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domingo, 9 de dezembro de 2012

Risco não é volatilidade!


E ae, pessoal, tudo na paz? Hoje venho escrever sobre um dos conceitos mais importantes em investimentos, que é o Risco.
É comum lermos por aí na Internet que a volatilidade é o risco do ativo. Bom, isto está errado. Não totalmente, mas está errado. Risco é algo muuuuuuuuuuuuuito mais abrangente. Volatilidade é apenas um pedacinho dele. Irei abordar o risco hoje da forma clássica e, num futuro, de uma maneira um pouco diferente, que creio poucos conhecerem.

O que é Risco?
Existem várias e várias e várias (já disse que tem várias?) definições.
Uma definição razoável para o mercado financeiro é que o Risco está atrelado à impossibilidade de prevermos os preços futuros.
Assim, não conseguimos prever os preços futuros devido ao risco. Ativos com baixíssimo risco, como títulos soberanos do governo, são precificados através do Método do Fluxo de Caixa Descontado e, normalmente, possuem baixíssimo risco de não entregar no futuro o que está sendo prometido agora. Assim, por consequência, costumam ter volatilidade baixíssima.
Veja bem: a volatilidade baixa é consequência do baixo risco e não o contrário!
Por favor, não comentam o erro lógico de inverter as coisas!
Reparem o caso recente da Espanha. Como o mercado começou a achar que a mesma não iria conseguir honrar seus títulos, os juros dos mesmos começaram a disparar, aumentando a volatilidade.
O investidor não ficou com dúvidas porque a volatilidade aumentou. Foi exatamente ao contrário! A dúvida criou a volatilidade. Não o contrário!
Em teoria, cito alguns tipos risco para empresas (fonte - Gitman):
Risco cambial
Risco da variação da taxa de juros
Risco Financeiro
Risco de vencimento
Risco de Evento
Risco do poder de compra
Risco de inadimplência
Risco geral de uma empresa
Risco de liquidez
Risco Moral
Risco de mercado
Risco não-diversificável
Risco de mercado específico
Risco não-sistêmico
Risco de moeda de longo prazo
Risco sistêmico
Risco de projeto
Risco de política macro
Risco de provisão contratual
Risco de política micro
etc, etc, etc, etc

