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segunda-feira, 26 de março de 2012

Juros – o custo do dinheiro


Quando eu era mais novo simplesmente não entendia o porquê da existência dos juros. E durante muito tempo fiquei sem entender. Além disso, uma coisa que realmente não fazia sentido algum para mim era o fato de quem tem muito dinheiro conseguia pegar empréstimos a juros baixos e quem tinha pouco, deveria pagar juros mais altos.

Agora, cá entre nós, isso faz algum sentido? Digo, o cara que vai ter dificuldades de pagar a dívida, deveria precisar de juros mais baixos para que ficasse mais fácil dele honrar o débito.

Já o lado com mais dinheiro, tem sobrando e pra ele não faz diferença pagar um pouco mais.

Pensando por esse lado, é completamente ilógico cobrar mais juros daquele que tem mais dificuldades. Mas só no primeiro momento. Continuo achando errado, mas é uma conseqüência do sistema.

Vamos entender a idéia dos juros com um exemplo simples.

Digamos que você e seu vizinho sejam sorteados e ganharam um prêmio na loteria, vamos dizer de R$ 20milhões para cada! Uma bela quantia! Mas com uma condição: um de vocês vai receber o prêmio agora e outro só receberá daqui a 10 anos (já corrigido pela inflação!).

Bom, se não haverá diferença em termos de poder de compra agora ou daqui a 10 anos, eu lhe pergunto:

Você quer o dinheiro hoje ou daqui a 10 anos?

Bom, creio que 99,9999% das pessoas diriam hoje. E isso é óbvio. Com o dinheiro agora, você pode antecipar todos os seus desejos. Poderá resolver toda sua vida, passear, ou simplesmente aplicar e viver de renda. Enfim, você terá uma gama de possibilidades e poder fazer o que quiser com a grana. Você pode antecipar o seu consumo.

Já o vizinho que irá receber daqui a 10 anos vai ter que continuar na sua rotina normal, aguardando longos dias para se tornar milionário. Fora que nesse meio tempo ele pode adoecer, sofrer algum acidente, morrer, sei lá, qualquer desastre. Mas, mesmo que nada de errado aconteça, é inevitável que irá envelhecer, o tempo e o estilo de vida provavelmente irão mudar e com certeza algumas coisas que ele gostaria de fazer HOJE não vai poder/conseguir fazer no futuro.

Bom, o que os juros têm a ver com isso? TUDO! Não seria muito justo que o cara que receberá depois recebesse mais dinheiro pelo simples fato de ter adiado todos os seus sonhos por tanto tempo?

Vamos a outro exemplo. Se você quer comprar um carro hoje, tem o dinheiro, mas resolve, por exemplo, emprestar para um amigo seu. Ele pode comprar o carro popular zerado, juntar o dinheiro novamente e daqui a, digamos 2 anos, ele devolve o valor de um carro igual (zerado também). Mas nesse meio tempo você ficou andando de ônibus enquanto ele andou de carro.

Daí eu pergunto: você emprestaria o dinheiro nessas condições?

A não ser que seja um amigão, familiar ou algo do gênero, creio que não. Simplesmente pelo fato de não obtermos nenhuma vantagem com isso. Eu poderia estar andando de carro, mas se emprestar o dinheiro vou ficar andando de ônibus em troca de... nada!

No entanto, se o seu amigo/familiar lhe devolver um carro sedã (ao invés do popular) daí é uma decisão que você tem que tomar. Vale a pena pra você ter um popular agora ou um sedã 2 anos mais tarde? Neste caso, você terá uma vantagem (um carro melhor) pelo fato de ter aguardado tanto tempo.

Sendo assim, entendi a idéia dos juros. Na verdade, os juros são o custo do dinheiro que ainda não existe hoje. É o custo do dinheiro no tempo!

Outra coisa que surge disso é a seguinte: e se por acaso o seu amigo ficar desempregado e não conseguir juntar dinheiro pra lhe devolver o valor do tão esperado sedã? Bom, neste caso, você se deu mal, né? O máximo que, neste caso, pode ocorrer é ele vender o carro (que está usado e valendo muito menos) e lhe pagar apenas uma parte da dívida.

Sempre que há um empréstimo, há um risco, pois ninguém consegue prever o futuro. Podemos sempre projetar alguma coisa, mas nessa vida muita coisa acontece em apenas um dia. Imaginem em 2 anos.

Essa coisa chamada risco, é que causa o “paradoxo” do início deste artigo. Digamos agora que você tem o dinheiro pra emprestar. Duas pessoas estão pedindo: um diretor de uma grande empresa, que você conhece, e sabe que nunca ficou devendo nada pra ninguém. O outro é um desempregado, que está precisando do dinheiro pra quitar uma outra dívida.

Se os juros forem iguais, você simplesmente nunca emprestará o dinheiro pro desempregado. Se os retornos forem iguais (mesmos juros), é melhor emprestar pro cara que provavelmente vai pagar do que para o cara que provavelmente não vai pagar, concorda? Pois é, seja bem vindo ao sistema financeiro...

No entanto, se os juros pro desempregado forem maiores, que é o que ocorre hoje, você na verdade está embutindo o risco de não ser pago. Daí você pode tomar uma decisão: posso decidir entre ganhar menos e mais garantido ou ganhar mais, mas não tão garantido. Assim surge a famosa idéia de risco versus retorno.

“Quanto maior retorno, maior o risco”

E é por isso que aqueles que possuem muito dinheiro conseguem juros baixos e os que são maus pagadores terão de enfrentar juros altos. Vejam que tudo é uma conseqüência de antecipação do consumo. Interessante, não?

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