Com o recente início do TLD (Teste de Longa Duração) na plataforma OSX-1, a OGX sofreu bastante especulação subindo bastante no mês de janeiro e ainda em fevereiro. Mas não é para menos, afinal de contas, o segmento de exploração de petróleo é exatamente como dizem:
Bom, estando a empresa em estado
pré-operacional toda a análise fica muito difícil de ser feita, no entanto por
ser do setor de petróleo, vou me arriscar a fazer esse tipo de análise (que já
andei escrevendo algo no GuiaInvest.com.br), mas dessa vez fui mais fundo.
Antes de chegar na OGX, fiz uma
pesquisa na ANP sobre o mercado de petróleo no Brasil nos últimos anos. O
monopólio foi quebrado em 1997 e, de lá pra cá, todas as gigantes do petróleo
vieram para cá em busca do ouro negro.
Começo pelo gráfico da produção de
petróleo no Brasil:
Vejamos,
o Brasil levou 10 anos para aumentar de 1.337 kbbl/d para 2.180 kbbl/dia; ou
seja, TODAS as empresas exploradoras de petróleo JUNTAS conseguiram um aumento
de 843 kbbl/d. A OGX anuncia que pretende chegar a 1,4 milhão bbl/d. Outra coisa
interessante é que o crescimento possui um comportamento praticamente linear.
Será
que ela consegue? Vejamos, a empresa é nova, não tem know-how. Equanto as empresas de velha guarda como Shell, Chevron,
Exxon e a Petrobras, que é pioneira em exploração de águas profundas, JUNTAS mal
conseguiram atingir 60% da meta da OGX em DEZ anos!
A
maioria das pessoas não sabe que extrair o petróleo do fundo do mar têm
dificuldades que vão MUITO além da profundidade. Os problemas de logísticas são
GIGANTES e, por ser um oligopólio mundial, não existe muita estrutura. Você não
chega e compra um FPSO. Você encomenda, procura um porto no mundo onde seja
possível construí-lo, tem que enfrentar diversas barreiras ambientais, treinar
mão de obra (totalmente escassa), etc, etc, etc. Mas, continuando...
Vamos a
outros números, aqui da produção nacional atual. Vejamos parte da tabela dos
maiores produtores do país por operador:
Não vamos tomar a Petrobras como
referência, pois é uma empresa de capital misto, e que todos dizem que é mal
administrada, é do governo, etc.
Mas a Shell e a Chevron só tem a
ganhar explorando óleo aqui e exportando (que é o que eles fazem...). Não
consegui ter acesso aos dados de antes de 2001, mas considerando que o
monopólio foi quebrado em 1997, é provável que em 2001 a produção deles
estivesse engatinhando. E, sendo bastante conservador, vamos dizer que zero
(isso é projetar o crescimento deles pro máximo). Ou seja, eles conseguiram
chegar a uma média de 75mil bbl/d em DEZ ANOS! Será que a OGX consegue atingir
1milhão bbl/d em 10 anos também?
A Petrobras possui uma meta bem
agressiva também: atingir 5 milhões bbl/d até 2020. No entanto, a empresa
possui know-how e um caixa muito
maior. Mas, vamos inferir sobre a OGX, que é do se trata este artigo.
A OGX estará apenas no ramo de
Exploração e Produção, que possui alta margem de lucro líquido. Comparando com
a Petrobras apenas neste segmento, fiz as seguintes estimativas, tomando o
trimestre 2T11 como referência:
Trimestre
2T11 Petrobras
|
|
Dias
|
92
|
Produção (mil bbl/d)
|
2.050
|
Cotação (U$/barril)
|
95
|
Dólar
|
1,70
|
Cotação (R$/barril)
|
161,5
|
Receita Bruta (R$)
|
30.458.900,00
|
Lucro Líquido E&P (R$)
|
10.593.000,00
|
Margem Líquida E&P
|
34,8%
|
Vale lembrar que ela está diretamente
ligada à cotação do petróleo (que também joguei relativamente pra baixo, pois passou
de 110 dólares nesse período). Assim sendo, temos uma margem líquida de 35%
sobre a receita bruta (produção em barris por dia x cotação do barril).
Vamos supor que a OGX será super bem
administrada (!?) e conseguirá uma margem líquida de 55% sobre a receita bruta.
Além disso, façamos as seguintes
considerações:
Premissas
para OGX
|
|
Barril (U$)
|
110
|
Dólar (R$/U$)
|
1,75
|
Barril (R$)
|
192,5
|
Margem Líquida
|
0,55
|
Taxa de Desconto
|
12%
|
Perpetuidade
|
3,0%
|
Para a taxa de desconto utilizei 12%,
acima do que seria a renda fixa em torno de 10%, pois a taxa de desconto também
apresenta o risco embutido no negócio (bem alto para o setor de petróleo),
assim sendo, creio ser uma taxa adequada.
