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segunda-feira, 26 de março de 2012

Asset Allocation?


Outro dia estava lendo um artigo num blog que eu acompanho e achei super interessante a estratégia de Asset Allocation proposta pelo blogueiro. Em outro artigo, ele menciona novamente a mesma estratégia.

A idéia de alocar capital é essencial. Saber onde colocar o dinheiro, a hora de certa de comprar e hora certa de vender são, em suma, o que todos procuram. E para isso vemos de tudo por aí.

Sugiro ler o artigo. Caso não tenha lido, vou resumir mais ou menos:

Digamos que você seja um cara com perfil de investidor moderado. Você investe um pouco em ações e a maior parte em renda fixa.


Se suas ações sobem, você aproveita a alta e vende pra embolsar o lucro e, com o lucro, compra mais títulos de renda fixa, assegurando assim o lucro.

Caso as ações comecem a cair muito e haja um horizonte de crescimento no longo prazo, pode estar aí uma boa oportunidade para compra. Daí, você vende alguns títulos de renda fixa e com o dinheiro compra as ações.

Assim você sempre vende na alta e compra na baixa.

Muito legal, não é verdade? Com esse tipo de estratégia você não precisa ficar se preocupando com a oscilação do mercado! Só que isso é uma grande falácia!

Eu realmente achei muito boa a estratégia, quando li a primeira vez. E achei tão boa que fui pro Excel fazer umas continhas pra ver em quanto a Alocação de Capital iria conseguir bater a renda fixa. Mas aí tomei um susto: em quase todas as ocasiões a alocação perdia pra renda fixa! Ou seja, a ideia, desta maneira como apresentada, apenas PARECE ser boa, mas na verdade é bem ruim.

Se você é bom em matemática pode até já ter percebido o porquê, mas vamos por outra linha.

Mantendo a mesma estratégia, à medida que as ações sobem você vai vendendo e embolsando o lucro. Só que essa estratégia é péssima, pois se as ações estão num ritmo constante de crescimento a ideia é vender tudo no final e não agora!

É exatamente o oposto de uma estratégia recomendada por muitos, que é a de comprar ações aos poucos, todo mês.

A tática de vender enquanto a ação sobe diminui drasticamente os lucros que poderiam ser obtidos.

Fiz várias simulações. Pegando o exemplo do artigo, fiz algo assim:

Capital Inicial: R$ 10.000,00, divididos em:
Ações: R$ 2.500,00
Renda Fixa: R$ 7.500,00

Percentual máximo em ações: 25%
Percentual mínimo em ações: 20%

Rentabilidade da renda fixa: 8,6% ao ano

Período avaliado: 15 anos

Como as ações são ativos voláteis, fiz várias simulações em possíveis cenários. Com uma "volatilidade" de 20% ao ano (ou seja, ela pode ir de -20% a +20% ao final do ano), a qual é bastante razoável.

Neste tipo de cenário (sem tendência), o resultado da alocação é desastroso. Apenas numa média de 8% a alocação conseguiu vencer a renda fixa.

Bom, olhando pelo lado que o investidor sabe escolher suas empresas e irá comprar ações que cresçam ao longo do tempo, fiz volatilidade de -10% a +20%. Estatisticamente, o valor final, nessas condições, na maioria das vezes será maior que o valor inicial, pois há uma tendência clara de alta. Mas não necessariamente vencerá a renda fixa. Clique aqui para ver um desses exemplos.

Com esses valores, a alocação conseguiu vencer a renda fixa em torno de 55% das vezes. Também conseguiu vencer as ações em torno de 40%. Ambos os números são péssimos, pelo que se apresenta a estratégia. Mas, quando as ações não sobem muito, é natural que a alocação renda mais que as ações, mas não necessariamente mais que a renda fixa. Analisando desta maneira, chega-se a conclusão que em apenas 10% dos casos a alocação consegue vencer ambos!

Em resumo, se você seguir essa estratégia hoje, terá 45% de chance ter um rendimento menor do que se tivesse colocado na renda fixa. Terá 60% de chance de ter um rendimento inferior com ações e apenas 10% de chance de vencer os dois ao mesmo tempo! Ou seja, a estratégia é péssima (estou falando de um horizonte de longo prazo!)

Não satisfeito, ainda fiz outra simulação, para o caso de as ações subirem fortemente (entre -10% e +30%). Resultado do Allocation (em média):

Vencer a renda fixa: 98%
Vencer as ações: 1%
Vencer ambos: 0%

Outra análise que fiz foi em relação ao capital médio final, em cada situação. Ficou mais ou menos assim:

Volatilidade
Renda Fixa
Ações
Estratégia Proposta
-10% a +10%
R$ 34.358
R$ 10.000
R$ 23.000
-10% a +20%
R$ 34.358
R$ 40.000
R$ 35.000
-10% a +30%
R$ 34.358
R$ 165.000
R$ 49.000

Assim sendo, na média, a estratégia é ruim. O Asset Allocation, da maneira como colocada, só consegue ganhar da renda fixa quando o mercado de ações se apresenta com tendência altista e, mesmo assim, perde feio pro mercado de ações.

