Outro dia mesmo discutindo com uma amiga minha ela comentou “Mas aí esse dinheiro
vai ser todo corroído pela inflação”.
Dividi este artigo em duas partes para “fugirmos” da inflação:
Dividi este artigo em duas partes para “fugirmos” da inflação:
1 – como calcular a SUA inflação
2 – como calcular os juros reais (ou seja, já
descontados da inflação)
1 – Como
calcular a SUA inflação
A maioria das pessoas utiliza ou o IPCA ou o IGPM
quando se trata de inflação pra fazer seus cálculos. No entanto, o correto é
calcular a SUA inflação. Isso mesmo, como se fosse uma inflação pessoal. Criei
uma tabelinha imaginária abaixo:
Mês
|
1
|
7
|
13
|
19
|
25
|
Var. (%)
|
Média
|
Var. pela Média
|
Aluguel
|
700
|
700
|
756
|
756
|
817
|
16,7
|
-
|
-
|
Luz
|
90
|
78
|
87
|
80
|
87
|
-3,3
|
84,4
|
-3,0
|
Água
|
35
|
28
|
32
|
26
|
32
|
-8,6
|
30,6
|
-4,4
|
Gás
|
30
|
30
|
31
|
32
|
31
|
3,3
|
30,8
|
-0,6
|
Compras
|
200
|
190
|
210
|
200
|
220
|
10,0
|
204
|
-7,3
|
Celular
|
80
|
83
|
81
|
77
|
86
|
7,5
|
81,4
|
-5,3
|
Total
|
1135
|
1109
|
1197
|
1171
|
1273
|
12,2
|
1248,2
|
10,0
|
Essa tabela representa o que seriam os gastos de uma
pessoa do mês atual e a variação destes gastos a cada 6 meses, durante 2 anos.
A outra premissa é de que a o aluguel tenha sido
ajustado pelo IGPM, na média de 8% ao ano (bastante razoável para os últimos
anos, onde tivemos até reajuste deflacionário).
A coluna “Var. (%)” representa a variação do quanto à
pessoa gastou no último mês em relação ao primeiro. Como já temos a inflação do
aluguel e os gastos ficaram relativamente constantes, então fiz também a coluna
de variação por média.
Conclusão, em relação ao último mês, houve inflação de
12,2% e, na média, 10% no período de 2 anos.
Qual utilizar nos cálculos de longo prazo? A média é
mais indicada.
Reparem o seguinte: digamos que o tomate tenha
aumentado 40% no primeiro ano. Se o mesmo produto não está dentro da sua cesta
de consumo, é provável que não faça muita diferença pra você! Caso você fosse
viciado em tomate, certamente seria um problema.
Bom, a conclusão aqui é que você deve acompanhar os
seus gastos. Eu sei que é algo chato, mas não esqueça que é o SEU dinheiro e o
SEU futuro que estão em jogo. Calcular a “inflação pessoal” é muito mais real.
2 – Como
calcular os juros reais
Na verdade, este é bem fácil. Pegue a inflação média
mesmo. No nosso exemplo, de 10% em 2 anos, seria então 10/2 = 5% ao ano.
Peguemos agora algum rendimento qualquer. Digamos que
você tenha contratado um título pré-fixado de taxa de 13%aa. Essa taxa é
chamada taxa NOMINAL, ou seja, aquela que você vai receber em dinheiro. Para
achar o rendimento REAL, descontado da inflação, deve-se utilizar a seguinte
relação
Juros reais = (1 + Juros
Nominais) / (1+Inflação) – 1
Para o nosso exemplo:
Juros Nominais = 1 + 13% = 1 + 13/100 = 1+0,13 = 1,13
Inflação = 1 + 5% = 1 + 5/100 = 1+0,05 = 1,05
Juros Reais = 1,13/1,05 – 1 = 1,0762 – 1 = 0,0762 =
7,62%
Esses são os juros REAIS, ou seja, já descontados da
inflação.
Assim, se você fizer um Planejamento Financeiro
utilizando essa taxa, não precisa se preocupar com a inflação, pois ela já está
embutida aí. Vejamos outra tabela:
Ano
|
Nominal
|
Real
|
Inflação
|
0
|
1000,00
|
1000,00
|
-
|
1
|
1130,00
|
1076,20
|
53,80
|
2
|
1276,90
|
1158,21
|
118,69
|
3
|
1442,90
|
1246,46
|
196,44
|
4
|
1630,47
|
1341,44
|
289,03
|
5
|
1842,44
|
1443,66
|
398,78
|
Para o caso em questão, se você tivesse uma aplicação
de R$ 1.000,00 a juros nominais de 13% e reais de 7,62% (como no nosso
exemplo), teríamos daqui a 5 anos R$ 1.842,44, mas com poder de compra de hoje
de R$ 1.443,66. Na verdade, só coloquei o nominal para exemplo. Utilizando os
juros reais você já vai corrigir para o valor de hoje e assim permitir
comparações simples.
Para fechar, fiz uma tabela de comparação de juros
reais de quatro aplicações:
- Caderneta de Poupança
- Renda Fixa
- Ações + Renda Fixa
- Ações
Chamei de Ações um investidor que estuda muito o
mercado e conseguirá rentabilidade maior que os demais. Segue o exemplo:
Juro/Ano
|
Poupança
|
Renda Fixa
|
Ações + RF
|
Ações
|
Nominal
|
7
|
10
|
12
|
15
|
Inflação
|
5
|
5
|
5
|
5
|
Real
|
1,90
|
4,76
|
6,67
|
9,52
|
0
|
10.000,00
|
10.000,00
|
10.000,00
|
10.000,00
|
1
|
10.190,48
|
10.476,19
|
10.666,67
|
10.952,38
|
2
|
10.384,58
|
10.975,06
|
11.377,78
|
11.995,46
|
3
|
10.582,38
|
11.497,68
|
12.136,30
|
13.137,89
|
4
|
10.783,95
|
12.045,19
|
12.945,38
|
14.389,12
|
5
|
10.989,36
|
12.618,77
|
13.808,41
|
15.759,51
|
6
|
11.198,68
|
13.219,66
|
14.728,97
|
17.260,42
|
7
|
11.411,99
|
13.849,17
|
15.710,90
|
18.904,26
|
8
|
11.629,36
|
14.508,65
|
16.758,29
|
20.704,67
|
9
|
11.850,87
|
15.199,54
|
17.875,51
|
22.676,54
|
10
|
12.076,60
|
15.923,33
|
19.067,21
|
24.836,22
|
Ou seja, colocando R$ 10.000 hoje na Caderneta de Poupança,
você teria o equivalente a, aproximadamente, R$ 12.000 daqui a 10 anos! Não
parece muito vantajoso, né? Já na Renda Fixa este valor já pularia para quase
R$ 16.000, enquanto que os rendimentos com ações seriam bem superiores. Tirem
suas próprias conclusões sobre esta tabela.
O que importa é que agora que você já sabe calcular os JUROS REAIS e pode fazer seu
Planejamento Financeiro sem precisar se preocupar com a inflação. O segredo é
ir monitorando seus juros reais para ver se tudo caminha bem!
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