O custo de oportunidade surge das decisões que temos que
tomar no dia-a-dia. É um conceito aparentemente complicado, mas quero tentar
fazer os leitores entenderem.
Digamos que você tenha um negócio que venda refrigerantes.
Sua fábrica está lá funcionando bem e tudo mais. Daí surge uma proposta pra
criar uma nova unidade, mas pra fabricar cerveja. Se você puder optar entre o
refrigerante e a cerveja, e decidir pela cerveja, você perdeu o custo de
oportunidade de abrir uma nova unidade de refrigerantes. E isso acontece, pois
não temos capital suficiente para aplicar em todas as escolhas que gostaríamos.
Por exemplo, você sabia que os bancos fecham o caixa do dia
zerado?
“Como assim?”.
Bom, a “conta corrente” do banco não fecha nem com dinheiro
sobrando, nem devendo dinheiro. Ele, ao final do dia, zera seu caixa. E de que
forma?
O dinheiro sobrando/faltando pode ser decorrente de muitos
motivos, entre eles depósitos/saques excessivos, respectivamente.
Caso ele esteja no vermelho, ele vende (normalmente para
outro banco) alguns títulos de renda fixa, numa chamada Operação
Interfinanceira de Liquidez; se um banco vai fechar o dia no vermelho, ele é
obrigado, por lei, a vender títulos através dessas operações, não
ficando assim devendo nada pra ninguém.
Por outro lado, caso ele esteja com caixa sobrando, ele
COMPRA esses títulos. Por quê? Para que o dinheiro não fique parado! Ele já
começa a fazer o dinheiro render, naquele momento! Creio que já ouviu falar no
famoso overnight...
No dia-a-dia, o conceito é mais simples. Digamos que você
tem R$ 1.000,00 e não entende nada de investimentos, do tipo NADA. Seu dinheiro
fica parado na conta corrente. Você está tendo, então, um custo de oportunidade
de, pelo menos, 6%a.a., que é o rendimento nominal da caderneta de poupança.
Ou seja, sua decisão de não aplicar nada gerou um
custo de R$ 61,68!
“Ué, não estou entendendo. No final do ano terei os mesmos
R$ 1.000,00”
Sim, mas sem você fazer absolutamente nada, era só
transferir o dinheiro pra conta poupança, você teria no final do ano, R$
1.061,68, ou seja, deixou de ganhar R$ 61,68.
E deixar de ganhar de forma segura no mercado financeiro tem
o mesmo significado que perder!
E isto está afetando também o valor do dinheiro, devido à
inflação, que já foi discutido antes. A não ser que haja deflação, o seu
dinheiro parado está em constante desvalorização...
É claro que não podemos fazer como os bancos e a cada dia
transferir o que sobra pro fundo de renda fixa (ou retirar), pois além de dar
muito trabalho, não valeria à pena! Mas com os volumes movimentados pelo banco,
pode fazer uma boa diferença!
Quando tomamos decisões em investimentos, estamos gerando
custos de oportunidade. A partir do momento que eu, por exemplo, aplico meu
dinheiro em ações, estou perdendo o custo de oportunidade e investir na renda
fixa. Ou seja, se a renda fixa hoje está rendendo, por exemplo, 10%a.a., então
estou perdendo este custo de oportunidade.
Caso o mercado de ações, no período, me retorne uma taxa média
de 8%a.a., apesar do rendimento, eu perdi dinheiro! Sim, perdi! Pois é
exatamente este o conceito: deixar de ganhar = perder.
Sei que é difícil de engolir que se você tinha R$ 1000 e
agora tem R$ 1080 perdeu dinheiro só pelo fato de poder ter ganhado R$ 1100.
Mas, concorda comigo, se tivesse tomado a decisão correta, você teria ganhado
+R$20? Esse foi o custo de oportunidade...
Pense agora que você tem muito dinheiro, digamos, R$ 100 milhões.
Se você deixa passar 2%, por desleixo, preguiça ou desinformação estará
perdendo R$ 2.000.000,00! Perder R$ 20 pode ser aceitável, mas perder 2
milhões, não é aceitável para ninguém!
As oportunidades estão a todos os dias passando na nossa
frente. Cabe a cada um de nós enxergá-las e comparar se vale à pena trocar ou
não.
E aí, seu dinheiro ainda está parado na conta corrente? E,
já que estamos com juros altos, e a renda fixa pagando líquidos 10%a.a., o que
seu dinheiro está fazendo na Caderneta de Poupança (6%a.a.)?
Cuidado com o custo de oportunidade, principalmente no longo
prazo...
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