Esta estratégia de Asset Allocation é interessante quando você conhece o mercado e sabe avaliar as empresas, se estão valorizadas ou subvalorizadas. Neste caso, aí sim, você pode (e deve!) vender as ações quando o mercado está naquela euforia louca (o que sempre precede uma grande queda) e vender alguns títulos de renda fixa para comprar as ações na baixa.

Agora, sobre a estratégia de vender em cima de um percentual pré-estabelecido sobre o patrimônio, foi demonstrado que é péssimo, pois perde fácil para renda fixa, mesmo em mercado com tendência altista.

Cuidado com o que você lê! Estude para poder fazer avaliações. Existem muitas falácias narrativas! Eu mesmo fiquei “encantado” com a estratégia inicialmente, mas depois com as contas vi que era uma grande furada. E olha que o blog é muito bom, mas talvez o jeito que o autor tenha colocado pode estar confundindo as pessoas e essa é a minha preocupação com este artigo.

Não tem jeito. Caso você queira investir em ações, tem que estudar o mercado e as empresas. Não tem tempo, nem paciência ou simplesmente não gosta? Vá para renda fixa mesmo.

Abraços a todos!

7 comentários:

  1. dimarcinho,


    Você está literalmente fora da realidade.


    A volatilidade do mercado acionário pode gerar uma rentabilidade positiva superior a 100% no período de um ano, assim como a perdas de mais de 60% (Isso considerando o Índice Bovespa, porque se for levar em consideração ações individuais o prejuízo pode ser bem maior).


    A estratégia da alocação de ativos serve exatamente para reduzir a volatilidade da carteira de investimento, produzindo resultados mensais muitas vezes modestos, porém constantes.


    Se liga!!! Fazer simulação não significa poder inventar quaisquer valores... não é assim que funciona como ações.


    Outra coisa: você foi muito desrespeitoso em seu site.

    Breno Medeiros

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    Respostas
    1. Bruno,

      neste exato momento terminei um novo estudo e já já vou publicar aqui no blog.

      Já adianto que usei dados reais e a conclusão foi a mesma.

      Abraços!

      Excluir
  2. Dimarcinho,

    Fiz um estudo interessante que demonstra os perigos de um investimento 100% em ações.

    METODOLOGIA:
    Para a renda variável utilizei uma variação anual entre -30 e 40% (fórmula ALEATÓRIOENTRE do Excel). Utilizei um período de 30 anos e fiz o teste 16.383 (dezesseis mil trezentas e oitenta e três vezes) vezes. Com os valores dos 16.383 testes, fiz a simulação ano a ano de cada uma dessas carteiras para saber qual seria o patrimônio ao final dos 30 anos, ou seja, verificar se foram ou não vencedoras.
    Para a renda fixa utilizei um rendimento constante de 4% ao ano.

    RESULTADOS PARA A RENDA FIXA
    Para a renda fixa o resultado foi mais simples, pois o rendimento constante de 4% ao ano gerou um acúmulo de 324,33% ao final de 30 anos. Nenhuma novidade.

    RESULTADOS PARA A RENDA VARIÁVEL
    Já para a renda variável os resultados são bem interessantes, vejam as estatísticas:
    Apenas 39,25% das carteiras (6.431) superaram o retorno da renda fixa (de 4% ao ano).
    Enquanto isso, 21,57% das carteiras (3.535) tiveram rendimento menor que o valor investido.
    Por outro lado, 0,21% das carteiras (35) conseguiram rendimento superior a 5.000% (SORTUDOS!!!).
    Mas é melhor não abusar da sorte, pois 7,63% das carteiras (1.251) tiveram como retorno do investimento menos de 50% do seu patrimônio (AZARADOS!!!).
    Pior, 0,24% das carteiras (40) tiveram como retorno menos de 10% do seu patrimônio (MUITO AZARADOS!!!).

    CONCLUSÃO
    Quem sou eu para concluir ou aconselhar alguma coisa.

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  3. NOVO ESTUDO

    No primeiro estudo utilizei uma variação anual para a renda variável entre -30 e 40% para poder haver uma comparação entre as minhas informações e da de Dimarcinho.

    Entretanto, não considero esses valores uma realidade para o mercado acionário, por isso, dessa vez utilizarei uma variação entre -80 e 120%. O que parece ser até mais generoso em relação ao ganho médio das ações.