Considerei então três cenários: o
prometido pela OGX (como visto antes, quase utópico), um no qual talvez ocorra
e um cenário um pouco mais realista, da seguinte maneira:
Cenário
|
Promessa
OGX
|
Bastante
Improvável
|
Alguma
realidade
|
|
n
|
Ano
|
Produção
Diária (bbl/d)
|
||
1
|
2012
|
85
|
40
|
50
|
2
|
2013
|
250
|
90
|
80
|
3
|
2014
|
360
|
140
|
110
|
4
|
2015
|
470
|
190
|
140
|
5
|
2016
|
580
|
240
|
170
|
6
|
2017
|
690
|
290
|
200
|
7
|
2018
|
800
|
340
|
230
|
8
|
2019
|
910
|
390
|
260
|
9
|
2020
|
1000
|
440
|
290
|
Usando a minha metodologia, peguei a
receita bruta desta produção, apliquei o fator da margem líquida, dividi o
valor pelo número de ações para calcular o LPA. Com este, foi só fazer o VPL
(ou, Preço Justo, como é mais conhecido), como na tabela a seguir:
Cenário
prometido (Utópico)
|
||||||
n
|
Ano
|
Produção
Diária (bbl/d)
|
Produção
Anual (bbl)
|
Lucro
Líquido (mil)
|
LPA
|
LPA
descontado
|
1
|
2012
|
85
|
31025
|
3.284.771,88
|
1,0170
|
0,90800
|
2
|
2013
|
250
|
91250
|
9.661.093,75
|
2,9911
|
2,38445
|
3
|
2014
|
360
|
131400
|
13.911.975,00
|
4,3071
|
3,06572
|
4
|
2015
|
470
|
171550
|
18.162.856,25
|
5,6232
|
3,57363
|
5
|
2016
|
580
|
211700
|
22.413.737,50
|
6,9392
|
3,93751
|
6
|
2017
|
690
|
251850
|
26.664.618,75
|
8,2553
|
4,18239
|
7
|
2018
|
800
|
292000
|
30.915.500,00
|
9,5714
|
4,32960
|
8
|
2019
|
910
|
332150
|
35.166.381,25
|
10,8874
|
4,39725
|
9
|
2020
|
1000
|
365000
|
38.644.375,00
|
11,9642
|
4,31441
|
VPL
|
31,1
|
|||||
Perpetuidade
|
47,94
|
|||||
Preço
Justo
|
79,03
|
Não satisfeito, resolvi fazer uma
análise de sensibilidade envolvendo todas as variáveis daquela tabela de
premissas e obtive os seguintes resultados:
Promessa
OGX
|
|||||
Variável
|
-20%
|
-10%
|
0
|
+10%
|
+20%
|
Barril/Dólar/Margem
|
63,22
|
71,13
|
79,03
|
86,93
|
94,84
|
Taxa de Desconto
|
58,84
|
67,69
|
79,03
|
94,03
|
114,69
|
Perpetuidade
|
76,03
|
77,48
|
79,03
|
80,68
|
82,45
|
Bastante
Improvável
|
|||||
Variável
|
-20%
|
-10%
|
0
|
+10%
|
+20%
|
Barril/Dólar/Margem
|
27,22
|
30,62
|
34,03
|
37,43
|
40,83
|
Taxa de Desconto
|
25,21
|
29,07
|
34,03
|
40,59
|
49,64
|
Perpetuidade
|
32,71
|
33,34
|
34,03
|
34,75
|
35,53
|
Alguma
realidade
|
|||||
Variável
|
-20%
|
-10%
|
0
|
+10%
|
+20%
|
Barril/Dólar/Margem
|
18,66
|
20,99
|
23,32
|
25,65
|
27,98
|
Taxa de Desconto
|
17,45
|
20,02
|
23,32
|
27,67
|
33,67
|
Perpetuidade
|
22,45
|
22,87
|
23,32
|
23,8
|
24,31
|
Concluindo, vemos que para o cenário
prometido pelo Sr. Eike, seria um excelente negócio adquirir as ações da OGX
hoje. Seria... se não olhássemos para o histórico de produção de petróleo no
Brasil. Será que a OGX, recém criada do nada terá mais competência do que Shell
e Chevron juntas?
Num cenário mais otimista, mais ainda
longe da realidade, vemos que as ações poderiam atingir até R$ 49,64, com bom
upside em relação ao valor de hoje, mas, como dito, longe da realidade.
E em um cenário com ALGUMA realidade
(vejam que estou projetando a produção pra beeeeeeeeeeeem acima do que seria
esperado devido ao histórico das outras empresas...), no melhor cenário
teríamos uma preço justo de R$ 33,67, enquanto que no pessimista R$ 17,45, mais
ou menos a cotação de hoje (meados de fevereiro/2012) e na média de R$ 23,32.
Um baixo upside pelo estado da empresa hoje, que é pré-operacional.
Concluindo, os números falam por si
só, principalmente os dados da ANP.
OBS.: este artigo não significa
nenhuma recomendação de compra ou venda de nenhum dos ativos citados no texto e
fiz apenas por estudo. Como política de transparência, informo que não sou
acionista da OGX, Shell e Chevron, mas sou acionista da Petrobras.
cara, por acaso você conhece o Guiainvest - Rede social de investidores ??
ResponderExcluirPor que no Mural da OGX você faria sucesso em...
Olá, Vitor!
ExcluirNa época, comentei muito no GuiaInvest e fui rechaçado por muitas Eiketes.... é só buscar por lá...
[]s!