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terça-feira, 27 de março de 2012

Fugindo da Inflação – calculando os Juros Reais

Com certeza absoluta, uma das maiores preocupações que temos quando começamos a pensar em investimentos de longo prazo é a inflação.
Outro dia mesmo discutindo com uma amiga minha ela comentou “Mas aí esse dinheiro vai ser todo corroído pela inflação”.
Dividi este artigo em duas partes para “fugirmos” da inflação:
1 – como calcular a SUA inflação
2 – como calcular os juros reais (ou seja, já descontados da inflação)
Vamos lá!
1 – Como calcular a SUA inflação
A maioria das pessoas utiliza ou o IPCA ou o IGPM quando se trata de inflação pra fazer seus cálculos. No entanto, o correto é calcular a SUA inflação. Isso mesmo, como se fosse uma inflação pessoal. Criei uma tabelinha imaginária abaixo:
Mês
1
7
13
19
25
Var. (%)
Média
Var. pela Média
Aluguel
700
700
756
756
817
16,7
-
-
Luz
90
78
87
80
87
-3,3
84,4
-3,0
Água
35
28
32
26
32
-8,6
30,6
-4,4
Gás
30
30
31
32
31
3,3
30,8
-0,6
Compras
200
190
210
200
220
10,0
204
-7,3
Celular
80
83
81
77
86
7,5
81,4
-5,3
Total
1135
1109
1197
1171
1273
12,2
1248,2
10,0
Essa tabela representa o que seriam os gastos de uma pessoa do mês atual e a variação destes gastos a cada 6 meses, durante 2 anos.
A outra premissa é de que a o aluguel tenha sido ajustado pelo IGPM, na média de 8% ao ano (bastante razoável para os últimos anos, onde tivemos até reajuste deflacionário).
A coluna “Var. (%)” representa a variação do quanto à pessoa gastou no último mês em relação ao primeiro. Como já temos a inflação do aluguel e os gastos ficaram relativamente constantes, então fiz também a coluna de variação por média.
Conclusão, em relação ao último mês, houve inflação de 12,2% e, na média, 10% no período de 2 anos.
Qual utilizar nos cálculos de longo prazo? A média é mais indicada.
Reparem o seguinte: digamos que o tomate tenha aumentado 40% no primeiro ano. Se o mesmo produto não está dentro da sua cesta de consumo, é provável que não faça muita diferença pra você! Caso você fosse viciado em tomate, certamente seria um problema.
Bom, a conclusão aqui é que você deve acompanhar os seus gastos. Eu sei que é algo chato, mas não esqueça que é o SEU dinheiro e o SEU futuro que estão em jogo. Calcular a “inflação pessoal” é muito mais real.
2 – Como calcular os juros reais
Na verdade, este é bem fácil. Pegue a inflação média mesmo. No nosso exemplo, de 10% em 2 anos, seria então 10/2 = 5% ao ano.
Peguemos agora algum rendimento qualquer. Digamos que você tenha contratado um título pré-fixado de taxa de 13%aa. Essa taxa é chamada taxa NOMINAL, ou seja, aquela que você vai receber em dinheiro. Para achar o rendimento REAL, descontado da inflação, deve-se utilizar a seguinte relação
Juros reais = (1 + Juros Nominais) / (1+Inflação) – 1
Para o nosso exemplo:
Juros Nominais = 1 + 13% = 1 + 13/100 = 1+0,13 = 1,13
Inflação = 1 + 5% = 1 + 5/100 = 1+0,05 = 1,05
Juros Reais = 1,13/1,05 – 1 = 1,0762 – 1 = 0,0762 = 7,62%
Esses são os juros REAIS, ou seja, já descontados da inflação.
Assim, se você fizer um Planejamento Financeiro utilizando essa taxa, não precisa se preocupar com a inflação, pois ela já está embutida aí. Vejamos outra tabela:
Ano
Nominal
Real
Inflação
0
1000,00
1000,00
-
1
1130,00
1076,20
53,80
2
1276,90
1158,21
118,69
3
1442,90
1246,46
196,44
4
1630,47
1341,44
289,03
5
1842,44
1443,66
398,78
Para o caso em questão, se você tivesse uma aplicação de R$ 1.000,00 a juros nominais de 13% e reais de 7,62% (como no nosso exemplo), teríamos daqui a 5 anos R$ 1.842,44, mas com poder de compra de hoje de R$ 1.443,66. Na verdade, só coloquei o nominal para exemplo. Utilizando os juros reais você já vai corrigir para o valor de hoje e assim permitir comparações simples.
Para fechar, fiz uma tabela de comparação de juros reais de quatro aplicações:
- Caderneta de Poupança
- Renda Fixa
- Ações + Renda Fixa
- Ações
Chamei de Ações um investidor que estuda muito o mercado e conseguirá rentabilidade maior que os demais. Segue o exemplo:
Juro/Ano
Poupança
Renda Fixa
Ações + RF
Ações
Nominal
7
10
12
15
Inflação
5
5
5
5
Real
1,90
4,76
6,67
9,52
0
10.000,00
10.000,00
10.000,00
10.000,00
1
10.190,48
10.476,19
10.666,67
10.952,38
2
10.384,58
10.975,06
11.377,78
11.995,46
3
10.582,38
11.497,68
12.136,30
13.137,89
4
10.783,95
12.045,19
12.945,38
14.389,12
5
10.989,36
12.618,77
13.808,41
15.759,51
6
11.198,68
13.219,66
14.728,97
17.260,42
7
11.411,99
13.849,17
15.710,90
18.904,26
8
11.629,36
14.508,65
16.758,29
20.704,67
9
11.850,87
15.199,54
17.875,51
22.676,54
10
12.076,60
15.923,33
19.067,21
24.836,22
Ou seja, colocando R$ 10.000 hoje na Caderneta de Poupança, você teria o equivalente a, aproximadamente, R$ 12.000 daqui a 10 anos! Não parece muito vantajoso, né? Já na Renda Fixa este valor já pularia para quase R$ 16.000, enquanto que os rendimentos com ações seriam bem superiores. Tirem suas próprias conclusões sobre esta tabela.
O que importa é que agora que você já sabe calcular os JUROS REAIS e pode fazer seu Planejamento Financeiro sem precisar se preocupar com a inflação. O segredo é ir monitorando seus juros reais para ver se tudo caminha bem!

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