Enfim, estes são alguns dos verdadeiros riscos pelos quais uma empresa passa em seu dia-a-dia e podem afetar seus lucros futuros. A volatilidade do valor de mercado em NADA vai afetar os lucros futuros da empresa.
Mas se volatilidade não é o risco, o que é volatilidade então?
Volatilidade faz parte do risco, visto que os ativos oscilam de preços. Então, como oscilam, não podemos prever seu preço.
E por que as ações oscilam? Bom, em teoria, os preços de mercado refletem as expectativas futuras quanto ao retorno dos ativos. Assim, os agentes de mercado precificam hoje o que eles acham que vão receber no futuro.
No entanto, também sabemos que quem realmente dá liquidez ao mercado são os traders/especuladores... e estes, bom, estes estão pouco se importando com os retornos futuros do papel...
Então a volatilidade é uma mistura entre os especuladores de curtíssimo prazo, que dão liquidez ao mercado e com os agentes de médio e longo prazo, que acreditam que os ativos irão valorizar/desvalorizar por ‘n’ motivos que sejam.
Mas como cada agente e especulador possuem expectativas BEM diferentes, os preços estão sempre oscilando.
Mas em que se baseiam estas expectativas? Baseiam-se todas naquele monte de risco lá de cima!
Cabe ao investidor saber avaliar quais riscos podem afetar mais os ativos que está escolhendo e estudar em cima disso. Imaginem um papel de alta volatilidade, como a OGX nos dias de hoje. Caso o investidor conclua que todos aqueles riscos para a empresa sejam baixos, pouco importaria a volatilidade, pois o risco do negócio dar errado é baixo (segundo a conclusão do investidor...).
Um exemplo super-simples: uma aplicação no tesouro direto possui risco cambial? Diretamente praticamente não existe, assim sendo, poderíamos considerar que o risco cambial é bem baixo para este tipo de aplicação.
No entanto, para uma empresa que trabalha apenas com importação ou exportação, o risco cambial é bastante presente e o investidor deveria ficar atento aos cenários macroeconômicos, tentando avaliar como o câmbio afetaria as atividades da empresa. Num cenário desses e considerando apenas o fator câmbio é de se esperar que o ativo seja mais volátil...
Vejam que a avaliação de risco é muito mais complicada do que pegar os retornos médios diários de um ativo e tirar seu desvio padrão. Isto reflete uma parte do PASSADO DA EMPRESA. As expectativas vão mudando e, assim sendo, a volatilidade também irá se modificando. Assim, utilizar modelos como beta a partir de dados histórico de cotações só irá fazer você perder tempo, pois seria necessário recalcular os betas todo santo dia...
Além disso, algumas volatilidades são tão altas, de que nada adianta utilizar ela... é mais fácil apostar em jogos de dados...
Na verdade, essa história de quanto maior o retorno, maior o risco é um pouco distorcida. Faltou dizer que a avaliação do risco em cima do retorno é que fará diferença. Quanto melhor souber avaliar o risco, melhor saberá fazer a diferença.
Um bom exemplo é fazer um all-in num papel (ou seja, investir tudo em uma única ação). A princípio, pode ser loucura, correto? Mas caso o investidor tenha investigado a fundo todos os tipos de risco que a empresa pode sofrer e concluir que todos eles não apresentam possibilidades de ocorrer, então não é loucura nenhuma. Mas aí o investidor precisa estar muito preparado para poder fazer este tipo de análise. Ele deveria ter total conhecimento do negócio e o mesmo se apresentar como boa oportunidade.
Numa próxima oportunidade irei introduzir uma maneira diferente de visualizar o risco e tentarei trazer alguns exemplos.
Concluindo: risco não é volatilidade! Risco é algo muito mais abrangente. E também não esqueçamos que a volatilidade que vemos é passada, ou seja, ela representa quais eram as expectativas de mercado em relação ao futuro. Absolutamente NADA garante que o ativo irá manter a mesma volatilidade no futuro, principalmente se este futuro for para o longo prazo.
Abraços a todos!

12 comentários:

  1. Belo Artigo !! Parabéns !! Aguardo a segunda parte.

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  2. Cara, excelente! Muito bom!

    Assino em baixo! Só acrescentaria que além dos traders/especuladores existem também os players de arbitragem, que acabam acertando distorções de um mesmo ativo negociado em diferentes praças. Como por exemplo preço das ADRs x preço dos ativos negociados na Bovespa.

    Parabéns!

    Abcs,

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    Respostas
    1. Fala, FI!

      Obrigado pela visita!

      Realmente, faltou citar os casos de arbitragem.

      []s!

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  3. Olá dimarcinho!

    Muito bom! Vou transferir uma frase que vc usou para a minha realidade (de empreendedor): "A volatilidade do valor de mercado em NADA vai afetar os lucros futuros da empresa." - muitas vezes o valor de uma empresa do varejo é dado somente pelo faturamento atual, esquecendo-se do potencial futuro e isso pode esconder um RISCO alto (caso o faturamento caia) ou um excelente negócio (caso aumente). Achar uma loja sub-precificada através do faturamento atual pode ser um puta negócio pra quem deseja empreender.

    Abraço!

    Corey

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    Respostas
    1. Fala, Corey!

      Obrigado!

      Esta frase é um fato.

      Um caso de baixo risco são os insiders: eles possuem informações privilegiadas e, assim sendo, sabem que o negócio vai decolar/afundar...

      []s!

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    2. Dimarcinho,

      volatilidade não é problema, pode até criar ótimas oportunidades no curto prazo. O problema de algumas pessoas que investem no mercado de ações é não pararem para determinar o risco x retorno. Muitas vezes correm riscos enormes para baixo retorno.

      Quanto a alguns insiders, o maior risco é parar na cadeia, caso utilizem as informações privilegiadas para ganho próprio. Veja o caso da Mundial e da Playboy.

      Bons investimentos.

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    3. Concordo em tudo contigo, G65!

      O risco dos insiders não é fincaneiro... rsrsrsrs

      []s!

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  4. Dimarcinho,
    Formidável artigo. Parabéns.

    Abraço!

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