    Em relação à renda fixa continuarei utilizando 4% ao ano, pois considero um valor possível de se obter desconsiderando, inclusive, a inflação.

    Continuarei simulando um período de 30 anos e acompanhando o resultado de 16.383 carteiras. Talvez não tenha ficado claro no meu primeiro estudo, mas estou utilizando para os cálculos apenas um aporte inicial.

    RESULTADOS PARA A RENDA FIXA
    Não houve alteração metodológica para a análise da renda fixa, portanto, o resultado foi o mesmo: 324,33% no período de 30 anos.

    RESULTADOS PARA A RENDA VARIÁVEL
    Para a renda variável, mesmo eu tendo aumentado em muito o rendimento médio, verifica-se que a maioria das carteiras continua saindo derrotada. Vejamos os resultados pelas estatísticas:

    53,78% das carteiras (8.811) não superaram o retorno da renda fixa (de 4% ao ano). Observem que o retorno da renda fixa é ultraconservador.

    40,08% das carteiras (6.567) obtiveram um resultado percentual abaixo do patrimônio inicial.

    32,15% das carteiras (5.268) obtiveram um retorno de menos de 50% do patrimônio inicial.

    CONCLUSÃO
    Não deixo uma conclusão, mas uma observação.

    Foi simulado um período de 30 anos e a análise demonstrou que a maioria das carteiras não consegue bater a renda fixa. isso se deve à grande volatilidade do mercado acionário. No estudo foram simuladas 16.383 carteiras, mas na vida real talvez não tenhamos uma segunda chance.

    Breno Medeiros

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  4. TERCEIRO ESTUDO

    Até agora, considerando a metodologia adotada, os meus estudos mostraram que um investimento concentrado 100% em ações pode deixar a pessoa milionária, entretanto, a probabilidade maior é que não se consiga bater nem mesmo a renda fixa.

    Apresento este terceiro estudo para provar que caso haja um rebalanceamento anual, independentemente de como estiver a carteira, os dados melhoram e muito.

    METODOLOGIA
    Utilizando exatamente os mesmos dados das carteiras da renda variável do segundo estudo vou definir um balanceamento 50% renda fixa (rendendo 4% ao ano) e 50% renda variável (fórmula ALEATÓRIOENTRE do Excel). Dessa forma, cada carteira vai render anualmente 2% ao ano (metade da renda fixa) mais a metade do valor gerado aleatoriamente pelo Excel.

    Assim como no segundo estudo foram utilizados: variação entre -80 e 120%; um período de 30 anos; 16.383 carteiras; e apenas um aporte inicial.

    RESULTADOS
    78,17% das carteiras (12.807) superaram o retorno da renda fixa (de 4% ao ano).

    5,94% das carteiras (974) obtiveram um resultado percentual abaixo do patrimônio inicial.

    CONCLUSÃO
    Comparadas exatamente às mesmas carteiras do segundo estudo, observa-se que das carteiras alocadas 100% em ações apenas 46,21% (7.572 carteiras) conseguiram retorno superior à renda fixa, enquanto das carteiras balanceadas 78,17% (12.807 carteiras) conseguiram um retorno superior.

    Mas o dado que mais impressiona é o das carteiras que terminam os 30 anos com o percentual abaixo do patrimônio inicial: 40,08% (6.567) das carteiras alocadas 100% em ações e 5,94% (974) das carteiras balanceadas.

    A melhora no resultado para as carteiras balanceadas foi possível devido à menor volatilidade anual, que geraram retornos menores, porém, constantes.

    Mas eu não poderia deixar de falar alguma vantagem da alocação 100% em ações. O rendimento médio ao final de 30 anos dessas carteiras foi 8 vezes maior que o das carteiras balanceadas. O problema é que apenas 7,36% das carteiras conseguiram um rendimento igual ou superior à média. Aí voltamos à questão: vale à pena correr o risco de investir 100% do seu patrimônio em ações sabendo que menos da metade das carteiras vai conseguir superar a renda fixa?

    LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS DA PESQUISA
    Não pude utilizar um rebalanceamento mensal, pois os dados das variações são anuais. Por causa disso, cabe a sugestão de um estudo que leve em conta um rebalanceamento que corrija os desvios na alocação, levando em conta algum percentual e que possa ser efetivado em qualquer mês e não apenas anualmente. Talvez o resultado possa ser melhorado ainda mais.

    Breno Medeiros

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  5. Estatística Bayesiana.

    1) Qual o percentual que a Estratégia venceu a renda fixa dado que a renda variável perdeu pra renda fixa?

    2) Qual o percentual que a Estratégia venceu a renda fixa dado que a renda variável venceu a renda fixa?

    []s!

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