatilidade do valor de mercado em NADA vai afetar os lucros futuros da empresa.
Enfim, estes são alguns dos verdadeiros riscos pelos quais uma empresa passa em seu dia-a-dia e podem afetar seus lucros futuros. A volatilidade do valor de mercado em NADA vai afetar os lucros futuros da empresa.
Mas se volatilidade não é o risco, o
que é volatilidade então?
Volatilidade
faz parte do risco, visto que os ativos oscilam de preços. Então, como
oscilam, não podemos prever seu preço.
E por que as ações oscilam? Bom, em
teoria, os preços de mercado refletem as expectativas futuras quanto ao retorno
dos ativos. Assim, os agentes de mercado precificam hoje o que eles acham que
vão receber no futuro.
No entanto, também sabemos que quem
realmente dá liquidez ao mercado são os traders/especuladores... e estes, bom, estes
estão pouco se importando com os retornos futuros do papel...
Então a volatilidade é uma mistura
entre os especuladores de curtíssimo prazo, que dão liquidez ao mercado e com
os agentes de médio e longo prazo, que acreditam que os ativos irão valorizar/desvalorizar
por ‘n’ motivos que sejam.
Mas como cada agente e especulador
possuem expectativas BEM diferentes, os preços estão sempre oscilando.
Mas em que se baseiam estas
expectativas? Baseiam-se todas naquele monte de risco lá de cima!
Cabe ao investidor saber avaliar quais
riscos podem afetar mais os ativos que está escolhendo e estudar em cima disso.
Imaginem um papel de alta volatilidade, como a OGX nos dias de hoje. Caso o
investidor conclua que todos aqueles riscos para a empresa sejam baixos, pouco
importaria a volatilidade, pois o risco do negócio dar errado é baixo (segundo
a conclusão do investidor...).
Um exemplo super-simples: uma
aplicação no tesouro direto possui risco cambial? Diretamente praticamente não
existe, assim sendo, poderíamos considerar que o risco cambial é bem baixo para
este tipo de aplicação.
No entanto, para uma empresa que
trabalha apenas com importação ou exportação, o risco cambial é bastante
presente e o investidor deveria ficar atento aos cenários macroeconômicos,
tentando avaliar como o câmbio afetaria as atividades da empresa. Num cenário
desses e considerando apenas o fator câmbio é de se esperar que o ativo seja
mais volátil...
Vejam que a avaliação de risco é muito
mais complicada do que pegar os retornos médios diários de um ativo e tirar seu
desvio padrão. Isto reflete uma parte do PASSADO DA EMPRESA. As expectativas vão mudando e, assim sendo,
a volatilidade também irá se modificando. Assim, utilizar modelos como beta
a partir de dados histórico de cotações só irá fazer você perder tempo, pois
seria necessário recalcular os betas todo santo dia...
Além disso, algumas volatilidades são
tão altas, de que nada adianta utilizar ela... é mais fácil apostar em jogos de
dados...
Na verdade, essa história de quanto
maior o retorno, maior o risco é um pouco distorcida. Faltou dizer que a
avaliação do risco em cima do retorno é que fará diferença. Quanto melhor
souber avaliar o risco, melhor saberá fazer a diferença.
Um bom exemplo é fazer um all-in num
papel (ou seja, investir tudo em uma única ação). A princípio, pode ser
loucura, correto? Mas caso o investidor tenha investigado a fundo todos os
tipos de risco que a empresa pode sofrer e concluir que todos eles não
apresentam possibilidades de ocorrer, então não é loucura nenhuma. Mas aí o
investidor precisa estar muito
preparado para poder fazer este tipo de análise. Ele deveria ter total
conhecimento do negócio e o mesmo se apresentar como boa oportunidade.
Numa próxima oportunidade irei
introduzir uma maneira diferente de visualizar o risco e tentarei trazer alguns
exemplos.
Concluindo: risco não é volatilidade!
Risco é algo muito mais abrangente. E também não esqueçamos que a volatilidade
que vemos é passada, ou seja, ela representa quais eram as expectativas de
mercado em relação ao futuro. Absolutamente NADA garante que o ativo irá manter
a mesma volatilidade no futuro, principalmente se este futuro for para o longo
prazo.
Abraços a todos!
Belo Artigo !! Parabéns !! Aguardo a segunda parte.
ResponderExcluirObrigado, Zé!
ExcluirÉ uma ideia "diferente"! hehe
[]s!
Cara, excelente! Muito bom!
ResponderExcluirAssino em baixo! Só acrescentaria que além dos traders/especuladores existem também os players de arbitragem, que acabam acertando distorções de um mesmo ativo negociado em diferentes praças. Como por exemplo preço das ADRs x preço dos ativos negociados na Bovespa.
Parabéns!
Abcs,
Fala, FI!
ExcluirObrigado pela visita!
Realmente, faltou citar os casos de arbitragem.
[]s!
Excelente post! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Max!
Excluir[]s!
Olá dimarcinho!
ResponderExcluirMuito bom! Vou transferir uma frase que vc usou para a minha realidade (de empreendedor): "A volatilidade do valor de mercado em NADA vai afetar os lucros futuros da empresa." - muitas vezes o valor de uma empresa do varejo é dado somente pelo faturamento atual, esquecendo-se do potencial futuro e isso pode esconder um RISCO alto (caso o faturamento caia) ou um excelente negócio (caso aumente). Achar uma loja sub-precificada através do faturamento atual pode ser um puta negócio pra quem deseja empreender.
Abraço!
Corey
Fala, Corey!
ExcluirObrigado!
Esta frase é um fato.
Um caso de baixo risco são os insiders: eles possuem informações privilegiadas e, assim sendo, sabem que o negócio vai decolar/afundar...
[]s!
Dimarcinho,
Excluirvolatilidade não é problema, pode até criar ótimas oportunidades no curto prazo. O problema de algumas pessoas que investem no mercado de ações é não pararem para determinar o risco x retorno. Muitas vezes correm riscos enormes para baixo retorno.
Quanto a alguns insiders, o maior risco é parar na cadeia, caso utilizem as informações privilegiadas para ganho próprio. Veja o caso da Mundial e da Playboy.
Bons investimentos.
Concordo em tudo contigo, G65!
ExcluirO risco dos insiders não é fincaneiro... rsrsrsrs
[]s!
Dimarcinho,
ResponderExcluirFormidável artigo. Parabéns.
Abraço!
Obrigado, Jônatas!
Excluir[]s!